Ser feliz no trabalho

Reestruturar condições de bem-estar no trabalho e promover culturas positivas que gerem talento, impacto e compromisso, são alguns dos valores da TYM – The Yellow Manager. Madalena Carey, fundadora e sócia-gerente, falou do seu percurso e de como este motivou a criação deste projeto, que tem como mote a felicidade corporativa.

 

Madalena Carey, fundadora e diretora

Gostaríamos de começar por conhecer o percurso profissional da Madalena Carey.

Comecei a trabalhar muito cedo, com apenas 15 anos, numa empresa familiar de serviços jurídicos e foi quase natural licenciar-me em Direito. Depressa percebi que a decisão tomada ía no sentido de tentar corresponder a expectativas e não tanto alinhada com a vida com que sonhava. Com 24 anos larguei tudo e viajei para a Austrália. Consegui que uma empresa apostasse em mim, patrocinasse o meu visto de trabalho e comecei a minha jornada no setor de Educação Internacional. Em paralelo, fui-me interessando pela área do Desenvolvimento Pessoal, Coaching e PNL (Programação Neurolinguística). Em 2016 voltei para Portugal e comecei a facilitar processos de Coaching no sentido de otimizar a performance pessoal e profissional dos meus clientes e é no seguimento desse trabalho que nasce a TYM.

 

Até que ponto esse percurso influenciou o surgimento da TYM – The Yellow Manager?

Influenciou a 100 por cento. A exposição à pressão desde cedo deu-me a confiança que precisava para me atirar de cabeça e saber que, mesmo em tempos difíceis, eu iria conseguir prevalecer. Em Sydney, o facto de ter um visto patrocinado fez com que as minhas chefias se aproveitassem da fragilidade da situação e sofri muitos abusos. Quando me desvinculei, experienciei culturas de trabalho fantásticas nas empresas com quem acabei por trabalhar. Senti na pele os extremos dos reversos da medalha deste tema que é a Felicidade Corporativa e, por isso, ele me é tão querido. Já em Portugal fui confrontada com uma cultura de trabalho que parecia ter ficado parada no tempo. Não tinha um amigo satisfeito com o trabalho. Tinha muitíssimos a passarem por depressões e, muitos deles, emigrados à procura de melhores condições. Nas sessões de Coaching, 95 por cento da frustração dos meus clientes devia-se a questões laborais. Este choque foi o que alavancou a criação da TYM, tomando a decisão: ‘Vou trazer para o meu país a cultura que vivi lá fora’.

 

A criação e evolução da TYM certamente influenciaram positivamente a sua vida. Estava a contar que assim fosse ou superou as suas expectativas?

Influenciou positivamente a minha vida porque influencia positivamente a de outros. O empreendedorismo é uma montanha russa diária, um empreendedor tem de se tornar confortável no desconforto. A TYM não é, hoje, o que eu achava que iria ser há uns anos. Há o aprender com o mercado, investigar, ouvir, testar, falhar, reajustar mas, quando começamos a ver o impacto positivo que isso tem nos clientes, é fantástico. Começámos com o mercado a franzir-nos o sobrolho por associarmos a palavra felicidade ao trabalho, e agora caminhamos no sentido em que começa a ser prioridade investir nas pessoas.

 

Acredita que a felicidade é um modo de vida?

Em absoluto. Com isto não digo que temos todos a mesma predisposição para sermos felizes, porque não temos. Em média, sabemos que a felicidade depende 50 por cento da genética, 40 por cento das escolhas pessoais e 10 por cento do ambiente que nos rodeia. No entanto, tendo sido eu uma criança que sofreu depressões desde cedo, sei bem o impacto da saúde mental neste processo. Mas a Neurociência e a Psicologia Positiva apresentam-nos inúmeros estudos que comprovam que através de terapias cognitivo-comportamentais, como mudar os nossos pensamentos, meditar, praticar a gratidão, o altruísmo, ter uma motivação maior, podemos otimizar os nossos processos cerebrais.

 

Considera ser necessário aplicar a criatividade para gerir uma empresa no século em que vivemos? As qualidades e caraterísticas femininas são uma vantagem para as mulheres que exercem cargos executivos?

Sem dúvida. A velha frase ‘foi sempre assim que fizemos’ é uma sentença de morte para qualquer organização. É essencial despender tempo para este processo de criação e ginástica mental de ver mais além e alinhar a equipa neste ‘Growth Mindset’. Acredito que as qualidades femininas são uma vantagem. O facto de sermos humanos mais conscientes das nossas emoções faz com que nos seja mais natural criar laços de empatia, gerando mais confiança e compromisso. A capacidade de operar e pensar em simultâneo é eficaz para lidar com crises. O charme que trazemos para uma negociação, vendo-a como uma relação de continuidade com quem nos cruzamos e não apenas como uma transação pontual, é importante.

 

Os cargos de liderança são ocupados, cada vez mais, por mulheres. De que forma perceciona esse facto?

Acho fantástico. A igualdade entre mulheres e homens é uma questão de direitos humanos e uma questão de justiça social. Antes havia o estigma de que a liderança no feminino era ineficiente, então adotávamos muitas vezes uma liderança com traços masculinos, mas éramos julgadas por isso também. Hoje acho que encontrámos o nosso lugar. Acredito que as mulheres têm um estilo de liderança mais democrático, onde as suas equipas participam nas tomadas de decisão.

 

Que mensagem poderia deixar para outras mulheres como incentivo à criação de um negócio?

Que não criem apenas um negócio, mas sim uma missão de vida. Que se entreguem o mais possível e acrescentem o maior valor que consigam. O negócio surge como consequência destes dois fatores.

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