Um percurso enriquecedor e um futuro desafiante

Ana Cristina Perdigão, Diretora

Desde setembro de 2021 a desempenhar funções como Diretora da Agência Nacional Erasmus+ Educação e Formação (ANE+EF), Ana Cristina Perdigão assume a liderança como um “desafio muito aliciante”. Em entrevista à Revista Business Portugal, apresenta um programa que “alarga  horizontes” e cria novas perspetivas  na formação académica, profissional e pessoal dos jovens.

Ana Cristina Perdigão é licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa e Mestre em Estudos Europeus – Dominante Jurídica pelo Instituto de Estudos Europeus da mesma instituição. Com um currículo de 30 anos ligado ao ensino, Ana Cristina perdigão apresenta um percurso relevante  para as funções que desempenha atualmente. Anteriormente Vice-Presidente do Instituto Politécnico de Lisboa (IPL), no qual assumiu a responsabilidade pelas áreas da internacionalização, académica e de qualidade e acreditação, foi também, entre 2009 e 2012, Vice-Presidente do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa (ISCAL), onde iniciou a sua vida académica e foi responsável pelas unidades curriculares de Direito da União Europeia, Direito Europeu da Concorrência e Direito Processual Civil.

Como  Vice-Presidente do IPL, foi também responsável pela definição e implementação da estratégia conducente à execução do Programa Erasmus+, incluindo  a supervisão da execução de ações de mobilidade s e ao abrigo do Erasmus Mundus Joint Masters Degree. As competências adquiridas  e o conhecimento profundo das instituições e dos seus diversos atores desenvolvido ao longo de oito anos, permitiram-lhe o “atrevimento suficiente para aceitar o convite para Diretora da Agência Nacional Erasmus+ Educação e Formação (ANE+EF)”, em setembro de 2020.

Nestas  funções, Ana Perdigão enfrenta “um leque muito  alargado de oportunidades e de realidades muitos distintas, mas muito enriquecedor  pelo contacto que  tem com os diferentes os beneficiários”.

Encara o programa  também como um “instrumento para a internacionalização das instituições de ensino e formação e, na perspetiva dos participantes  uma experiência que, segundo os testemunhos  de todos os setores, abre horizontes, muda vidas, cria novas perspetivas, a nível académico mas também profissional e  pessoal”.

O novo Erasmus+ estabeleceu como prioridades  transversais, para os próximos sete anos, a inclusão, a transição digital, a proteção ambiental e a participação democrática É importante que a implementação do Programa Erasmus+ cresça de forma sustentada, mas sem descurar estas prioridades que devem acompanhar esse crescimento

ANA CRISTINA PERDIGÃO

Erasmus + 2021-2027

No arranque das suas funções, Ana Cristina Perdigão foi desafiada com a missão de “preparar a Agência Erasmus+ para uma nova fase de construção europeia e reforço da posição de Portugal nas redes europeias de ensino e formação”, promovendo a transição para o novo Programa Erasmus+, que vai vigorar entre 2021 e 2027. Há a  preocupação fazer chegar aos mais jovens a mensagem da necessidade de  compatibilizar um período de mobilidade com os quatro valores essenciais que  transversalmente atravessam o Erasmus+ “que estão interrelacionados e se potenciam mutuamente”. O novo Erasmus+ estabeleceu como prioridades  transversais, para os próximos sete anos, a inclusão, a transição digital, a proteção ambiental e a participação democrática É importante que a implementação do Programa Erasmus+ cresça de forma sustentada, mas sem descurar estas prioridades que devem acompanhar esse crescimento. Pretende-se que estas prioridades estejam subjacentes a todas as atividades desenvolvidas no âmbito do Erasmus de modo que, para cada um dos que beneficiará do programa, além da experiência de internacionalização, seja também uma ocasião de formação nestes valores.

A participação democrática constitui uma prioridade  da União Europeia pois, apesar do programa ser um caso de sucesso, nomeadamente junto dos jovens que frequentam o ensino superior, “muitos estudantes, já com uma preparação académica muito significativa, não conhecem  a origem e objetivos do programa e a origem e objetivos da União Europeia” e, por isso, o Programa Erasmus+ 2021-2027 vem criar essa oportunidade para que todo este projeto não seja dado por adquirido..

Ao nível da sustentabilidade ambiental, pede-se aos jovens que neste novo Erasmus+ adotem comportamentos mais amigos do ambiente, como por exemplo, dar preferência a meios de transporte menos poluentes como é o caso do comboio, existindo até um pequeno acréscimo de bolsa se o estudante fizer a viagem até à instituição de destino num meio de transporte mais sustentável.

