“Promovo uma cultura de colaboração, responsabilização, inovação e excelência”

Isabel Azeredo, Country Head da ONE Portugal, revela a sua visão do que é ser líder de uma grande empresa.

Isabel Azeredo, Country Head

Como é que define a Isabel Azeredo enquanto mulher e profissional? Enquanto diretora da ONE, que cunho imprime enquanto líder na organização e em que valores assenta a sua liderança?
Entendo que não é possível dissociar a mulher Isabel Azeredo da profissional já que os meus valores e princípios de vida são comuns na família, no trabalho e nas relações socias e profissionais. Enquanto diretora e líder da ONE em Portugal, entendo que as minhas competências e valores assentam essencialmente na ética, autenticidade, na lealdade para com a equipa que lidero, e para com aquela por quem sou liderada, na minha motivação, coragem, disciplina e capacidade de mobilização.
Considero essencial saber ouvir e comunicar com objetividade e clareza. Defendo a inclusão e a diversidade de saberes e competências. Procuro a harmonia do grupo assente em valores e princípios comuns. Promovo uma cultura de colaboração, responsabilização, inovação e excelência.

A ONE nasce em 2018, depois da fusão de três das maiores empresas japonesas de logística marítima. Que balanço faz deste percurso? Que serviços disponibilizam e que rotas desenvolvem?
A ONE foi criada em 2018, quando as três companhias marítimas japonesas – NYK, K-Line e MOL – fundiram as suas operações de transporte de contentores. Orgulhamo-nos de, hoje, a ONE ser uma companhia marítima forte e confiante, em constante progresso, com o objetivo de ser uma das “melhores da classe” na Europa e em Portugal, trabalhando com os nossos clientes como parceiro de confiança.
A ONE oferece vários serviços com mais de 130 saídas semanais para cerca de 120 diferentes países na Europa, Américas, África, Ásia e Oceânia. A nossa experiência abrange o transporte de carga refrigerada, carga fracionada, mercadorias perigosas, assim como a opção de transporte terrestre. Em Portugal, a ONE opera o serviço IBESCO, transportando cargas entre Portugal e os principais portos do Norte da Europa, com ligações ao Extremo Oriente, Transatlântico e África.

Em que é que consiste a política de sustentabilidade da Ocean Network Express? Considera que é importante que as empresas se comecem a preocupar com este tema e que desenvolvam ações nesse sentido?
A Ocean Network Express leva o tema da sustentabilidade muito a sério. A nossa criação, em 2018, nasceu do desejo de prestar serviços fiáveis e eficientes ao mundo e que resistissem à volatilidade dos mercados globais e de outros fatores disruptivos. Sendo a 6º maior companhia marítima de contentores do mundo, a ONE reconhece o papel que pode desempenhar para mitigar tais impactos e promover esforços de sustentabilidade na indústria.
Embora o transporte marítimo seja um dos meios de transporte mais eficiente, a indústria continua a ter um impacto significativo no ambiente e na sociedade, os quais precisam ser geridos. Como tal, as nossas quatro áreas prioritárias são o Ambiente, a Área Social, Governação e a Excelência Operacional.

As empresas, de uma forma geral, aceleraram o seu processo de transformação digital desde o início da pandemia, mas na área da logística marítima a digitalização é bastante evidente. Como se tem adaptado a ONE a esta nova realidade?
Esforçamo-nos continuamente por melhorar o serviço que prestamos aos nossos clientes e a digitalização é fundamental para melhorar a eficiência e a qualidade do serviço que prestamos.
A ONE tem vindo a fazer progressos significativos com a sua estratégia de digitalização através do seu projeto atual de arquitetura empresarial, potenciando as nossas capacidades globais de gestão digital e de dados, bem como expandindo as nossas capacidades de IA e machine learning para evoluir para uma organização verdadeiramente digital.
Recentemente, temos melhorado e potenciado os nossos sistemas de sales e de customer service, reforçando as nossas funcionalidades de e-commerce e cotação on-line, e de informação da localização da carga. Também lançámos com sucesso o novo sistema CRM e estamos em vias de melhorar ainda mais os recursos, na linha da frente, das equipas comercial e de customer service.

A ONE assume a ambição de ser uma das melhores da classe na Europa e em Portugal. Qual a estratégia assumida em termos de futuro? A digitalização e a relação com o cliente serão vetores cruciais?
A ONE continuará a procurar melhorar o seu portfólio de serviços para atender às necessidades dos clientes, bem como melhorar a experiência global do cliente com o seu projeto de digitalização em curso. O nosso objetivo continua a ser não a maior mas a melhor companhia marítima. A nossa estratégia passa pela forte aposta na sustentabilidade.
Temos um novo Departamento de Estratégia Verde na nossa sede em Singapura, o qual está a trabalhar em vários projetos de colaboração ambiental e de design técnico para cumprir com o nosso objetivo de redução de 25% das emissões de CO2 até 2030.

A Isabel conta com 20 anos de experiência no mundo da gestão e é um modelo a seguir para as mulheres deste país. Alguma vez sentiu algum entrave por ser mulher? Quer deixar algum conselho àquelas que ambicionam ser líderes nos demais sectores da sociedade?
Sim, é verdade que a minha experiência no mundo da gestão e em cargos de liderança é já longa e iniciou-se no começo da minha carreira profissional com o lançamento da DPD (Direct Parcel Distribution) em Portugal e a sua gestão, inicialmente a nível regional e, mais tarde, a nível nacional.
Foi uma longa caminhada até chegar à posição que ocupo hoje e, nesse caminho, felizmente nunca senti qualquer entrave por ser mulher, mas reconheço existirem desigualdades e diferenciação.
Considero fundamental existirem mais mulheres no poder e em cargos de gestão, reforçada pela necessidade de adoção de novos estilos de liderança tendo em conta as mudanças necessárias, a nível das organizações e modelos económicos, decorrentes das atuais alterações ambientais, socias, políticas e económicas. De acordo com o estudo de uma grande consultora, em 2017 em Portugal, apenas 6% das mulheres ocupavam a cadeira de CEO numa empresa, o que contrapõe com o facto de a percentagem de mulheres academicamente formadas ser cada vez maior. Assim, o meu conselho àquelas que queiram ser líderes é serem persistentes, determinadas, criativas, eticamente robustas e lutadoras. Paralelamente, devem ter em conta que só se realizarão verdadeiramente como líderes se se sentirem motivadas e bem preparadas já que a liderança é um caminho solitário.

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