TEVA: Improving Health, making people feel better

Num trabalho sobre a saúde, é perentório uma entrevista à empresa farmacêutica com um dos maiores portefólios de medicamentos em termos mundiais. Assim, a Revista Business Portugal esteve à conversa com Mário Madeira, diretor geral da TEVA no nosso país.

O Grupo TEVA está no Top 10 mundial das companhias farmacêuticas e é líder mundial em medicamentos genéricos. Qual é a chave do vosso sucesso?

A TEVA combina medicamentos genéricos e inovação, estando totalmente orientado para o seu propósito: “Improving Health, Making people feel better”. O facto de termos um dos maiores portfólios de medicamentos em termos mundiais (1.800 moléculas), bem como o modelo hibrido que nos caracteriza, são claramente fatores impulsionadores de sucesso. Porém, na TEVA, acreditamos, que as pessoas são e serão sempre a chave do sucesso da nossa organização. Estamos hoje presentes em cerca de 80 países, empregamos perto de 57.000 colaboradores e a produção mundial, só de comprimidos e cápsulas, ronda os 120 biliões por ano, projectando aquela que é uma empresa israelita fundada em 1901, para o núcleo das maiores farmacêuticas em termos globais.

Quais são as vossas áreas de negócio?

Em termos globais o peso da área de negócio de genéricos, representa sensivelmente 50 por cento do total de vendas. A área de inovação tem quatro pilares: Neuroscience, Respiratory, Oncocare e Woman Health, sendo os dois primeiros os mais estratégicos e onde a TEVA mais tem investido em I&D nos últimos anos. Em particular, na área de Neuroscience, a TEVA é reconhecida mundialmente pelas soluções iInovadores no tratamento da Esclerose Múltipla e mais recentemente há um foco particular em I&D na área da enxaqueca e doença de Huntigton.

De que forma se posiciona a TEVA em Portugal comparativamente com os departamentos do mesmo grupo noutros países?

Em cada país a estrutura TEVA global é replicada e nesse sentido Portugal não é exceção. Assim, contamos com cerca de 116 colaboradores nas áreas de genéricos e especialidades, bem como em todas as outras funções de suporte à organização. Porém, em Portugal como resultado das aquisições da ratiopharm (2010) e Mepha (2011), o peso do negócio de genéricos é maior, quando comparado com a TEVA no mundo. Lideramos o mercado de medicamentos génericos com cerca de 20 por cento de Market Share em volume e estamos entre as cinco maiores farmacêuticas em valor, para o mercado total de ambulatório. Na área da inovação a TEVA é reconhecida em Portugal, em particular na Esclerose Múltipla, Asma e DPOC e, mais recentemente, na Fibrose Quistica, apresentado soluções terapêuticas, que são hoje reconhecidas por todos os profissionais de saúde e doentes.

Em 2010, seis anos após a vossa instalação em Portugal, o grupo cresceu, com a integração da ratiopharm, Cephalon e Mepha. De que forma a integração destas empresas veio estimular o negócio?

Efetivamente as aquisições da ratiopharm em 2010 e da Cephalon/Mepha em 2011 transformaram por completo a TEVA. Nessa altura a ratiopharm já liderava o mercado de medicamentos genéricos de ambulatório e a Mepha estava no Top 10 deste segmento. Com estas integrações a TEVA em Portugal iniciou um novo ciclo, que lhe permitiu consolidar a sua liderança no mercado de medicamentos genéricos, diversificar o seu negócio nas áreas de inovação a avançar para uma estrutura organizacional que beneficiou de todas as sinergias de três culturas, onde se colocou no centro as competências das pessoas que integraram esta nova etapa.

Estudos revelam que a política de medicamentos genéricos introduzida no início do século XXI veio impulsionar o mercado português. Este foi um dos motivos que motivou a instalação do grupo em Portugal?

A TEVA tem uma presença no continente europeu muito significativa e na prática o seu estabelecimento em Portugal advém no essencial deste posicionamento de cariz Regional. Apesar de todas as políticas de incentivo ao desenvolvimento de medicamentos genéricos, o mercado português representa ainda uma oportunidade significativa neste segmento, em particular no mercado ambulatório. Continua, na nossa opinião, a ser crítico que todos os agentes do setor foquem a máxima atenção nas muitas oportunidades que ainda existem para dinamizar o consumo de medicamentos genéricos, fazendo aproximar Portugal do nível de consumo médio da União Europeia e em particular dos países do Norte da Europa, onde os consumos são muito significativos, quando comparados com os do Sul. Existem ainda muitos doentes que podem beneficiar de terapêuticas com custos significativamente mais baixos e com todas as garantias da mesma eficácia e segurança do medicamento original. Acreditamos, que no contexto nacional, a TEVA pode ser um parceiro de excelência do Governo, no contributo que pode dar para a sustentabilidade do SNS.

O Grupo TEVA é líder em quota no mercado de medicamentos genéricos de ambulatório. Porque razões acreditam ser a escolha dos portugueses?

