“Quero ser feliz e fazer os outros felizes com a minha arte”

Ana Arrebentinha, Humorista

A Ana Arrebentinha é considerada um fenómeno do stand-up comedy em Portugal. Em entrevista à Revista Business Portugal, fala do seu percurso e do espetáculo “Coisas de Mulheres”, no qual conta histórias hilariantes e únicas da condição feminina. A humorista enaltece ainda as atrizes portuguesas de comédia que abriram o caminho das mulheres no humor e sublinha a importância de continuar a trabalhar e mostrar que o palco tem espaço para todos e para todas.

Natural da Amareleja, com muito orgulho, saiu da terra que a viu nascer para ‘vencer na capital’. Como descreve o seu percurso?
Qualquer percurso de sucesso implica dedicação, persistência e foco. Mesmo a “sorte de um feliz acaso” é algo pontual que tem obrigatoriamente de ser trabalhado para se desenvolver. Olhando para trás, sair da Amareleja por um sonho foi um ato de coragem. Foi trocar o conforto pelo desconhecido. Depois, já em Lisboa, foi aprender com aqueles que considero os melhores e, principalmente, descobrir quem sou como humorista e como mulher. Este é um processo de aprendizagem contínuo. Se há coisa que sabemos é que o humor evolui em paralelo com a sociedade.

Criou o espetáculo “Coisas de Mulheres” que tem corrido o país de lés a lés com grande sucesso. Fale-nos desse monólogo humorístico e na abordagem que este faz ao universo feminino.
O espetáculo “Coisas de Mulheres” tem duas vidas, o antes e o depois do confinamento. Começou como uma ideia minha e do ator Carlos Alves e depois foi-se maquilhando…
É um espetáculo sobre as crises existenciais das mulheres. Sobre o sofrimento que é ser alentejana e ter de fazer dieta ou sobre o facto das minhas amigas já serem mães e eu ainda não. É admitir que sim, que nós mulheres não somos nada fáceis.

A comédia em geral é uma área com maior representatividade masculina, quer na escrita humorística, quer na interpretação. Em 2020, num estudo feito pelo Gerador, a Ana Arrebentinha figura no Top 8 dos humoristas que os portugueses mais admiram, em 4º lugar na faixa etária dos 15 aos 24 e também dos 55 ou mais anos. O que representa para si ser uma mulher de destaque nesta área?
Sinto uma mistura de enorme responsabilidade e orgulho. Acredito que a arte não tem masculino nem feminino, é simplesmente arte seja em que área for. Apesar de não existirem agora muitas humoristas, não podemos esquecer-nos todas as enormes atrizes portuguesas de comédia que, em tempos bem mais difíceis, especialmente por serem mulheres, brilhavam e arriscavam dia após dia nos teatros e na televisão. Abriram o caminho. Agora é continuar a trabalhar e mostrar que o palco tem espaço para todos e para todas.

Segundo Leonardo R. Pessoa “fazer anos nos dá coragem de materializar sonhos”. Este ano, que a Ana Arrebentinha vai comemorar o seu 29º aniversário e 10 anos de carreira, quais são os sonhos que quer materializar?
Tenho imensos sonhos e projetos na gaveta. Quero representar visto ser atriz de formação. Como humorista, quero continuar com a missão de levar a boa disposição a todo o lado, do norte ao sul e das ilhas às comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. Principalmente quero ser feliz e fazer os outros felizes com a minha arte.

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