“O turismo da Sertã assenta numa experiência imersiva na natureza”

José Farinha Nunes, presidente da Câmara Municipal da Sertã, acredita que o modelo turístico do concelho, muito assente na natureza, não afastará os turistas. O autarca acredita que “a Sertã será percecionada como um destino turístico seguro”.

 

José Farinha Nunes, Presidente

Acredita que o turismo no concelho da Sertã será prejudicado pela pandemia da Covid-19?

Não. Ao contrário de outros destinos turísticos, a Sertã tem no turismo de natureza a sua principal força. Aqui não há grandes ajuntamentos, nem monumentos com enormes filas de espera à entrada ou locais onde o distanciamento social seja impossível. O nosso turismo assenta numa experiência imersiva na natureza – somos convidados a desfrutar de paisagens deslumbrantes, do imponente verde da floresta, do relaxante azul das águas. Recordo que mais de 65 por cento do nosso concelho encontra-se rodeado por água. Nas fronteiras existem três albufeiras (Cabril, Bouçã e Castelo de Bode) e o concelho possui diversos cursos de água.

 

Mas tem receio que a Covid-19 possa afastar turistas da sua região.

Embora todos estejamos preocupados com os efeitos que a Covid-19 está a provocar no turismo, estou certo de que a Sertã será percecionada como um destino turístico seguro. As pessoas não deixarão de vir à Sertã, até porque temos um turismo pouco massificado e que se faz praticamente ao ar livre. Somos um autêntico museu da natureza, com uma oferta diversificada e bastante atrativa.

 

Como caraterizaria a oferta turística da Sertã?

É uma oferta que assenta muito no turismo de natureza. Quero destacar, a este propósito, a beleza telúrica do Vale do Cabril, a imponência majestática da serra do Cabeço da Rainha ou a grandiosidade das quedas de água do Fragão. Em todos estes locais, é possível contactar com uma riqueza de fauna e flora assinalável, além de desfrutar de um contacto pleno com a natureza. Temos também diversas árvores classificadas no nosso território.

 

A Sertã possui também várias praias fluviais. Que tipo de cuidados estão a ponderar para estas estruturas?

Temos três praias fluviais (Sertã, Troviscal e Marmeleiro) e um centro náutico (Trízio), este último com condições únicas para o lazer e prática de desportos como o Wakeboard, canoagem ou ski náutico. No caso das praias fluviais, estamos a trabalhar com as autoridades de saúde e de segurança para encontrar o melhor modelo que se adeque ao funcionamento destes espaços. Temos de ser cautelosos, mas não tenho dúvidas de que qualquer uma destas praias oferece as condições necessárias para que sejam utilizadas em segurança, aproveitando-se o seu grande potencial.

 

O concelho da Sertã está associado a dois produtos turísticos que têm tido um grande impacto no mercado turístico nacional: as Aldeias do Xisto e a Rota da Estrada Nacional 2. Que balanço faz desta aposta?

É uma aposta ganha em ambos os casos. Temos uma Aldeia do Xisto, Pedrógão Pequeno, que é um exemplo. Conhecida por ‘Jóia da Beira’, Pedrógão Pequeno apresenta condições de exceção para um turismo diferenciador. É um local a descobrir, tanto pela sua proximidade ao Vale do Cabril, como pelo património natural e patrimonial que apresenta. Aconselho uma visita, por exemplo, ao Miradouro de Nossa Senhora da Confiança, um autêntico promontório da memória das Beiras.

 

E a Rota da Estrada Nacional 2?

Esse é um caso que nos enche de orgulho, até porque a Sertã integrou o núcleo fundador da Associação de Municípios que desenhou toda a estratégia de promoção da EN2. É uma estrada simbólica no nosso país e que liga o Norte ao Sul. O impacto desta rota tem sido tremendo, tanto em Portugal como no estrangeiro e acreditamos que estamos perante um produto turístico com grande potencial de crescimento no futuro.

 

A figura de Nuno Álvares Pereira está muito ligada ao concelho da Sertã?

Essa ligação é umbilical. Nuno Álvares Pereira nasceu em Cernache do Bonjardim e são muitos os locais que invocam a sua presença no nosso concelho. Além do seu local de nascimento, temos igrejas e capelas, onde o culto a São Nuno de Santa Maria está muito presente, bem como sítios históricos com memórias muito fortes ligadas a esta figura incontornável da História de Portugal. Não quero deixar também de sublinhar a riqueza patrimonial do nosso concelho, com vários monumentos nacionais e de interesse público.

 

O Maranho é um dos embaixadores da gastronomia do concelho. Há uma ligação intensa da Sertã ao Maranho?

Assim é. O Maranho é um dos nossos grandes embaixadores. Trata-se de um prato muito apreciado na região e que traz muitos turistas à Sertã. Todos os nossos restaurantes o servem e a sua qualidade é singular. Mas a nossa gastronomia não se esgota apenas no Maranho. Temos também o tradicional Bucho Recheado, os deliciosos Cartuchos de Amêndoa de Cernache do Bonjardim, as Filhoses, os Coscureis, a Tigelada Beirã, as Bonecas de Palhais, além do bom vinho da região e da bastante apreciada Aguardente de Medronho.

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