Naturalmente que a combinação de três marcas de medicamentos genéricos, ratiopharm, Teva e Mepha, que hoje compõem o Grupo TEVA em Portugal, permitiu-nos alcançar esta posição de liderança. Porém, devemos ter em conta que a marca ratiopharm, foi uma das primeiras a ser lançada no mercado nacional no início dos anos 90, quando o conhecimento e aceitação dos medicamento genéricos era ainda praticamente inexistente. Em suma, nesta história de mais de 25 anos, com cada uma das nossas marcas, tendo a ratiopharm sido a pioneira, construímos uma forte relação de confiança com todos os profissionais de saúde e doentes. Entre consumo ambulatório e hospitalar em Portugal, são milhões de pessoas que beneficiam dos nossos medicamentos genéricos. Só no mercado ambulatório, 1/5 dos medicamentos genéricos consumidos são do Grupo TEVA, o que muito nos orgulha e motiva a fazer mais e melhor.

Que vantagens oferecem os medicamentos genéricos? Os métodos de verificação de qualidade, segurança e eficácia destes medicamentos são os mesmos dos medicamentos ‘de marca’?

Os medicamentos genéricos, cumprem um papel primordial, na relação de equilíbrio entre acessibilidade/estimulo à contínua inovação por parte da empresas farmacêuticas. Estes medicamentos são avaliados exatamente pelas mesmas instituições que aprovam os medicamentos inovadores, cumprindo um rigoroso processo de avaliação, que legitima a sua comercialização a custo mais acessível para os doentes, já que as empresas produtoras destes não têm de fazer os investimentos em I&D. Os medicamentos genéricos têm obrigatoriamente de cumprir os períodos de protecção de patente do medicamento inovador, e só depois podem ser comercializados. Este ciclo permite que os doentes possam beneficiar das mesmas terapêuticas, mas com um custo mais baixo. Por sua vez, as empresas de inovação mantêm ativo o seu foco em encontrar novas alternativas terapêuticas e voltar a beneficiar da comercialização num novo período de proteção de patente, que lhes permite ter o legítimo retorno do esforço de investigação. Em Portugal, se considerarmos apenas o mercado em ambulatório, há ainda um caminho importante a fazer em matéria de consumo de medicamentos genéricos. De acordo com os dados mais recentes o consumo em volume está nos 47 por cento, ainda abaixo da média europeia que está nos 62 por cento, havendo países como a Alemanha ou a Polónia que já atingiram os 80.

Como classificam a adesão dos hospitais e profissionais de saúde aos medicamentos biossimilares desenvolvidos pelo vosso grupo?

Na nossa opinião há ainda um caminho importante a percorrer, por parte de todos agentes relativamente aos medicamentos biossimilares. Importa desde logo esclarecer que estes são medicamento biológicos, mas que só podem ser comercializados, após o fim da patente do original. Apesar, do conceito base ser similar ao dos medicamentos genéricos, os biossimilares são aprovados através de um novo conceito científico, denominado por ‘exercício de comparabilidade’, que visa assegurar que entre diferentes medicamentos biológicos existe a mesma garantia de qualidade, eficácia e segurança. Naturalmente, que a exigência e esforço de investimento para produzir biossimilares, é superior à dos medicamento tradicionais, o que obrigará a um enquadramento mais adequado, que viabilize os equilíbrios necessários à disponibilização dos mesmos; já que as terapêuticas biológicas têm custos I&D mais elevados.

Como descrevem e classificam o atual panorama nacional no setor farmacêutico em Portugal? Quais os maiores desafios que o Grupo TEVA enfrenta em solo nacional?

Parece-nos que os desafios do setor farmacêutico em Portugal estão muito alinhados com os desafios no contexto europeu. O lançamento de terapêuticas inovadoras, aliado ao envelhecimento acelerado da população europeia, irão desencadear desafios de significativos aos Estados Membros da União Europeia, na perspetiva da manutenção dos equilíbrios necessários entre disponibilizar os melhores cuidados de saúde às populações, sem necessariamente desencadear um aumento significativo das despesas associadas. Esta questão terá invariavelmente, um impacto significativo para qualquer empresa farmacêutica. Neste contexto, a TEVA tentará através do seu modelo hibrido – genéricos e inovação – ser uma opção relevante e transversal, desde os pagadores aos doentes, que já hoje reconhecem os benefícios do equilíbrio entre a maior acessibilidade e a inovação terapêutica, que o nosso vasto portfólio proporciona.

Qual o crescimento esperado para 2018 ao nível do mercado, da inovação e desenvolvimento de novos fármacos?

É difícil prever neste momento as dinâmicas de Mercado, já que são múltiplos os factores, que as influenciam. Desde logo a aprovação de novas terapêuticas por parte das Autoridades, tem um impacto muito significativo. Depois, se essas terapêuticas representam opções de consumo hospitalar ou Ambulatório. Se considerarmos, como referência a dinâmica do Mercado de Inovação em Ambulatório, este cresce cerca de 1% no primeiro Semestre do corrente ano e esta poderá ser uma tendência a manter. Neste contexto, esperamos na TEVA continuar a lançar opções terapêuticas que acrescentam valor, quer na área Respiratória, quer na área das Neurociências, no que diz respeito ao nosso segmento de Inovação.

 

 

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