“Somos Energia”

Luís Pedro Marques - Presidente do Conselho de Administração

A Revista Business Portugal esteve à conversa com Luís Pedro Marques, André Marques e Júlio da Costa Ferreira, atuais rostos da mudança e novo dinamismo criado na atividade da Jayme da Costa. Saiba mais sobre a empresa líder no setor da energia e instalações elétricas.

Ao longo de 102 anos de atividade, a Jayme da Costa tornou-se numa das mais conceituadas empresas nos ramos de engenharia e energia. As realizações da mesma ao nível de engenharia e instalações elétricas e mecânicas – assim como a conceção e fabrico de aparelhagem elétrica MT (Média Tensão) e BT (Baixa Tensão) – conferiram-lhe reconhecimento nacional e internacional. Com sede em Grijó, Vila Nova de Gaia, onde dispõe de uma unidade fabríl dedicada ao fabrico de aparelhagem elétrica e outros equipamentos mais específicos no âmbito dos setores onde opera. Hoje a empresa conta com cerca de 350 colaboradores, distribuídos entre Portugal e respetivas filiais.

O início remonta a dois portugueses que, obrigados a regressar a Portugal vindos da Alemanha em plena Primeira Guerra Mundial, fundaram a Jayme da Costa que tem estado em constante mudança, melhoria e desenvolvimento desde então. Inicialmente a sede situava-se do outro lado do Rio Douro, no Porto, mais especificamente em Campanhã. Contudo com o desenvolvimento, progresso e crescimento, surgiu a necessidade de criar uma nova estrutura, superior e de maiores dimensões. Assim na década de 70, se estabeleceu em Grijó, onde até hoje permanece.

A empresa fundada em 1916, tornar-se-ia numa das empresas mais respeitadas no mercado da engenharia e energia. André Marques, administrador da Jayme da Costa, diz que a mesma “contribuiu para que houvesse um desenvolvimento no mercado elétrico e na modernização em Portugal, sobretudo no que diz respeito ao setor da rede elétrica”. Júlio da Costa Ferreira, diretor geral, explica à Revista Business Portugal que a Jayme da Costa é a grande responsável pela introdução do motor elétrico de uso industrial em Portugal, que mais tarde foi utilizado como modelo de laboratório numa escola técnica do Porto, para a formação de eletrotécnicos.

No que concerne à rede elétrica na época, contribuíu para a eletrificação rural em todo o país. No setor da produção de energia, participou com profundo envolvimento, na construção de aproveitamentos hidroelétricos com forte domínio desta matéria a nível nacional. Posteriormente, a Jayme da Costa apostou no desenvolvimento, conceção e realização de Parques Eólicos, onde participou no principal cluster desta área a nível nacional. “Todos os geradores que vemos espalhados pelo país, o nosso administrador, André Marques, participou em cerca de 60 por cento da construção”, afirma o diretor geral.

Com o aparecimento de novas necessidades e tecnologias, a empresa especializou-se no setor fotovoltaico, sobretudo à grande escala, sendo hoje em dia um dos principais intervenientes neste mercado como empresa de EPC, a nível nacional e europeu.

Os projetos desenvolvidos e realizados pela Jayme da Costa, são empreendimentos de clientes privados sem subsídios governamentais, essencialmente sociedades de investimento com fundos próprios, “mas também realizamos projetos de menor dimensão, como em indústrias com um consumo de energia altíssimo que pretendem ter uma fonte de energia própria e limpa, construída por nós”, esclarece Júlio da Costa Ferreira. No que diz respeito às empresas do grupo, André Marques revela que hoje têm menos do que anteriormente. “Eliminamos ou deixamos de ter participações em empresas, por considerarmos não serem cruciais na nossa missão e visão da Jayme da Costa. Pretendemos centrar-nos nas filias que hoje mantemos, como a filial francesa sediada em Paris, que atua no território francês, região metropolitana ou Dom-Tom”, diz o mesmo. Mantêm uma filial em Montevidéu, no Uruguai, apenas por uma questão de estratégia geográfica, “no entanto principal mercado continua a ser, o nosso país”. Razão disso é o desenvolvimento deste tipo de indústria em Portugal e o investimento iminente na área da energia, sobretudo no fotovoltaico. André Marques acredita que podemos ser “um excelente exportador de energia nos próximos anos”.

