Portas abertas para a Europa

É um dos escritórios mais institucionais e de referência no norte de Portugal que, não querendo parar no tempo, sempre quis evoluir através de um desenvolvimento sustentado, quer a nível de recursos humanos, quer de escritórios. Falamos da sociedade de advogados Telles de Abreu, por intermédio de uma entrevista concedida pelo administrador, Carlos Lucena.

A Telles de Abreu é o resultado da transformação de um escritório fundado por Artur Santos Silva em 1936, que foi evoluindo ao longo do tempo e que, em 1992, resultou na criação da firma promovida por Luís Telles de Abreu, por Carlos Lucena e por um anterior sócio, Rui Delgado. Desde 1992 que opera como uma pura sociedade de advogados.
Inicialmente sediada na Rua Sá da Bandeira, no centro do Porto, hoje tem a sua atividade localizada em plena Rua da Restauração, com vista para o belo rio Douro, e está em vias de se transferir para a zona da Boavista.
Numa conversa acerca das vantagens de pertencer a uma sociedade de advogados, Carlos Lucena, com a sua experiência, não tem dúvidas das mais-valias que isso implica.
“Confesso que sou um defensor claro das sociedades de advogados. Quando era muito novo, fui chamado a trabalhar num conjunto de dossiês, de variada origem e envolvendo vários ramos de direito: direito das sociedades, da família, das sucessões, direito público, direito fiscal e muitas outras áreas; e há um momento em que nos perguntamos se esta é a melhor forma de exercermos a profissão, se assim correspondemos melhor aos desejos dos clientes, se a qualidade com que prestamos serviços é a mais adequada, ou se podemos melhorar algumas coisas”.
As sociedades de advogados apareceram, desde o início, como a melhor forma de responder a esta dúvida, num sentido positivo. As sociedades proporcionam, na opinião de Carlos Lucena, uma forma mais ampla e abrangente de prestação de serviços, num momento em que as solicitações submetidas aos advogados pelos seus clientes são variadas e pluridisciplinares.
Portanto, hoje, a Telles de Abreu consegue dar resposta a solicitações de direito fiscal, de direito das sociedades, de direito público, designadamente, com muito à vontade porque dispõe de advogados com experiência em áreas diversas e, interagindo entre todos, dispõem de uma oferta de serviços mais rica e abrangente.
Naturalmente, há outras virtualidades que distinguem as sociedades do exercício da advocacia em prática isolada e que não têm que ver com a amplitude dos serviços. Estão relacionadas com a resposta, num sentido permanente, das solicitações dos clientes. Numa sociedade de advogados, tem-se a capacidade de melhor responder às solicitações porque, se um advogado está doente, está em julgamento ou indisponível por qualquer outra razão, outro o poderá substituir transitoriamente. De acordo com o administrador da Telles de Abreu, quando se trabalha em prática individual isso não acontece.
Depois, por outro lado, as sociedades de advogados permitem uma massa crítica que, possibilitada pela contratação de mais profissionais, faz aumentar a qualidade dos serviços. Faz com que se refresquem ideias, se tenha acesso a novas teorias jurídicas, a novas formas de praticar o direito, que não se atingem se essa estrutura for envelhecida não apenas em termos etários, mas, sobretudo, em termos de saber.

Áreas de direito que exercem
A Telles de Abreu é uma sociedade de advogados essencialmente vocacionada para empresas e para um certo nicho de particulares, onde trabalham todas as áreas. Começaram pelo direito das sociedades, foram alargando ao direito fiscal, ao direito laboral, ao direito público, ao imobiliário e urbanismo, à proteção de dados, à litigância, sendo, sobretudo, estas as áreas em que trabalham.
“Hoje, cobrimos com facilidade a maior parte das áreas em que as empresas nos fazem solicitações, tanto no escritório do Porto, como no de Lisboa.” declara Carlos Lucena.

 

 

2018 é sinónimo
de mudança na Telles de Abreu

 

 

 

Clientes Europeus e presença na Câmara do Comércio e Indústria Luso-Francesa
85 por cento dos clientes estrangeiros da Telles de Abreu são de origem europeia. Não trabalhando diretamente com a legislação de outros países, por vezes têm mesmo de conhecer aspetos das leis dos países onde atuam. Fazem parte de redes internacionais de advogados, e possuem escritórios correspondentes na maioria dos países em que os seus clientes têm interesses. Dessa forma, garantem o acesso a uma interpretação adequada das normas jurídicas e a um conhecimento amplo dos sistemas jurídicos externos.
A Telles de Abreu é também membro da CCI- Câmara do Comércio e Indústria Luso-Francesa, o que para Carlos Lucena é um fator de grande orgulho, conforme nos explica.
“Significa, antes de mais, uma razão de prestígio por termos sido aceites como associados e nos reconhecerem uma aptidão relevante para apoiar interesses franceses. Para mim, pessoalmente, como membro do board da Câmara do Comércio e Indústria Luso-Francesa, é também uma razão de prestígio pessoal e profissional, porque me reconheceram as qualidades para esse efeito. A CCI Luso-Francesa é, seguramente, a Câmara de Comércio mais dinâmica das muitas que conheço, tem um presidente que é um fantástico líder, Carlos Aguiar, assim como possui um diretor-geral com enormes qualidades profissionais, Laurent Marionnet.”
Significa, também, que, na Telles de Abreu se usa muito a língua francesa e que se tem um rápido acesso ao que se passa em França. Significa ainda estabelecer ligações com membros da comunidade francesa e ter uma perceção mais rápida do que se está a passar nas relações luso-francesas, no que concerne essencialmente a projetos empresariais.
“Isso é humana e profissionalmente muito enriquecedor.”