Por seu lado, a transição digital que já vinha sendo pensada para o novo programa, foi acelerada durante a pandemia que obrigou as instituições de ensino e formação a passar subitamente para o ensino on-line e agora, “urge refletir sobre a sua utilização  complementar ao ensino presencial e sobre o interesse destes meios ao serviço do Erasmus+. Ao nível das mobilidades, por exemplo, vai ser possível usufruir de uma experiência “híbrida”, ou seja, poderá haver um período  presencial obrigatório, mas poderá ser possível fazer um trabalho de preparação à distância, “compatibilizando as circunstâncias de cada estudante”, pois o programa pretendechegar a mais pessoas, mas sobretudo a pessoas com menos oportunidades por via do seu contexto socio económico ou circunstâncias pessoaiso que cruza com a prioridade fundamental de inclusão.

As parcerias para cooperação e os projetos que as instituições da União Europeia apresentarem em conjunto terão de ser avaliados valorizando o foco nessas prioridades transversais.

Um programa que abre horizontes

A Agência Nacional Erasmus+ Educação e Formação (ANE+EF) tem como missão a gestão do Programa Erasmus+, em Portugal, nas áreas da Educação e Formação que englobam o Ensino Escolar, o Ensino e Formação Profissional, o Ensino Superior e a Educação de Adultos. Embora a mobilidade de estudantes do ensino superior seja a mais conhecida do público em geral, o programa Erasmus+ tem uma ampla implantação também nos outros setores e vai muito além da mobilidade, financiando projetos de parceria internacionais que têm contribuído para o desenvolvimento das nossas instituições.

O Erasmus, é um programa que pretende “abrir mentes e alargar horizontes”, começando nos níveis mais básicos da educação. Na opinião de Ana Cristina Perdigão, as instituições devem ser incentivadas  a utilizar este  muitor elevante instrumento  de formação dos  jovens estudantes e aprendentes, tratando-se simultaneamente  de uma “grande oportunidade de partilha de boas práticas e experiências interinstitucionais”. Em todos os sectores, existe a possibilidade de conceber projetos que envolvem jovens de outras nacionalidades, de contextos diferentes do ponto de vista educativo e formação. A partir deste novo programa, ao nível do ensino escolar, será possível fazer mobilidades idênticas às que conhecemos no ensino superior. Os jovens,  apesar de viverem uma realidade e contexto familiar diferente dos do ensino superior, já vinham demonstrando essa apetência. Também na educação de adultos é agora possível a realização de mobilidades, o que vai certamente constituir uma oportunidade de valorização da formação neste setor.

 O Roteiro Erasmus+  foi uma das ações criadas para chegar diretamente aos mais jovens”, conta Ana Cristina Perdigão, explicando tratar-se de um projeto de “divulgação e partilha de informação, localmente, sobre as oportunidades do programa e que  fomenta a partilha de experiências entre aqueles que já participaram e todos aqueles que gostariam de participar. Atualmente, em Portugal, é muito elevado o número de alunos que adere ao programa, sendo a procura muito superior ao financiamento disponível para o nosso país, que tem em conta as características do estado membro e a sua capacidade de fazer boa utilização desses meios.

Um futuro que se avizinha desafiante

A Diretora da Agência Nacional Erasmus+ Educação e Formação (ANE+EF) prevê seis anos muitos importantes e desafiantes, através de um programa que se apresenta catalisador da ligação de instituições de diversos estados-membros, promovendo o aumento da qualidade da educação e formação, nos mais diversos níveis.

Os novos desafios são de vária ordem: apoiar o processo de internacionalização,  com a  identificação de pontos comuns às estratégias das diversas organizações e posterior dinamização de presença em eventos internacionais que constituem excelentes oportunidades de constituir ou aderir a redes internacionais;  apoiar medidas adequadas à captação de estudantes internacionais (principalmente do ensino superior) e com um enfoque especial nas comunidades de lusodescendentes; criar oportunidades de debate e reflexão sobre os temas do ensino e formação mais diretamente relacionados com o programa Erasmus+ como por exemplo o reconhecimento académico ou a avaliação da qualidade da internacionalização.

A Agência Erasmus+ irá também assumir a gestão de uma verba do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), destinada ao  alojamento de estudantes. Ao nível do ensino superior, serão selecionados e acompanhados projetos para a construção e reabilitação de alojamento de estudantes.

Para estudar ou investigar, Portugal é um valor seguro e os estudantes, docentes e investigadores sabem que vão encontrar aqui excelentes condições para progredir nos seus estudos ou investigação com qualidade. “Portugal tem condições para se posicionar como um dos principais países de destino”, conclui.

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