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200 anos de arte, inovação e legado

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Ao celebrar dois séculos de história, a Vista Alegre reafirma-se como um ícone da porcelana, cristal e vidro, símbolo do engenho português e da união entre tradição e modernidade. Nuno Barra, Vice-presidente da Vista Alegre – Marketing e Product Design, reflete sobre o percurso de revitalização da empresa após a integração no Grupo Visabeira, o equilíbrio entre herança e contemporaneidade, a aposta na sustentabilidade e a visão para o futuro global da marca.

A integração que salvou e reinventou uma marca histórica

Quando o Grupo Visabeira adquiriu a Vista Alegre em 2009, a empresa atravessava uma das fases mais delicadas da sua longa história. A integração no grupo marcou um ponto de viragem decisivo, possibilitando redefinir a estratégia empresarial e implementar uma visão de médio e longo prazo, sustentada por uma sólida injeção de capital.

Segundo Nuno Barra, “a entrada da Vista Alegre no universo Visabeira permitiu repensar por completo a estratégia da marca e traçar um plano de desenvolvimento sustentável, apoiado no investimento necessário à sua concretização”. O gestor relembra que, antes da aquisição, a empresa “enfrentava uma situação financeira muito difícil”, sublinhando que esta nova fase abriu “condições para projetar o futuro sem as limitações que até então existiam”.

O know-how industrial do grupo, já presente nos setores da cerâmica, do mobiliário e da distribuição, foi igualmente determinante para revitalizar a marca. Essa base industrial sólida possibilitou a modernização das unidades produtivas, a expansão internacional e, sobretudo, a recuperação do prestígio da Vista Alegre enquanto referência cultural e artística de Portugal.

 

Nuno Barra, Vice-Presidente

 

Entre o clássico e o contemporâneo: o ADN de uma marca intemporal

Modernizar sem perder a alma foi um dos maiores desafios dos últimos anos. A Vista Alegre soube reinventar-se sem abdicar da essência artística e artesanal que a define desde 1824. Nuno Barra admite que, antes dessa renovação, “existia já algum distanciamento das gerações mais novas em relação à marca”, que tinha “saído do radar dos consumidores abaixo dos 35 ou 40 anos”.

O desafio, explica, era “modernizar a empresa sem perder os clientes fiéis que a acompanham há gerações”. Para isso, tornou-se essencial reforçar a identidade da marca e deixar que essa matriz orientasse todas as criações, fossem elas de raiz clássica ou contemporânea. “Hoje, quando olhamos para um produto, sabemos instintivamente se é ou não Vista Alegre”, afirma o responsável.

Parte dessa procura por equilíbrio passa pela Residência Artística de Design Internacional, instalada em Ílhavo, onde jovens designers de todo o mundo desenvolvem projetos em diálogo com a herança da marca. “Quando chegam, muitos não têm qualquer referência sobre o que é a Vista Alegre. Damos-lhes um briefing, mas sem limitar demasiado a criatividade. Depois, a meio do processo, há sempre aquele momento em que percebemos: este produto é Vista Alegre ou não é”, explica Nuno Barra, acrescentando que essa perceção “independentemente de o produto ser clássico ou contemporâneo”, está intrinsecamente ligada à personalidade e aos valores da marca.

 

 

Da internacionalização à globalização

Desde a integração no Grupo Visabeira, a internacionalização tornou-se um pilar estratégico essencial. O mercado nacional, reconhece Nuno Barra, “é demasiado pequeno para sustentar uma marca desta dimensão”, e por isso a expansão para o exterior “não era uma opção, era uma necessidade”. O processo foi acelerado através da abertura de filiais em mercados-chave, da contratação de equipas comerciais locais e do investimento em comunicação e eventos internacionais. Esse esforço consolidou a presença da Vista Alegre em várias geografias e reforçou a imagem da marca como embaixadora de Portugal no mundo. Atualmente, a Vista Alegre vive uma nova etapa: a da globalização. “Uma coisa é internacionalizar – vender para outros países e contar com distribuidores locais –, outra é globalizar a marca”, destaca Nuno Barra. “Globalizar significa estar presente em diversos mercados com estruturas próprias e uma identidade local. Queremos que, em cidades como Nova Iorque ou Singapura, a Vista Alegre esteja verdadeiramente presente, visível, ativa e próxima do consumidor, não apenas através de um distribuidor”.

Sustentabilidade: tradição que respeita o futuro

A sustentabilidade é, hoje, uma das principais bandeiras da Vista Alegre. O compromisso vai muito além do discurso, refletindo-se na utilização de matérias-primas naturais e na meta de alcançar uma economia circular total até 2030.

Grande parte dos resíduos cerâmicos, de vidro e cristal, já é reutilizada no próprio processo produtivo ou noutras indústrias. Além disso, cerca de 25% da energia consumida nas fábricas provém de painéis solares, com o objetivo de atingir a neutralidade carbónica até 2030. A marca tem também promovido iniciativas de impacto ambiental e social, como a coleção Amazónia, que apoia projetos de reflorestação. Para Nuno Barra, “são gestos simbólicos, mas que expressam bem o papel de responsabilidade que a marca quer ter”.

 

 

Legado e futuro: peças que inspiram felicidade

Ao celebrar 200 anos, a Vista Alegre olha para o futuro com a mesma ambição que marcou o seu início: criar beleza e emoção através da arte. “Recebemos uma herança e o nosso dever é deixá-la preparada, sustentável e sólida para as próximas gerações”, afirma Nuno Barra. O gestor acredita que o legado da marca está em provar que a cerâmica portuguesa pode ser um produto de grande valor acrescentado. “Queremos desenvolver peças que façam as pessoas felizes e que tornem um jantar mais agradável, uma mesa mais bonita e que transmitam alegria a quem as recebe”.

Duzentos anos depois, a Vista Alegre continua a afirmar-se como um dos grandes símbolos do engenho português. A integração no Grupo Visabeira foi o ponto de inflexão que lhe devolveu vigor industrial e prestígio artístico, permitindo à marca consolidar-se como referência global de qualidade, inovação e sustentabilidade.

Entre a tradição e a modernidade, a Vista Alegre mantém viva a sua missão: transformar o quotidiano em arte, criar beleza que perdura e deixar, nas mãos de cada geração, o reflexo de dois séculos de excelência portuguesa.

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