“Sozinho pode ir mais rápido, mas juntos vamos mais longe”

Mariana Arga e Lima, Business e Executive Coach

Com o propósito de vida de ajudar os empresários de língua portuguesa a tornarem-se melhores gestores, Mariana Arga e Lima, Business e Executive Coach, acredita que os desafios vão aparecendo à medida que vamos estando preparados para os mesmos, priorizando sempre o lema “sozinho pode ir mais rápido, mas juntos vamos mais longe”.

“Sozinho pode ir mais rápido, mas juntos vamos mais longe” é o lema da Mariana Arga e Lima enquanto Business e Executive Coach. Enquanto mulher e alguém que ajuda o outro tem seguido também essa máxima?

Eu acredito muito no conceito de equipa e de parcerias. Desde cedo que os pontos mais valiosos para mim foram a família e os amigos. Lembro-me que as minhas amigas, quando éramos miúdas, queriam sair cedo de casa dos pais e ir viver sozinhas. Para mim isso nunca fez qualquer sentido, sempre disse que quando saísse de casa dos meus pais era para constituir a minha família. Viver sozinha, sem ninguém para partilhar os meus serões não era um cenário interessante. E assim fiz, vivi com os meus pais até me juntar com o meu marido. Na minha vida profissional sempre preferi trabalhar em equipa. Sempre gostei de um bom debate de ideias e de uma boa partilha de opiniões. Sempre gostei de aprender com os outros e acredito profundamente que tenho sempre qualquer coisa a aprender com os outros. Sempre trabalhei em parceria e aquilo que acredito que faz sentido na minha empresa é ter boas parcerias com empresas que tenham serviços complementares ao meu para conseguir servir mais e melhor os meus clientes.

Da formação em Engenharia a gestora de profissão e coach de paixão, adquiriu experiência profissional de assessoria à administração em grandes empresas, assim como na área do marketing. Hoje, o que quer atingir como Executive Coach?

O meu propósito de vida é ajudar os empresários de língua portuguesa a se tornarem melhores gestores, mais capazes de fazer crescer os seus negócios, mas mantendo-se livres, conseguindo tirar o máximo partido da vida não tendo que estar totalmente envolvidos na operação dos seus negócios. Já trabalho com empresários há alguns anos e tenho entendido que a maioria dos empresários das PME em Portugal, embora sendo técnicos muito bons, têm grandes lacunas tanto ao nível da organização como até, em alguns casos, dos conhecimentos de gestão. Aquilo que tenho feito ao longo dos últimos anos é muni-los de algumas ferramentas que lhes faltam ao mesmo tempo que lhes demonstro a importância de uma realização plena em todas as vertentes das suas vidas.

Para a Mariana Arga e Lima não há nada melhor do que poder apoiar a transformação da vida dos outros, com mais sucesso e resultados, mas também com mais tempo para viver. É isso que a realiza a nível pessoal e profissional?

No acompanhamento a mais de uma centena de empresários tenho sentido transformações profundas, tenho acompanhado o crescimento acelerado de alguns negócios, mas aquilo que mais prazer me dá é sentir que os meus clientes são empresários felizes e realizados. A grande maioria dos empresários, quando começamos a trabalhar estão totalmente focados na operação, em resolver os desafios do dia a dia. Confiam pouco nas equipas, sentem que contratar mais pessoas é um enorme desafio. Todos aqueles com que trabalho há mais tempo já ultrapassaram este modo de pensar. Já entenderam que para ter um bom negócio é preciso ter uma boa equipa, é preciso saber delegar e que isso implica formar as pessoas, acompanhá-las, mas também confiar e criar um ambiente de prestação de contas. Sozinho ninguém consegue fazer uma empresa para o futuro. E a maioria dos empresários têm muita dificuldade em delegar e confiar.

Um dos seus programas é dedicado a empresários, gestores e diretores, no qual discutem em conjunto quais os comportamentos que distinguem os líderes de sucesso, quais são as características que separam um bom e um líder menos bom. Ser um bom líder é algo que se aprende e que se pratica?

