O ‘Mundo Porsche’ é único, também em Faro!

Centrou a sua vida, desde muito cedo, no setor automóvel e atingiu o pico da carreira ao assumir o comando do Centro Porsche Faro. José Barros Rodrigues descreve como a paixão pelos automóveis se mescla com a promoção da região que o viu crescer a nível pessoal e profissional.

 

Começava por questioná-lo sobre o seu percurso profissional e sobre a abertura deste Centro Porsche em Faro. Como tudo aconteceu?

O meu percurso desenvolveu-se sempre no mundo automóvel. Comecei por trabalhar na SEAT, depois fui para a SIVA – Sociedade de Importação de Veículos Automóveis – onde estive vários anos como Diretor Geral da Volkswagen. Depois assumi a vertente de empresário, mantendo obviamente a necessidade de exercer a gestão, através da distribuição da Kawasaki. Mais tarde, um grupo de amigos, onde me conto, ganhou o concurso para abrir esta concessão em Faro, o que aconteceu em 2008. Desde essa altura, não abriu mais nenhuma concessão em Portugal, existindo mais quatro concessões, no Porto, em Braga, em Lisboa e em Leiria, sendo que a marca entende que o território nacional se encontra com uma boa cobertura com estas cinco centros no ativo.

 

Abriram portas num ano difícil…

Abrimos exatamente no pior ano de todos, que foi o princípio da crise, ainda por cima enfocada em dois setores, que são os dois pilares do Algarve: o turismo e o imobiliário. Sabíamos, de antemão, que tínhamos à nossa espera uma ‘curva de aprendizagem’ difícil e que necessitávamos de ganhar notoriedade para conquistar os clientes que se habituaram, durante muitos anos, a ir a outras concessões para fazer a assistência ou para adquirir o seu automóvel. Foi um processo longo, reforçado pela crise e também por alguns erros de gestão internos mas, felizmente, desde há três ou quatro anos a esta parte que a empresa entrou em velocidade de cruzeiro e neste momento é uma empresa sólida, estável, que gera emprego direto e indireto e muito determinada em reforçar o seu posicionamento no Algarve. Somos muito tribalistas nesse aspeto, ou seja, preocupamo-nos muito em defender a cultura, as tradições e os produtos desta região e quando encomendamos um catering ou promovemos uma qualquer animação, temos sempre como orientação consultar apenas fornecedores do Algarve que sirvam produtos locais.

 

É importante ter esse impacto social, até porque cada um de vocês, concessionários Porsche, abrangem realidades diferentes mediante a zona do país onde se encontram.

Exatamente. Quando foquei a questão da “curva de aprendizagem”, era também a isso que me queria referir. Nós não sabíamos sequer qual era o parque circulante da Porsche no Algarve, sobretudo porque havia uma variável sempre desconhecida, que são os Porsche com matrícula estrangeira (que não são contabilizados para efeitos de estatística nacional). A outra questão passava por tipificar o cliente. O cliente português do Algarve tem uma tipificação diferente, que não tem nada que ver com o cliente de Lisboa, nem com o cliente do Porto, por exemplo. Outro aspeto é o incremento notável que se assistiu no número de estrangeiros de diversas origens, residentes no Algarve. Aliás, o estudo das origens daria quase uma tese em sociologia porque nós fomos experienciando os altos e baixos dos países, das suas economias e das suas relações com o mundo. Já tivemos muitos clientes angolanos e russos, britânicos sempre, e agora muitos nórdicos e franceses.

 

Disse-nos que o cliente do Algarve é distinto dos restantes, mas concordamos que o cliente Porsche tem características transversais a todas as regiões, certo?

Sim, no entanto, são diferentes porque as pessoas têm culturas e necessidades diferentes. Nós podemos caracterizar academicamente um cliente: tipicamente entre 45 e 65 anos, de classe A, bons rendimentos mensais, perspetiva cultural acima da média, normalmente líderes e empreendedores, pessoas de alguma forma exigentes quer com o produto que adquirem, quer com o serviço que vão usufruir. Isto no fundo é a definição de um cliente premium. Mas, o que se pode associar à Porsche, é o fator emocional de terem o privilégio de usufruir de um produto que foi feito quase em paralelo na competição e numa escola de engenharia, que é o que é no fundo a fábrica da Porsche – um conjunto de pessoas com uma capacidade acima da média e que têm a habilidade de desenvolverem produtos que estão também eles acima da média.

 

Porque é que que o mundo Porsche é único?

Porque proporciona esta conjugação impressionante entre a tradição e a inovação. A Porsche tem aspetos que até podem parecer anacrónicos. Eu costumo dar sempre o exemplo que é o facto dos nossos modelos terem o canhão de ignição do lado esquerdo e poucas pessoas sabem porquê. E é uma referência histórica. Hoje em dia, tecnicamente, já não faz sentido. Quando eu digo que já não faz sentido, é porque é indistinto estar do lado esquerdo ou do direito. Mas conservou-se essa posição porque é uma reminiscência da competição. Quando se fizeram os primeiros Porsches, pôs-se a ignição do lado esquerdo para que o piloto, ao arrancar, pudesse ter a mão esquerda para dar à chave e a mão direita para engatar logo a primeira velocidade. Hoje pode-se dizer que era um anacronismo. Um detalhe, lá está, para ganhar uns segundos na partida, mas esse detalhe, juntamente com outras dezenas de detalhes, pode fazer a diferença no desenrolar de todo o objetivo que a nossa organização tem de forma global, seja no desenvolvimento do negócio, seja no desenvolvimento de uma corrida.

 

Para além dos fatoress que referiu, a própria máquina é distintiva pela sua durabilidade, uma vez que cerca de 70 por cento dos carros produzidos ainda se encontram em circulação.

É evidente. E há uma frase que eu gosto de juntar nesta discussão a propósito do mercado dos usados Porsche, que é um mercado diferente. Um Porsche usado não é um automóvel qualquer. Na verdade – e esta é a frase a que eu me referia – “não há Porsches usados, o que há são novos clientes”. É essa perspetiva que torna um Porsche único. Por outro lado, a Porsche, sobretudo nos modelos mais carismáticos, foi uma das marcas que mais valorizou quando as pessoas perceberam que as entidades bancárias eram menos fiáveis do que se supunha e que haveria necessidade de ter outros ativos, não necessariamente financeiros, mas que proporcionassem rentabilidade financeira. As pessoas redescobriram os automóveis icónicos, históricos, com carisma, para investir.

 

Já é possível saber quantos Porsches existem no Algarve?

Temos uma ideia do número de clientes que vêm à nossa concessão e que são cerca de mil sendo que os estrangeiros representam nos valores acumulados, cerca de  20 a 25 por cento do total.

 

Faro é uma boa região para viver e investir?

É bom para viver, seguramente. No nosso caso, foi bom para investir, porque este negócio é realmente especial.

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