“O sucesso pode passar por uma visão feminina da organização”

Cláudia Soutinho, Vogal na Administração

 

Cláudia Soutinho, licenciada em direito, pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, dedicou a sua carreira quase integralmente ao setor público e desde 2018 que assume a função de vogal na Administração dos portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo.

Com 56 anos, filha de Alcino Soutinho, conhecido arquiteto portuense falecido em 2013 e mãe de três filhos – um rapaz e duas raparigas – Cláudia Soutinho é um exemplo de liderança feminina em Portugal.

 

Que cunho imprime na sua liderança da APDL?  Que caraterísticas a definem?

Considero-me uma gestora muito focada nas pessoas. Tenho um estilo de liderança participativo porque gosto de ouvir sempre aquilo que pensam as pessoas que trabalham comigo, ponderar e considerar todos os pontos de vista e depois, sim, decidir. A minha decisão final nunca é solitária, mas sim acompanhada pelas pessoas que trabalham comigo, tendo em conta que são aquelas que melhor conhecem a realidade da empresa nas suas diferentes vertentes.

Sendo a APDL uma empresa de grande dimensão qual é a representatividade feminina na estrutura orgânica?

A APDL tem-se destacado na afirmação do papel das mulheres nos cargos de liderança. Atualmente contamos com 13 mulheres nos lugares de chefia, ou seja, 40% nas funções diretivas.


Na sua ótica, o sucesso de uma organização está inteiramente relacionado com a motivação da sua equipa?

Não diria que está inteiramente porque existem outros fatores que influenciam o sucesso de uma organização. Não obstante, se os nossos recursos humanos não estiverem totalmente motivados e empenhados em levar a cabo as suas tarefas é impossível atingir os objetivos preconizados por quem a lidera. É óbvio que uma equipa motivada representa 80% da chave do sucesso das organizações. Isso é incontornável.

A capacidade de multitasking, o saber comunicar e a atenção ao detalhe são caraterísticas que são facilmente associadas às mulheres. Acredita que possuir estes traços de personalidade é uma mais-valia para a liderança das empresas?

Francamente acho que algumas das caraterísticas que são atribuídas às mulheres, nomeadamente o facto de conseguirem desempenhar várias tarefas ao mesmo tempo e terem uma inteligência emocional diferente da dos homens, não foram, em tempos, devidamente valorizadas sendo que, hoje em dia, começam a ser vistas como mais-valias para as empresas. Considero mesmo que estas marcas distintivas levam, hoje, as empresas a contratar mulheres em detrimento dos homens. Saliento, no entanto, que isto não é, ainda, uma realidade em todas as áreas e é evidente que há um longo caminho a percorrer no que à paridade de direitos diz respeito. Ainda assim, na minha opinião, muitos empresários começam já a perceber que o sucesso de uma empresa pode passar por uma visão feminina da organização.

Enquanto mulher líder e empreendedora, a Cláudia é uma verdadeira inspiração para outras mulheres. Que palavras gostaria de deixar àquelas que vêm no género um impedimento para concretizar os seus sonhos?

É muito importante que as mulheres confiem em si e nas suas capacidades e que, através de uma postura resiliente, consigam cumprir as metas que estipularam para a sua vida. Isso não as deve, no entanto, impedir de terem a consciência de que o trabalho não é tudo. Podem e devem ter tempo para estar com a família, com os amigos e, acima de tudo, para se divertirem. Por último, destaco a importância de saberem rir-se de si próprias, uma vez que o sentido de humor é determinante no sucesso de uma equipa.

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