Um local de verdadeiro empoderamento no agridoce da vida
Numa conversa exclusiva com Thaysa Viegas, Diretora Clínica da Maria Vinagre, discutimos os avanços e diferenciais oferecidos pela instituição, que se destaca pela excelência no atendimento e inovação em saúde. Thaysa Viegas partilhou ainda insights sobre a sua trajetória e a cultura que implementou na Maria Vinagre, um espaço terapêutico atento às diferenças, aos preconceitos e às desigualdades. Saiba mais através desta entrevista inspiradora.
Como é que foi a sua jornada profissional até chegar à Clínica Maria Vinagre, e quais os momentos que considera mais marcantes? Como essa experiência moldou a sua prática clínica atual?
Para falar da minha carreira, tenho de começar por abordar o meu percurso académico, no qual tive o privilégio de estudar com grandes mestres, no Ispa e na Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar, terminando no doutoramento na Faculdade de Psicologia, da Universidade de Lisboa. Estas foram as bases para um percurso profissional, que começou na educação, passou pela investigação e culminou no sonho de criar uma clínica, tendo por base os meus valores e a minha identidade como mulher, mãe, psicoterapeuta e terapeuta familiar.
O que diferencia a Maria Vinagre de outras clínicas?
Prefiro focar-me na Maria Vinagre, concebida para caminhar no empoderamento do agridoce da vida e para ser um espaço clínico onde todos são acolhidos e têm possibilidade de receber cuidados de saúde de qualidade. Temos uma equipa multidisciplinar, da Psicologia Clínica e Educacional, à Terapia de Casal e Familiar, passando também pela Nutrição, Terapia da Fala e Necessidades Educativas Especiais. Procuramos integrar mente e corpo, olhando a pessoa na sua unicidade e desfocando do sintoma.
Temos também uma forte vertente social, com protocolos com diversas entidades, nomeadamente uma instituição de acolhimento residencial, para meninas, onde efetuamos consultas a um preço simbólico e também com a YMCA através da participação em conversas e palestras com jovens e para a população em geral. Realizamos também consultas a um preço reduzido, para a população com menor rendimento. Temos consciência dos nossos privilégios e de que a desigualdade se perpetua, também, no acesso a cuidados de saúde com qualidade e queremos combater isso, de forma ativa.
Um paciente que procura a sua clínica pela primeira vez, o que pode esperar?
Pode esperar escuta ativa, empatia, ausência de julgamento e acolhimento. Recentemente, renovámos o nosso espaço físico, precisamente no sentido de uma maior humanização. Queremos proporcionar um ambiente seguro, de cura e reconstrução. Um local de verdadeiro empoderamento.

Professora Doutora Thaysa Viegas, Diretora Clínica da Maria Vinagre, Clínica de Empoderamento no Agridoce da Vida. Doutorada em Psicologia, com especialização em Psicologia da Família e Mestre em Psicologia Educacional, é também Psicoterapeuta e Terapeuta Familiar, bem como Especialista Avançada em Sexologia, Psicoterapia e Necessidades Educativas Especiais.
Qual o impacto da sua história de vida, na cultura que implementou na Clínica Maria Vinagre?
O primeiro aspeto que quero realçar é ter sido uma criança muito amada e empoderada. Cresci a ser incentivada a acreditar que consigo ser e realizar tudo o que sonhar. Sou muito grata aos meus pais e à minha bisavó e avó maternas, os meus pilares.
Sou portuguesa, nasci no Brasil, filha de pais portugueses e tenho, com muito orgulho as duas nacionalidades: portuguesa e brasileira. Desde cedo, lido com o preconceito, relativamente ao meu nome, primeiro nos bancos de escola e, já como psicóloga, quando no primeiro contacto, perguntavam com desconfiança se era brasileira. Infelizmente, as mulheres brasileiras são alvo de forte preconceito, nomeadamente sobre o seu comportamento sexual e caráter.
Em 2000, o meu pai morreu com 46 anos. Ainda o choro, mas em paz. Aprendi sobre dor e luto.
Em 2010, adotei a minha primeira filha e em 2018 a segunda. Enfrentei o estigma das famílias formadas por via da adoção e o racismo passou a fazer parte da minha vida.
Em 2020, o meu marido morreu, depois de cinco anos a lutarmos contra uma doença oncológica. Fiquei viúva, em plena pandemia, com duas filhas, crianças, três patudos e uma clínica, com as portas fechadas, e a passar a funcionar online. Foram tempos muito desafiantes. Ainda hoje, passados quatro anos, enfrento o estigma da viuvez e da expetativa sociocultural de que devia viver em exclusivo para as minhas filhas. Sou, muitas vezes, alvo de críticas por me dedicar tanto à minha carreira. Sem o apoio da minha mãe, babysitter e amigas de sempre, nunca teria sido possível manter a clínica e fazê-la crescer.
Estes factos influenciaram, muito, a cultura da Maria Vinagre! A construção de um espaço terapêutico atento às diferenças, aos preconceitos e às desigualdades. Uma clínica que pretende permitir, através da sua política social, que todos possam ter acesso às suas consultas, nomeadamente pessoas de etnias com menor acesso aos cuidados de saúde. Uma clínica particularmente atenta aos direitos das meninas e das mulheres, ao empoderamento feminino e ao desenvolvimento de uma sexualidade saudável, fundamental na saúde mental, e ainda um enorme estigma na nossa sociedade.
Que conselho daria a jovens mulheres que aspiram a carreiras de liderança no setor da saúde?
Diria para apostarem no amor próprio e na sua educação. Para se valorizarem como mulheres, para não permitirem que as limitem, nas suas escolhas, personalidade e relações. Qualidades como resiliência, persistência, coragem, criatividade e inovação, a par da competência técnica e científica, serão fundamentais.
Quais os seus planos para o futuro da Clínica Maria Vinagre?
Planeamos contribuir para um mundo mais justo e inclusivo! Continuaremos a lutar pelo fim dos preconceitos, da etnia, à orientação sexual e identidade de género. Acredito que, em 2025, vamos continuar a crescer, sobretudo na vertente social, possibilitando a cada vez mais pessoas, cuidados de saúde integrais e de qualidade. Deixo desde já o desafio, a potenciais parceiros/mecenas que se queiram juntar a nós!
Caminhamos juntos na construção de um mundo, onde todos temos os mesmos direitos e oportunidades! Um mundo com mais saúde, que aceita os desafios da vida e o seu agridoce.