Departamentos e Processo

É na sede da Jayme da Costa em Grijó que tudo se inicia, onde se centraliza o gabinete técnico, onde estão presentes todas as competências de engenharia, onde são realizadas as pré-análises aos projetos e onde se desenvolvem os estudos e conceitos até à obtenção solução técnica final. O Departamento de Compras encontra-se também sediado em Grijó e, independentemente de que filial se trate, nada é aprovisionado ou adquirido sem passar por este departamento. Ao nível da fabricação, André Marques afirma que “também o desenvolvimento e fabrico dos equipamentos é feito na nossa fábrica, caracterizados como produtos standard e os que não o são, nomeadamente para o nosso principal cliente da rede de distribuição de energia: a EDP – Energias de Portugal”.

Trabalhando numa base de share ou outsourcing, os equipamentos são aqui feitos num conceito de ‘fato à medida’. A Jayme da Costa procura sempre adaptar-se às necessidades dos seus clientes, desenvolvendo constantemente novas soluções e produtos, como é o caso do novo posto de transformação compacto para parques fotovoltaicos, que sai da fábrica e chega à obra numa filosofia de ‘Plug and Play’. “É um equipamento e uma solução inteiramente desenvolvida por nós e que implementamos nos nossos projetos”, diz o administrador. O mesmo sublinha que “a nossa capacidade de adaptação ao mercado da energia fotovoltaica permitiu-nos consolidar a marca”. A empresa que atravessava um período difícil, sem qualquer apoio estatal ou bancário, foi assim recuperada. A sobrevivência deve-se “sobretudo a muita humildade, dedicação, competência e perseverança”.

Luís Pedro Marques, presidente do Conselho de Administração, afirma que “o que importa ressaltar [sobre a empresa] é que está com uma nova dinâmica e imagem, fruto de uma nova gestão que procura a cada dia a melhoria e a evolução contínua da atividade que exerce, nos mercados nos quais se encontra”.

Sempre utilizando a própria expressão e por isso mesmo, a Jayme da Costa conseguiu implementar-se nos mercados internacionais, por exemplo em França, como supramencionado. Ao longo de mais de um século, conseguiram afirmar-se como marca presente, em destaque e evoluir, apostando imenso na engenharia nacional. Para André Marques é muito simples: “quando temos o primeiro contacto com o projeto, temos que o estudar e compreender para alcançar o objetivo de o realizar e, por fim, colocar em serviço mais uma instalação com sucesso. Com um gabinete técnico que reúne todas as competências para o fazer próprio para o fazer, iniciam-se os primeiros estudos no sentido de obter um rácio de solução/ custo, o mais eficaz possível”. Utiliza a expressão “não somos um empresa de catálogo” porque não têm um no sentido de escolher a solução que melhor se adapta. Há todo um processo de raiz, onde mesmo que existam projetos semelhantes, nunca são iguais uns aos outros, cada um tem o seu cunho.

“Todo o processo começa por uma solução técnica, mas o mais importante neste negócio é o encapsulamento financeiro, pois os projetos só são viáveis se o forem economicamente”, contexto onde a Jayme da Costa tem  experiência, explica à revista o administrador. A empresa sabe o que é necessário ser feito para que o projeto seja do agrado de quem o vai financiar, enquadrando-se na rentabilidade futura. A empresa que havia começado como empresa base de indústria instaladora, está hoje no topo da investigação financeira para tornar os projetos realizáveis.

Relativo ao futuro, Júlio da Costa Ferreira divulga que “o que gostaríamos que acontecesse ou o que esperamos que aconteça é que realizemos as várias obras que temos delineadas em Portugal”. Conta à revista ainda que nos próximos dois anos estão completamente ocupados no país, estando a construir em Évora uma central fotovoltaica de grande dimensão com uma potência instalada de 28MW. Este projeto tem um investidor português e irá gerar eletricidade suficiente para alimentar aproximadamente 30 mil habitações por ano. O diretor geral lembra que estiveram envolvidos no mediático projeto de 200MW em Alcoutim, adquirido por um grupo chinês.

Em suma, a Jayme da Costa – garantido uma instalação do tipo ‘chave na mão’ – concebe e realiza Parques Eólicos, Centrais Fotovoltaicas, Subestações, redes de Baixa e Alta Tensão, Aproveitamentos Hidroelétricos, aparelhagem e equipamentos elétricos. Desta forma prossegue o seu caminho como empresa líder neste setor, para contribuir para um mundo mais eficiente, com constante inovação, competitividade, serviços, qualidade e respeito pelo ambiente e segurança.

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