O outro lado de Patrícia Tenreiro

A advogada esteve à conversa com a Business Portugal onde deu a conhecer o seu lado mais empreendedor quando, após ter passado por uma experiência traumática, decidiu ajudar os motociclistas criando a APAVAM.

 

Patrícia Tenreiro, Advogada

Fundou, recentemente, a APAVAM by Patrícia Tenreiro, uma Associação Portuguesa de Apoio à Vítima de Acidente Motard. O que a inspirou a iniciar este projeto? Qual é a sua missão?
A APAVAM nasce da minha própria experiência enquanto motociclista.
A 8 de Agosto de 2021, sofri um grave acidente de mota. Nesse momento apercebi-me das inúmeras dificuldades processuais pelas quais passa uma pessoa vítima de um acidente. Aliado ao ainda existente estigma de que os motociclistas são desrespeitadores de regras, incluindo das estradais, facilmente lhes sendo colocado o rótulo de culpados e, advindo daí decisões injustas por parte das seguradoras. Assim, debati-me com o rótulo de culpada pelo acidente que ocorreu simplesmente pelo desrespeito do Código da Estrada por parte de outro condutor. Se eu que sou advogada, estava a ter muita dificuldade na resolução do meu próprio processo, imagino uma pessoa sem qualquer tipo de conhecimento sobre estes tramites que deve sentir-se absolutamente perdida e desorientada, conformando-se certamente com decisões menos corretas por não saber como reagir. Por isso, foi algo que surgiu naturalmente e de acordo com as convicções de alguém que decide abraçar uma profissão que defende a aplicação da lei, mas também de alguém que sabia que estava naquela situação justamente pelo desrespeito pela lei. Relativamente à missão da APAVAM passa por prestar apoio aos motociclistas bem como às suas famílias que passem por sinistros. Pariu do apoio jurídico, não fosse essa a minha área, mas atualmente conta já com a vertente psicológica e, igualmente, com a angariação de fundos para projetos que vão ao encontro de necessidades de pessoas por nós apoiadas.

Que valores é que a têm norteado ao longo do seu percurso e como é que consegue gerir o seu tempo entre a advocacia, a APAVAM e a vida pessoal?
Sempre me pautei por valores como a resiliência, confiança, determinação, esforço e dedicação. Acho que são a pedra basilar de qualquer profissional que pretenda alcançar o sucesso.
Embora a gestão de tempo seja sempre um tema delicado, confesso que neste campo tenho bastante sorte. A minha família e amigos são os principais impulsionadores da APAVAM.
Então conseguimos aliar o desenvolvimento da missão da Associação com momentos entre amigos e família. É um enorme privilégio ter esta vantagem, quer na gestão de tempo quer no facto de pessoas que me são tão próximas e queridas terem todo o empenho em desenvolver este projeto que, embora criado por mim, é já de todos nós.
A Patrícia Tenreiro é um exemplo no que concerne ao empreendedorismo, à liderança e consequente sucesso entre as mulheres. Considera fundamental que estas se unam na luta pela igualdade de direitos? Acha que o nosso país está num bom caminho no que a este tema diz respeito?
Estamos, sem dúvida, no bom caminho. Cada vez mais, vemos mulheres em cargos de liderança, quer no sector público quer no privado. Ainda não estamos perante uma igualdade, mas acredito que, com união e determinação, estaremos próximos de alcançar essa paridade.

A pandemia abalou praticamente todos os sectores de atividade. Sendo a Patrícia uma advogada com primazia pelo Direito Imobiliário, quais são as suas previsões para este ramo para o ano de 2022?
Em 2022, existirão novos desafios a ultrapassar, nomeadamente no que toca ao preço dos imóveis, que tem vindo a disparar principalmente nos grandes centros urbanos como Lisboa e Porto, mas também, de forma geral, em todo o território. Um outro desafio passará também pelo aumento do custo da construção. Uma vez que a última crise financeira ditou uma diminuição da capacidade instalada em termos de construção um pouco por toda a Europa, num período em que a necessidade de construção aumentou, a crise pandémica juntou-lhe um aumento nos preços das matérias-primas, impondo uma forte pressão nos preços da construção que sofreram um agravamento.
No entanto, prevejo que seja um ano positivo em que, com o previsto fim da pandemia, possa novamente progredir e dinamizar o sector imobiliário sendo este tão importante quer para a economia quer para as pessoas.

 

 

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