Identidade e equipa
Há, nas palavras do administrador da Telles de Abreu, determinadas especificidades que a distinguem das restantes sociedades de advogados. “Há, desde logo, um fator de distinção grande que resulta de sermos um escritório fundado no Porto e de mantermos nesta cidade o nosso escritório principal. Há, portanto, características resultantes da forma de estar marcante das pessoas do norte. Costumo dizer que aquilo que depois nos distingue das maiores sociedades de advogados são essencialmente três aspetos: a proximidade enorme que cultivamos na relação com os clientes; a brevidade temporal com que respondemos às suas solicitações; e, finalmente, praticarmos condições de preço que nos parecem mais equilibradas”.
Quanto à equipa, elemento fundamental do sucesso desta sociedade é composta, neste momento, por 96 advogados nos dois escritórios, sendo que em Lisboa está um terço da mesma e, no Porto, dois terços. Naturalmente, além dos advogados, têm também uma equipa de assistentes administrativos, de quadros na área da gestão e dos recursos humanos, que são essenciais com a dimensão que a sociedade atingiu.
Para Carlos Lucena, os colaboradores são a chave do êxito que alcançaram. “Somos uma sociedade de advogados, logo somos uma sociedade de pessoas. O que nos interessa é termos connosco as melhores pessoas humana e tecnicamente e tratar essas pessoas da melhor forma que podemos.”

Estado do Direito em Portugal
O estado de Direito e da Justiça em Portugal são assuntos que andam na ordem do dia e a Revista Business Portugal não quis perder a oportunidade de questionar Carlos Lucena acerca do assunto. “Acho que em Portugal há excelentes advogados, quer trabalhando em pequenos escritórios, quer em grandes e médias sociedades de advogados. Comecei a trabalhar em 1983 e tive a oportunidade de conhecer, e em alguns casos de trabalhar, com advogados absolutamente excecionais, alguns até diria que irrepetíveis, pelo seu saber, pela experiência, pela multidisciplinaridade dos seus interesses, pela sua visão alargada, pela sua capacidade de alcançar as outras partes, os seus clientes e os colegas. Acho, também, que nos últimos 15 anos se fez um esforço enorme no sentido de se desenvolver mais áreas de competência e desenvolver aptidões até há poucos anos não trabalhadas em Portugal. Globalmente, considero que estamos num nível igual e, algumas vezes, mesmo superior a outros países europeus”.
Quando questionado acerca da lentidão da justiça portuguesa, Carlos Lucena discorda dessa componente, afirmando que não tem a ideia de que Portugal tenha uma justiça efetivamente lenta. Aliás, revelou que, ao longo destes 34 anos que exerce como advogado, tem assistido a uma eficaz realização da justiça e a um progressivo encurtar significativo da duração dos processos judiciais.
Tal não quer dizer que não existam casos, alguns mediáticos, em que a justiça demora mais a realizar-se. Tudo tem a ver com a especificidade dos casos e com a dificuldade dos assuntos; às vezes igualmente com os tribunais em que os temas estão pendentes.
“Tenho muitas relações com escritórios internacionais e advogados estrangeiros e não tenho vislumbrado que Portugal seja mais lento do que outras jurisdições. Sinceramente, acho que, em muitos casos, até somos mais céleres. A justiça não tem apenas a haver com celeridade. Naturalmente, a justiça exerce-se se for oportuna no tempo. Demasiada celeridade pode, porém, prejudicar aspetos muito sérios da realização da justiça”.

Futuro da Telles de Abreu
2018 é sinónimo de mudança na Telles de Abreu, correspondendo a um espaço para novos inícios, desde logo a começar por mudanças de instalações em Lisboa e no Porto.
O propósito é continuarem a afirmar-se como o escritório de referência no norte de Portugal e prosseguirem a expansão do escritório de Lisboa, alargando as áreas de prática que ali exercem, reforçando a qualidade dos advogados e melhorando a relação da sociedade com o meio empresarial e social envolvente.
Num olhar para o futuro, a Telles de Abreu quer também alimentar uma ligação mais eficaz e enriquecedora com as universidades enquanto locais onde o saber se gera e se cultiva no dia a dia.
Prioridade é também o processo de internacionalização que têm em curso, projeto esse iniciado há três anos, e no qual estão altamente empenhados. “Nós fomos, no passado, essencialmente uma sociedade de advogados portuguesa virada para clientes portugueses, hoje somos ainda uma sociedade de advogados maioritariamente vocacionada para clientes portugueses, mas queremos que os estrangeiros representem uma cada vez maior fatia das pessoas e entidades a quem prestamos serviços. A internacionalização de Portugal e das cidades de Lisboa e Porto exige de nós uma performance coincidente com os desafios propostos”, finaliza assim Carlos Lucena, com os olhos postos no futuro.

 

 

 

 

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