SCM Marinha Grande: Uma instituição que acompanha o progresso

A Santa Casa da Misericórdia da Marinha Grande foi fundada em 1948. O provedor, João Pereira, está ligado à instituição desde há cerca de 30 anos. No ano em que se prevê concluir a construção de uma nova Unidade de Cuidados Continuados, o provedor recebeu a Revista Business Portugal, fazendo um balanço do seu tempo à frente dos destinos da Misericórdia e revelou os seus desejos para o futuro.

João Pereira é um homem de causas, natural da Guarda, que veio para a Marinha Grande trabalhar como muita gente que aqui reside.
Começou cedo a trabalhar e, como trabalhador estudante, sem nunca ter ido a uma aula, concluiu a sua formatura em Direito, trabalhando como advogado até hoje.
A sua vida cruza-se com a Misericórdia em 1992, quando foi contactado pelo provedor de então para intermediar um negócio com uma empresa hoteleira de Lisboa, que pretendia construir um hotel na Marinha Grande no terreno pertencente à Misericórdia, fazendo uma troca do terreno pela construção de um lar com capacidade de 40 utentes. Assinado um contrato de promessa, a empresa avançou logo com os projetos e, aprovados estes, recusou-se a confirmar a troca, o que levou à morte quase de imediato do provedor de então. Com a morte deste, João Pereira foi eleito provedor para avançar com a obra no novo lar, fazendo uma troca com uma empresa sua conhecida. Foi assim que nasceu o lar dos Outeirinhos, inaugurado em 1994, com uma capacidade para 40 utentes. Passado quatro anos foi ampliado, passando para 66 utentes.
João Pereira é um empreendedor, ma, só passa para um novo projeto, quando tem o primeiro devidamente estabilizado, afirmando: “o nosso lema é sempre estabilizar primeiro um investimento antes de avançar para outro. Mas, tem a noção de que a instituição tem de ajudar e estar presente na sociedade”.
Com o primeiro lar a funcionar, pouco depois foram abertas as valências de Centro de Dia com 30 utentes e a valência de apoio domiciliário com 42 utentes.
Logo a seguir, em 1995, a Misericórdia fez um acordo com o Centro Distrital da Segurança Social passando a gerir um Centro Infantil na Marinha Grande, com 197 crianças, gestão que ainda se mantém.

A doação de Júlia Barosa e a nova UCC
Em 1997 foi iniciada a construção de um segundo lar nas Vergieiras, inaugurado em 2009, obra esta “resultante de uma doação feita por Júlia Barosa, ligada à empresa Santos Barosa que, dois meses antes de morrer, deixou um testamento, doando um lote de terreno com 8.000 metros e o saldo que existisse de uma conta bancária sua, à data da sua morte, para constituição de uma fundação, encarregando a Câmara Municipal de a constituir no prazo de oito anos. Não tendo sido constituída no prazo, o terreno e o dinheiro foram entregues à Misericórdia, assim nascendo o lar das Vergieiras, também conhecido como lar D. Júlia Barosa”, inaugurado em 2009.
Quase no final da construção do lar surgiu a ideia de uma UCC, que foi inaugurada em 2011.
Há cerca de cinco anos foi comprado um terreno à família Barosa onde está em construção uma nova UCC para 60 camas, com um investimento de cerca de cinco milhões de euros, para começar a trabalhar em 2020.
João Pereira caracteriza a Marinha Grande como uma terra com carências de apoio à infância e à terceira idade, até porque recebe muitas pessoas de fora que aqui se fixam para trabalhar e precisam de apoio e não têm cá familiares.
Quanto aos idosos que estão no lar, considera que merecem ter qualidade de vida, porque muitos deles começaram a trabalhar aos seis anos e viveram com muitos sacrifícios.
João Pereira, com 80 anos de idade, diz que gostaria de deixar a sua função de provedor, havendo um sucessor que continuasse a sua obra mas, sempre, com a preocupação de prestar melhores serviços e com estabilidade financeira.
Concluindo disse: “o que faço é por amor e os nossos utentes sabem disso. Estou satisfeito com a obra feita mas a evolução e o crescimento não podem parar”.

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