Nigel: uma história de singularidade no setor do pescado
Fundada a 1958 em Peniche, uma das principais cidades portuárias de Portugal, a Nigel é um dos nomes de destaque no setor de transformação, congelação e comercialização de pescado. Com uma história marcada pela capacidade de adaptação às exigências de um mercado em constante evolução, a empresa alia tradição e inovação, mantendo-se fiel ao compromisso com a qualidade e a sustentabilidade. Elsa Nicolau, CEO da empresa, partilha os principais marcos, as estratégias de expansão e a visão para o futuro.

José Nicolau (Pai) e Elsa Nicolau,CEO
Peniche é um pilar estratégico que sustenta a operação da Nigel. Segundo Elsa Nicolau, a proximidade ao mar e às lotas é um dos principais fatores que garantem o acesso ao pescado fresco, elemento essencial para a qualidade dos seus produtos. “Grande parte dos colaboradores aqui em Peniche possui conhecimento e habilidade na manipulação do peixe, fruto da tradição local, embora reconheça que as gerações mais jovens já não têm a mesma predisposição”, destaca.
Além disso, a península oferece uma vantagem única: a possibilidade de captar água do mar através de um furo para a lavagem do pescado. “Este benefício seria impossível numa localização diferente, reforçando a importância estratégica de estarmos aqui em Peniche para o sucesso da nossa atividade”, explica.
Da tradição à inovação no portefólio de produtos
Desde a sua fundação, a Nigel tem-se destacado pela capacidade dos seus produtos. Em 2010, a empresa diversificou o portefólio, introduzindo refeições prontas à base de peixe, como polvo à lagareiro, medalhões de pescada com molho de bechamel, e hambúrgueres de salmão e cavala. “Não utilizamos subprodutos ou partes menos nobres do peixe, mas ingredientes de qualidade comparável a uma refeição de restaurante”, descreve Elsa.
O desenvolvimento destes produtos conta a colaboração de instituições como o Politécnico de Leiria e com a equipa interna da Nigel, refletindo o compromisso da empresa com a inovação. “A aceitação tem sido muito positiva, tanto no mercado nacional – em cadeias como o El Corte Inglés e outros retalhistas – como internacionalmente, em países como o Brasil e o Canadá. Os consumidores valorizam a qualidade e voltam a repetir, o que nos motiva a continuar a inovar”, acrescenta a empresária.
Certificação e confiança dos clientes
Outro marco no percurso da Nigel foi a obtenção da certificação IFS com uma pontuação de 93,10%. “Como 50% das nossas vendas e grande parte da produção são direcionadas para exportação, esta certificação tornou-se imprescindível”, realça Elsa.
A certificação reforça a confiança junto dos clientes, tanto nos mercados europeus como no interno. “A nossa estratégia foca-se em atender às necessidades dos clientes, garantindo sempre um padrão consistente e cumprindo rigorosamente o que é acordado. Este compromisso tem sido essencial para fortalecer os laços com os nossos parceiros comerciais”, sublinha.
Investimento e eficiência operacional
Entre 2012 e 2015, a Nigel investiu 2,5 milhões de euros em remodelações que incluíram a construção de uma nova câmara de armazenamento e a instalação de painéis solares. Mais recentemente, entre 2020 e 2023, a empresa destinou três milhões de euros para a modernização de equipamentos, automatizando linhas de produção e embalamento. “Automatizámos grande parte dos processos, o que nos permitiu aumentar de cinco para nove linhas de embalamento. Antes, cada linha exigia entre oito e dez pessoas, atualmente necessita apenas de três a quatro. Conseguimos produzir em apenas um turno de oito horas o que anteriormente exigia múltiplos turnos”, esclarece.
Estes avanços refletem-se não apenas na eficiência, mas também na competitividade da Nigel, que exporta para 23 países. “O investimento mais recente em equipamentos reflete o nosso compromisso em continuar a melhorar e a consolidar a nossa posição no setor”, reflete.
Também a sustentabilidade é uma prioridade para a Nigel. Além do investimento em painés solares e sistemas de otimização energética, a empresa possui certificação MSC, que assegura práticas sustentáveis na cadeia de custódia do pescado. “Pretendemos criar novos produtos, utilizando os subprodutos do pescado, reduzindo o desperdício e contribuindo para a sustentabilidade. Este esforço é fundamental para o futuro da nossa atividade”, reforça Elsa.
Expansão global e feiras internacionais
A exportação é uma tradição na Nigel desde 1972, quando a empresa começou a vender para o Canadá. Atualmente, os produtos da empresa chegam a cinco continentes, incluindo mercados exigentes como França, Suíça, Inglaterra, Bélgica, Luxemburgo, Chipre, Brasil, Austrália, Canadá, USA, Hong Kong, África do Sul.
Segundo Elsa Nicolau, a participação em feiras internacionais, como a SeaFood Expo e a SIAL, desempenha um papel fundamental na estratégia da empresa. “Estes eventos permitem-nos manter contacto com clientes atuais e apresentar os nossos produtos a novos parceiros. Mais do que uma oportunidade de exposição, são uma forma de ajustar operações às necessidades específicas de cada mercado”, explica.
O futuro: inovação e adaptação
Com mais de 60 anos de história, a Nigel mantém-se focada em expandir os mercados existentes e explorar novos. “O mundo hoje é muito diferente do que era há cinco ou dez anos, com um crescimento significativo da dimensão digital. É crucial acompanhar esta evolução rápida para responder às necessidades dos clientes e criar oportunidades em novos mercados”, sublinha a CEO.
Para além da aposta na inovação e na adaptação digital, a empresária reforça a importância de continuar a fortalecer parcerias sólidas com os clientes. “Queremos crescer, corresponder às expectativas e aproveitar o potencial que o setor ainda oferece, seja através da aquicultura ou da pesca no mar”, conclui.
A Nigel, com a sua tradição, inovação e compromisso com a sustentabilidade, é um exemplo de sucesso empresarial, de resiliência e de visão no setor do pescado. A empresa continua a moldar o futuro da indústria, mantendo-se fiel às suas raízes e com os olhos postos nos destinos e oportunidades do mercado global.