A liderança é algo que se aprende e se deve melhorar todos os dias. Obviamente que há algumas características que ajudam, mas todas elas nascem connosco podem é estar mais ou menos desenvolvidas dentro de cada um de nós. Ser líder é essencialmente estar atento aos que estão à nossa volta, é sabermo-nos adaptar à nossa equipa. É estar alerta para responder a todas as suas necessidades, não aos caprichos claro, mas facilitar ao máximo a vida de cada elemento da nossa equipa. “Ser a Servir”. É um lema que, na minha opinião, enquanto líderes devemos pôr em prática todos os dias. Para um líder o mais importante deve ser servir a equipa em prol dos melhores resultados possíveis. Um dos temas que ensino nos meus programas de liderança é que existem vários estilos de liderança e que cada pessoa encaixa melhor nuns do que noutros dependendo das suas características únicas. Mas o melhor líder é aquele que conhece todos os estilos e que consegue aplicá-los todos dependendo da situação. Não há um estilo melhor que outro, há sim momentos em que cada estilo trará mais resultados. Eu costumo dizer que um líder deve ser um camaleão que se adapta ao ambiente, mas obviamente sem nunca perder a sua integridade e a sua autenticidade. Para ser um bom líder, embora haja alguma teoria, o mais importante é ter muita prática, lidar muito com pessoas e estar muito atento ao resultado das nossas atitudes. As nossas atitudes geram reações e, por isso, temos que entender qual é o par ação-reação. Temos que estar muito atentos e ir corrigindo os nossos comportamentos para gerar as melhores reações, aquelas que trazem os resultados desejados.

Há cinco anos na área do Business Coach, quais são as principais diferenças que destaca ao longo desse tempo no público que a procura? É heterogéneo?

Há cinco anos que trabalho com empresários e tenho sentido diferenças muito grandes nas mentalidades dos empresários que me procuram. Há cinco anos sentia os empresários mais fechados, menos abertos a receberem a nossa ajuda e mais convencidos de sozinhos conseguirem fazer o caminho. Hoje, não sei se por eu ter outra convicção na forma como os abordo ou porque os empresários estão mais abertos a receber ajuda, já sinto um discurso diferente. Nos últimos meses, talvez depois de uma crise que deixou o tecido empresarial português com mais receios e mais frágeis, sinto que os empresários estão mais abertos a terem ajuda, a serem acompanhados por um Business Coach. Se pensarmos bem, os melhores atletas do mundo, todos têm um treinador, alguém que os acompanha diariamente nos treinos e na manutenção de uma mentalidade de vencedor. Na minha opinião todos os empresários deveriam ser acompanhados por um Coach que os ajudasse a manter a mentalidade e o foco para irem mais além. Hoje, sinto que a mentalidade dos empresários está melhor, mas há um enorme caminho para percorrermos até esta forma de pensar se massificar.

A pandemia veio evidenciar em muitos de nós características que talvez não conhecíamos e provar que nas adversidades também existem oportunidades. É essa mensagem que tenta transmitir enquanto mulher, profissional e líder?

Quando em março de 2020 a pandemia caiu sobre nós, todos os empresários com que trabalhava na altura quiseram desistir de trabalhar comigo, estavam totalmente perdidos e sem ideia de como reagir a tamanho desafio. Disse a todos que não iria desistir deles, que compreendia que financeiramente poderia ser um momento mais desafiante e que, por isso, iria ter uma atenção para com eles, mas que iríamos trabalhar juntos até que se percebesse como iríamos pôr o negócio a funcionar igualmente bem. Todos quiseram imediatamente rever os objetivos em baixa para o final do ano, e aquilo que lhes disse foi: “Nem pensar, os objetivos estão traçados e não se mexe em objetivos a meio do caminho. Temos nove meses pela frente e agora resta correr para percebermos como vamos atingir os objetivos para este ano”. Posso dizer, com muito orgulho nos empresários com que trabalho, que 80% deles deram a volta por cima e conseguiram ultrapassar os objetivos que tinham desenhado para 2020 e que eram ambiciosos. Tudo foi possível de ultrapassar com um grande trabalho deles e com uma grande convicção de que não é o que nos acontece que condiciona os nossos resultados, mas sim a forma como reagimos àquilo que nos acontece. Obviamente que me mantive muito perto deles no momento difícil. Eles vacilaram muito com as dúvidas do que iria acontecer. Mas com os mecanismos de pensamento estratégico e de pensar calmamente em todas as alternativas, o caminho foi-se fazendo rumo a um final feliz. Eu acredito muito que os desafios vão-nos aparecendo à medida que vamos estando preparados para eles. Se os desafios vão sendo cada vez maiores é sinal de que vamos estar cada vez mais preparados. É com esses desafios que vamos aprendendo e crescendo.

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