Península dos Sorrisos: “Fabricamos sorrisos”

A Revista Business Portugal, esteve à conversa com João Henriques, CEO e Co-Founder do laboratório Península dos Sorrisos, que depois de ter terminado o curso na Faculdade de Medicina Dentária, em Lisboa, começou por trabalhar numa clínica que tinha um laboratório, em Mafra. Realizou um estágio, de três meses, no Rio de Janeiro e refere que essa experiência “foi importante para a abertura de horizontes, visto ser um país que valoriza muito a estética e continuo a fazer formações, todos os anos, pois como é uma área que está em constante evolução só com formação contínua se consegue acompanhar e aprimorar as novas técnicas”.

A concretização do sonho
Após esse primeiro contacto com o mercado de trabalho, João Henriques foi adquirindo experiência noutros locais: “entretanto fui para um laboratório em Alverca, seguindo o meu percurso profissional passando por mais laboratórios. O meu último trabalho, antes de criar o laboratório Península de Sorrisos, foi na Oralmed, em 2013, onde fui o fundador desse laboratório”. Após alguns anos de experiência em vários laboratórios e de ter diferentes visões de trabalho em cada um deles, João Henriques sentiu-se à vontade para abrir o seu próprio negócio: “no ano passado demiti-me e abri o meu laboratório.” Assim surgiu a Península dos Sorrisos, em janeiro deste ano.

A criação de próteses dentárias
“As próteses podem ser colocadas sobre implantes, sobre dentes ou podem ser removíveis. No fundo, [o laboratório] é, por comparação, um backstage das clínicas, ou seja, quando as clínicas tiram um molde, ele vem para o laboratório e a partir desse momento, temos com a boca dos pacientes em gesso, sendo este o ponto de partida para começarmos a construir o(s) dente(s) que podem ser em vários materiais em simultâneo ou isolados”, explica João Henriques. Para o nosso entrevistado, a criação de próteses dentárias é uma forma de arte: “nós, técnicos, temos de ser copiadores da natureza. Não inventamos nada, nós replicamos o que a natureza criou”.

Inovação é a palavra de ordem
Com o passar dos anos, tem aumentado exponencialmente o número de materiais disponíveis para a prática da medicina dentária: “atualmente existem os compósitos com partículas de cerâmica, híbridos, entre muitos outros. Existe uma panóplia enorme de materiais dentários” afirma, acrescentando que “a diferença está na dureza, resistência e opacidade que são três caraterísticas importantes na nossa área. Se o material for opaco não conseguimos dar vida ao dente, porque os nossos dentes são exatamente o oposto, são transparentes. Estes novos materiais trazem mais transparência, porque não são negros como o metal, o que lhes confere um aspeto mais natural.”

Trabalho de equipa
A Península dos Sorrisos é responsável pela criação dos implantes que, posteriormente, serão aplicados em clínicas. Estes trabalhos, apesar de serem desenvolvidos por entidades diferentes, acabam por ser complementares: “o sucesso do laboratório depende do dentista, como o sucesso do dentista depende do laboratório”, acrescenta o entrevistado. Tal como em tantas outras profissões, João Henriques, também enfrenta alguns desafios com os implantes dentários: “há desafios que estão fora do nosso controlo. Por vezes, o médico pode colocar o implante com uma ligeira inclinação, o que dificulta a nossa tarefa e objetivo que é o de fazermos implantes com excelentes resultados estéticos e funcionais”, conclui.

Tecnologia 3D
O avanço das novas tecnologias também é uma grande mais-valia nesta área, uma vez que permite antecipar o resultado final, antes de se avançar com a aplicação do trabalho definitivo. “Fazemos sempre provas: a prova estética e a prova funcional para o paciente ver se realmente gosta do trabalho e se este é funcional. Quando há necessidade de colocar os dentes todos, primeiro fazemos um registo de mordida, para ver como é que a pessoa trinca e, a partir daí, criamos os dentes. Se a pessoa não tem dente nenhum, a tarefa é mais difícil, mas não é impossível. É um trabalho é muito minucioso, implicando várias provas ao longo do processo até atingirmos o objetivo de dar um sorriso ao paciente”, explana.

Quando se trabalha com a felicidade das pessoas
Sendo a Península dos Sorrisos responsável pelo trabalho de backoffice, por assim dizer, João Henriques não assiste, por norma, à reação das pessoas ao verem o resultado final. No entanto, das vezes que assistiu a essa reação, diz ser uma sensação ótima: “quando há casos em que [os pacientes] foram tratados por outras clínicas e o processo não correu bem, isso reflete-se nas suas expressões. Quando terminamos o processo e vemos um sorriso rasgado e lágrimas de alegria sentimos que cumprimos a nossa missão”, afirma, com orgulho, o CEO.

O papel do Serviço Nacional de Saúde
Hoje em dia, ainda se olha muito para a saúde oral como sendo algo ligado apenas à estética, no entanto, há muitas pessoas que padecem deste mal e sofrem porque estes tratamentos não são comparticipados pelo SNS – Serviço Nacional de Saúde e uma fatia muito grande da população portuguesa não consegue financiar os tratamentos do próprio bolso. Questionado sobre o papel que essa entidade poderia fazer para alterar este paradigma, João Henriques responde que “podia e devia fazer muito mais, claro! Não existe esta especialidade no SNS, creio que há um projeto piloto na Madeira e em alguns centros de saúde, mas é claramente insuficiente para cobrir as necessidades da população portuguesa. Sorrir é um bem fundamental para todos os seres humanos e o acesso a estes tratamentos deveria estar ao alcance de todos”. O CEO remata a entrevista indicando que a Península dos Sorrisos poderá contar, num futuro próximo, com novos investimentos “queremos apostar na aquisição de maquinaria nova, do foro digital, e na contratação de um novo elemento para a continuarmos a fabricar sorrisos”! Conclui, com um sorriso, João Henriques.

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