Presente e futuro do tratamento do CEC

Dr. Emanuel Gouveia, Médico oncologista do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa

O Cancro Espinocular Cutâneo em Portugal, nas palavras de quatro especialistas.

 

Qual o percurso de tratamento de um doente com CEC em Portugal e quais os desafios associados ao tratamento?

A maior parte dos casos de CEC curam-se com a excisão cirúrgica, com margens de segurança adequadas. Assim, podemos dizer que um elevado número é gerido em primeira instância pela Dermatologia, mantendo uma vigilância adequada. Nos últimos anos temos assistido a um aumento significativo do número de casos de CEC, em grande parte devido ao envelhecimento da população. Por outro lado, outros fatores têm contribuído para o aumento desta doença, como a imunossupressão crónica (por exemplo, em doentes transplantados ou VIH positivos). A agressividade clinica de alguns casos de CEC torna necessária a sua referenciação a centros especializados, com experiência na abordagem destes doentes complexos. É fundamental que estes sejam discutidos em ambiente multidisciplinar, que inclua dermatologistas, anátomo-patologistas, radiologistas, cirurgiões, radioncologistas, oncologistas médicos, equipa de enfermagem especializada e assistente social. Diria assim que um dos desafios é dar condições às equipas, de forma a garantir uma abordagem multidisciplinar, de acordo com a melhor evidência clínica, não descurando o contexto psicossocial dos doentes.

Outro desafio associado ao tratamento destes doentes é o facto de um elevado número apresentar uma idade avançada, além de comorbilidades associadas, que podem dificultar a execução do plano terapêutico. Apesar da nossa experiência demonstrar que os novos tratamentos, como a imunoterapia, são geralmente bem tolerados, mesmo em populações mais idosas, será um desafio tratar estes doentes. Felizmente alguns estudos em curso, num contexto de vida real, irão trazer mais informações sobre a eficácia e a segurança destas novas terapêuticas, em doentes com outras condições clínicas.

 

Como é o presente e qual a expectativa futura do tratamento do CEC avançado?

Como referi anteriormente, todos os casos de CEC avançado devem ser abordados em contexto multidisciplinar, de forma a garantir o tratamento de acordo com a melhor evidência. Em primeiro lugar é importante definir claramente os critérios de doença avançada. Na doença localmente avançada, quando o tratamento cirúrgico ou a radioterapia não são opções válidas, bem como na doença metastática, poderá estar indicado o tratamento antineoplásico sistémico. No passado, estes doentes eram tratados com esquemas de quimioterapia citotóxica ou com anticorpos monoclonais anti-EGFR. No entanto, apesar das respostas objetivadas, estas eram de curta duração. A evidência atual demonstra que, pelas suas características, esta neoplasia é particularmente sensível ao tratamento com imunoterapia. Os dados científicos disponíveis demonstram respostas muito significativas e, sobretudo, duradouras. A nossa expectativa é que estes resultados se traduzam num aumento da sobrevivência a longo prazo. No entanto, será necessário aguardar para ter resultados mais consistentes.

No futuro, poderá haver interesse em testar a utilização de combinações de tratamentos: imunoterapia com outros agentes antineoplásicos (seja imunoterapia ou outros fármacos); imunoterapia com tratamentos locais, como a radioterapia ou terapêuticas intra-lesionais, tal como tem vindo a ser feito na área do Melanoma.  O futuro passará também pela utilização mais precoce de tratamentos sistémicos, em contexto adjuvante ou neoadjuvante (após ou antes da cirurgia, respetivamente).

 

 

Cerca de 80% dos casos de CCNM são submetidos a excisão cirúrgica do tumor.

 

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