Pelo conhecimento, pela inovação

A Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa comemora o seu centenário, num ano em que, na opinião da Diretora e Professora Beatriz Lima, as universidades se revelam fundamentais ao nível da investigação.

2021 é um ano especial para a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (FFUL), porque comemora o seu centenário. De que forma está a ser assinalado?

A celebração do centenário começou no dia 18 de Janeiro, dia em que se passou a designar Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.

Professora Beatriz Lima, Diretora

Numa sessão comemorativa presencial e virtual fez-se a resenha histórica do ensino e profissões farmacêuticas e da evolução do currículo do curso de Ciências Farmacêuticas nas últimas décadas. Foram já realizadas outras ações neste ano comemorativo, como a reunião anual da Sociedade Portuguesa de Farmacologia, que virtualmente reuniu mais de três centenas de farmacologistas e oradores nacionais e internacionais.

Os CTT emitiram um selo comemorativo do centenário da FFUL que pode ser adquirido pelo público. Ainda, será lançado um livro da autoria do Professor José Cabrita, pioneiro na área da Saúde Pública na FFUL e temos em preparação um livro comemorativo do centenário com histórias e testemunhos, e algum histórico da evolução do currículo da farmácia. Esperamos ainda poder inaugurar o novo edifício da FFUL em 2021, ano do nosso centenário.

Em ano de comemoração, a FFUL é agraciada com a Medalha de Honra da Ordem dos Farmacêuticos. Os projetos desenvolvidos adquirem outra dimensão com este reconhecimento?

A Ordem dos Farmacêuticos agraciouum dos nossos Docentes na área da Farmácia Hospitalar, pela sua competência e atividade Académica e Profissional em Farmácia Hospitalar integrando ações de ensino e profissão de extrema relevância para o crescimento daquelas atividades na FFUL e no ambiente Hospitalar. Quando através de um seu par, a FFUL é agraciada pela ordem profissional, o seu posicionamento colhe maior visibilidade perante a profissão farmacêutica e a sociedade em geral. A FFUL investe no enriquecimento em permanência das ligações às áreas profissionais e na colaboração com a profissão farmacêutica.

A FFUL procura incentivar os docentes e investigadores da escola, há um apoio constante à inovação e investigação?

No Instituto de Investigação do Medicamento (iMed.ULisboa) da FFUL, os cerca de 200 investigadores são apoiados e incentivados nas suas atividades ligadas à inovação em áreas como o cancro, as doenças infeciosas, metabólicas ou genéticas, integrando a sua atividade investigacional com o ensino. A vivência dos estudantes junto do iMed.ULisboa é incentivada desde muito cedo na sua formação. A FFUL faculta os meios logísticos facilitadores e incrementadores da atividade de investigação que é considerada uma componente fundamental do seu progresso.

Fomos pioneiros a estabelecer relações com associações de doentes, como é o exemplo da Eupati Portugal (European Patient Academy), uma iniciativa financiada com fundos europeus (IMI) com o objetivo de formar doentes informados na investigação clínica e do medicamento. Somos pioneiros em colaborações com agências reguladoras do Medicamento, o Infarmed e a Agência Europeia do Medicamento (EMA), onde representámos Portugal durante vários anos e mantemos relação estreita, sendo o Vice-Presidente do Comité de Medicamentos para Uso Humano um Professor da FFUL. A investigação encontra-se sempre presente na execução de interações como as descritas.

As parceiras são importantes para projetos mais enriquecedores?

A filosofia do passado de que as universidades tinham de investigar sozinhas, para que os académicos e investigadores não fossem confrontados com interesses contraditórios é uma ideia completamente ultrapassada. Atualmente, são reconhecidos os claros benefícios da partilha de know-how oriundo dos meios académicos e profissionais, Universidades e indústrias, para que a ciência traga benefícios práticos contribuindo ativamente para o progresso e resolução de problemas e necessidades concretas da sociedade. A incorporação da academia em projetos conjuntos com a indústria (farmacêutica, digital, eletrónica, alimentar) tem levado a uma explosão na produção de ciência utilizável em benefício daqueles que a pagam – os consumidores. Através das parcerias que vem estabelecendo a nível nacional e internacional, a FFUL tem evoluído enormemente na produção de ciência com elevado relevo para a sociedade. Podemos destacar áreas como o cancro a SIDA, e mais recentemente a Covid-19.

Qual a importância da investigação das universidades em contextos adversos como o que vivemos? Como tem sido a atuação da FFUL nesta vertente?

As universidades são fundamentais em múltiplos aspetos no combate à adversidade em que globalmente, mergulhámos. Foram rapidamente capazes de gerar conhecimentos em ciência básica e encontrar soluções para os problemas emergentes ligados à doença, ao seu controlo e à sua deteção. As Universidades disponibilizam, num espaço único, um conjunto de saberes que podem ser integrados e utilizados rapidamente para abordar problemas múltiplos, e criar soluções exequíveis, de utilidade social. Para além de conceber e produzir testes, medicamentos e tratamentos, é necessário pensar como os implementar, interagir com a população nas componentes económicas e financeiras ligadas à sua produção e utilização, tendo em atenção o seu impacto social.

Em março de 2020 a FFUL, através de muitos dos seus docentes e investigadores, começou a contribuir ativamente na despistagem da Covid-19, particularmente através do seu laboratório de Microbiologia e Virologia, que detém um elevado know-how. Docentes, Investigadores e estudantes foram mobilizados para construir estratégias de implementação de novos testes e sua execução em colaboração com Hospitais. A dificuldade em capacidade logística foi ultrapassada graças à grande motivação e força dos envolvidos. Temos vindo a desenvolver vários projetos, em colaboração com a indústria farmacêutica e hospitais, que contribuirão para aumentar o conhecimento da doença e das vacinas e monitorizar a imunogenicidade na população.

Na FFUL como está a ser preparado o próximo ano letivo?

O ano letivo começará no início de setembro, esperando que nessa altura o número de estudantes vacinados seja significativo. Desejamos voltar à FFUL em condições de normalidade sanitária, mas também acautelamos o pior, ou seja, a persistência da condição pandémica. Se as condições assim o exigirem, funcionaremos de uma forma semi-presencial, limitando o número de alunos nas salas de aula e laboratórios, mantendo as aulas teóricas virtuais, e conciliando as medidas de precaução com um ensino que queremos o mais possível, presencial. Desejamos iniciar o ano letivo presencial na sua globalidade, mas se tal não for possível prosseguiremos no ensino misto ou à distância, viabilizando o funcionamento da escola e a preparação dos estudantes. O funcionamento do novo edifício ajudará a implementação de medidas facilitadoras neste sentido.

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