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O empreendedorismo nas palavras de Marco Galinha

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No passado dia 27 de maio, o International Club of Portugal (ICPT) recebeu Marco Galinha, empresário e presidente do Grupo BEL, como orador convidado no seu habitual almoço-debate. Sob o tema “Empreendedorismo mundial: onde estávamos, onde estamos e para onde vamos?”, o encontro reuniu personalidades do mundo empresarial, académico e político, proporcionando uma reflexão aprofundada sobre os desafios e oportunidades que moldam o cenário empreendedor à escala global.

 

É conhecido como um dos empreendedores mais prolíficos e resilientes do país. Aos 46 anos, Marco Galinha é a mente por trás do Grupo Bel, um império empresarial com 89 empresas, que emprega cerca de 3.500 pessoas em Portugal. No passado dia 27 de maio, num almoço-debate organizado pelo International Club of Portugal (ICPT), partilhou com os presentes a sua história de vida e a filosofia que o norteia: fazer sempre mais, com responsabilidade e visão.

A trajetória começou no desporto, mais concretamente no ciclismo todo-o-terreno. Aos 18 anos, sonhava ser campeão mundial e chegou a treinar com os melhores. Foi nesse caminho que teve o primeiro grande despertar da sua vida. Depois de conhecer o campeão Marco Marchetti, algo se tornou claro: “Lembrei-me de uma expressão inglesa, ‘brains not brawn’ – cérebros, não músculos – uma expressão extremamente importante”.

Apesar de ter chegado à final dos campeonatos com a seleção nacional, decidiu abandonar o desporto. “Foi um ano difícil. Perdi o meu pai e tive que pagar os meus estudos sozinho. Foi um ano muito difícil para Portugal, que estava no meio de uma crise bancária e recessão”. Entrou no mundo da computação e começou a conquistar os primeiros clientes.

Desde então, os momentos de crise tornaram-se um campo fértil para o crescimento. “Essas crises repetem-se ao longo da vida, como a Covid-19”, diz. “Mas ser português é uma vantagem enorme”. No seu escritório, uma caravela de prata simboliza o espírito de conquista dos Descobrimentos – um ideal que considera fundamental para o futuro do país: “Não somos um povo qualquer e o passaporte português para mim é um dos mais importantes do mundo”.

A resiliência e o inconformismo estão no centro da sua mentalidade. “Construir o Grupo Bel foi tão difícil, mas tão difícil, mas foi possível. Só foi possível de uma maneira: nunca deixando que essas vozes negativas e pessimistas me dissuadissem”.

Com empresas em vários setores, desde a indústria até à tecnologia, Marco defende que gerir muitas empresas exige os mesmos princípios de gerir poucas: disciplina, organização, paixão e responsabilidade. “É o mesmo trabalho organizar muitas empresas como organizar algumas”.

O papel dos media e a aposta na dignidade

O compromisso com o país levou Marco Galinha a investir também na comunicação social. Primeiro com o Jornal Económico, mais tarde com a compra da Global Media, num movimento que descreve como o “maior sacrifício que fiz até hoje”.

“Assumimos aquele porta-aviões que é o Diário de Notícias que estava em dificuldades e reestruturámo-lo. Acredito no poder dos media e sempre lutamos por sua independência. Dizem que os media são o quarto poder da democracia. Eu acho que é o primeiro poder”.

Defensor da liberdade editorial e do jornalismo responsável, insiste que “precisamos de bons jornalistas e jornalismo independente, e Portugal é muito bom nesse aspeto”.

Inteligência Artificial: ameaça ou ferramenta?

Questionado sobre o impacto da Inteligência Artificial, Marco Galinha foi claro: a ameaça não está na tecnologia em si, mas na forma como é controlada. “Não acredito que a IA vá substituir os jornalistas. A IA não tem consciência nem intuição. Ela pode ajudar a libertar o tempo de um jornalista. Acho que ela nos ajuda, mas não devemos tornar-nos dependentes dela”.

Ambição com propósito

Com vendas de cerca de 700 milhões de euros e ativos avaliados em 400 milhões, Marco Galinha rejeita a imagem de que o Grupo Bel é um colosso financeiro. “Somos um grupo bastante sólido e estável, mas o que fazemos tem impacto na sociedade. Se eu puder melhorar Portugal 0,1%, então a minha missão de vida será melhor”.

No final do encontro, deixou uma mensagem clara: “Gostaria de partilhar com todos, sejam CEOs, administradores bancários, advogados ou deputados, que devem ter dignidade”. Porque para Marco Galinha, não se trata apenas de fazer crescer negócios – trata-se de fazer crescer Portugal.

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