Um Algarve para todos, a qualquer momento

Quarenta por cento do território do Algarve tem estatuto de proteção natural, existem dois parques naturais e 21 sítios de Rede Natura. É possível fazer mergulho na costa e encontrar espécies como cavalos-marinhos, fazer observação de cetáceos, skydive em Portimão, parapente em Sagres, BTT de alta competição e caminhar ao lado de cascatas no interior algarvio.
João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, apresentou-nos a região para além do destino de sol e mar. Revelou-nos que, para contrariar a sazonalidade e a litoralização, apostam em elementos como o turismo de natureza e a valorização dos produtos autóctones – como é o caso da Laranja do Algarve, o primeiro produto da região a conquistar Indicação Geográfica Protegida. Desta forma, abarcam uma parte mais vasta do território e geram novas motivações de visita fora da época alta.

Qual é o papel desempenhado pela Região de Turismo do Algarve?
Atualmente, o nosso papel é mais estratégico, na definição de mercados, produtos e segmentos de aposta. Lançamos desafios a diferentes parceiros para, com eles, desenvolvermos ações de capacitação, estruturação e qualificação da oferta. A título de exemplo, analisando as tendências internacionais da procura, mobilizámos recursos e parceiros para a aposta no turismo de natureza e para o desenvolvimento de um programa cultural na época baixa, como o 365 Algarve. Para além da área do planeamento, a RTA tem ainda na esfera das suas competências, a promoção do destino (em Portugal e Espanha), a informação turística (com 21 postos de turismo) e a organização e/ou apoio a eventos.

A atenuação da sazonalidade é um dos pilares para a sustentabilidade. De que forma a diminuem?
Hoje, todos os destinos têm presente o imperativo de abraçar o desafio da sustentabilidade. A atenuação das marcadas diferenças da procura ao longo do ano é um desígnio que tem nos últimos anos registado uma interessante evolução, com a sucessiva redução da taxa de sazonalidade. Enquanto destino, temos vindo a diversificar a oferta, gerando novas motivações de visita, acompanhadas de um reforço promocional e das rotas aéreas, privilegiando os períodos fora da época alta. O Algarve é maioritariamente procurado por famílias com filhos em idade escolar, que estão condicionadas na marcação das suas férias às pausas letivas. Neste sentido, temos vindo a promover férias direcionadas para segmentos específicos como os “Empty Nesters” – pessoas que já não têm filhos em casa, que têm uma vida ativa e querem usufruir do tempo disponível. Este é um esforço que deve também mobilizar o alojamento, a restauração e as empresas de animação turística, assegurando o funcionamento ao longo de todo o ano. Em termos sociais, é igualmente necessário oferecer melhores condições aos trabalhadores, nomeadamente, quanto à precariedade do vínculo contratual – temos observado que as empresas têm aderido cada vez mais aos contratos sem termo, em detrimento dos contratos a prazo.
Há também cada vez mais portugueses e estrangeiros que optam pelo Algarve, não só para visitar numa parte do ano, mas para viver, investir e estudar. Entre 2017 e 2018, crescemos de forma significativa no número de estrangeiros residentes.

Neste caso concreto de Silves como a Capital da Laranja, estão a promover um produto que é único em todo o mundo.De facto, no caso da Laranja do Algarve o índice de Brix, que mede o teor de açúcar na fruta, comprova que a nossa laranja é especial, é mais sumarenta e mais doce. Silves apostou acertadamente nessa temática, porque está a investir num produto que reúne condições excecionais de qualidade. Há ainda a considerar que os mercados para os quais se exporta a nossa laranja são simultaneamente países emissores de turistas para o Algarve. Neste sentido, estamos a colaborar com a AlgarOrange (associação de produtores de citrinos) em ações promocionais conjuntas nesses mercados. Numa outra vertente, estamos a trabalhar para a integração da laranja na cadeia de valor do turismo na região. Queremos reforçar a presença dos citrinos do Algarve nas mesas dos hotéis e da restauração e similares para que a nossa laranja seja incluída nas refeições.
De salientar que os turistas são cada vez mais exigentes quantos às questões ambientais e procuram a autenticidade dos locais que visitam. Por outro lado, do ponto de vista do desenvolvimento sustentável de uma região, ao integrarmos bens e serviços de base local, estamos a proporcionar uma oferta mais genuína e com menor pegada ecológica.

Quais são as motivações de quem procura esta região do extremo sul de Portugal?
Temos muito orgulho que o Algarve seja o destino turístico recordista de prémios de “Melhor Destino de Praia da Europa” (atribuídos pelos World Travel Awards), ou que tenha recentemente sido considerado o “Melhor Destino de Golfe do Mundo” (segundo a IAGTO – International Association of Golf Tour Operators). Mas quem nos visita não chega até nós com uma única motivação, quer ter a oportunidade de disfrutar de diferentes experiências ao longo da estadia. No Algarve é possível de manhã fazer uma caminhada na Serra (Via Algarviana) e à tarde dar um mergulho na praia. Para além da praia e do golfe, ao longo do ano há várias oportunidades que vão das atividades náuticas, ao turismo de natureza, ao turismo de negócios, autocaravanismo, saúde e bem-estar, cultura, entre muitas outras opções.

O que é o programa 365 Algarve?
É um programa cultural que acontece em todo os concelhos da região, entre outubro e maio e que prossegue a estratégia de diversificação da oferta e de diferenciação pela identidade. É um desafio aos agentes culturais e empresas turísticas a trabalharem de forma criativa e contemporânea a história e as tradições da região. É uma agenda de eventos que convida o visitante a participar, enriquecendo a sua visita, e que não esquece o residente, que vê reforçada a oferta cultural da sua terra.

De que forma vão celebrar o marco dos 50 anos da Entidade Regional Turismo do Algarve?
O programa das comemorações ainda não está fechado, mas contará com vários momentos marcantes. Ao longo do ano vamos ter eventos que realçarão o papel do setor, da organização e dos diferentes atores que contribuíram para este bonito percurso. Temos o grande desafio de organizar com a universidade, a CCDR e os empresários da região o T-Forum (The Tourism Intellingence Forum) uma conferência internacional – de 19 a 21 de março – sobre a transferência de conhecimento entre a academia e o trade.
Também as comemorações do Dia Mundial do Turismo, serão marcadas por iniciativas surpreendentes, que ainda não posso revelar.

O futuro do Algarve passa pelo desenvolvimento de outros setores para além do turismo?
A necessidade da diversificação da base económica do Algarve é hoje comumente aceite. Temos felizmente outros campos de ação com excelente desempenho, nomeadamente, o setor das Tecnologias da informação e da Comunicação, a Agricultura, o Mar. É esse exercício que fazemos com o próprio turismo que, enquanto motor da economia, pode gerar sinergias que permitam alavancar o desenvolvimento de outras áreas.

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