Mouraplás: 20 anos de adaptação e inovação no mercado

Presente no mercado desde 1999 dedica-se, desde a sua fundação, ao comércio por grosso de produtos e artigos de alta rotação. Carlos Pinheiro é o fundador e o rosto por detrás da Mouraplás e foi com ele que estivemos à conversa para conhecer a génese do negócio e a fórmula para o sucesso alcançado ao longo das duas décadas de atividade.

“A Mouraplás surgiu na sequência de uma situação de desemprego”, começa por nos confidenciar Carlos Pinheiro sobre a génese do negócio. “Em 1989 vim para o Algarve representar uma empresa, mas acabei por ficar numa situação de desemprego e é, exatamente, perante essa situação que surgiu a Mouraplás”. Carlos Pinheiro é o arquétipo do empreendedorismo. Sem nunca baixar os braços, pôs mãos à obra e, de um quarto vazio no seu apartamento, surgiu o primeiro armazém da Mouraplás. “A Mouraplás surgiu com os meus recursos. Tinha um quarto vazio no meu apartamento e foi aí que criei o meu primeiro armazém. Foi assim que comecei. Pouco a pouco fui comprando produtos, os negócios foram-se desenvolvendo e hoje a empresa tem esta dimensão”, conta-nos o entrevistado.

Uma empresa, vários produtos
Fundada em 1999, a empresa moncarapachense, que este ano celebra o seu 20.º aniversário, vem registando um crescimento sustentado e alicerçado nas exigências do mercado. “No início da empresa, todos os anos mudava de armazém. Mudei de armazém cerca de sete vezes, porque precisava de mais espaço. As coisas foram-se desenvolvendo e à medida que o mercado nos ia exigindo, íamos alargando o nosso portefólio de produtos”. Se inicialmente, apenas “vendia embalagens, sobretudo sacos para reciclagem”, hoje o leque de produtos disponibilizado pela Mouraplás ao mercado é bem mais vasto. Descartáveis em papel e plástico, rolos de cozinha, toalhas de mesa, embalagens de plástico e papel, guardanapos, produtos de manutenção são alguns dos artigos comercializados pela empresa, que atua essencialmente nas áreas de hotelaria, agricultura, construção civil, geriatria, ortopedia e setor público. “Temos uma vasta gama de produtos e trabalhamos com diversas áreas, mas a área da hotelaria, das embalagens para recolha de lixos e da sua separação, para a posterior reciclagem, são a grande alavanca da Mouraplás. No fundo, vamos sempre tentando adaptar as nossas ofertas ao mercado. Por exemplo, agora estamos a lançar alguns produtos bio, que têm vindo a ser alvo de algum interesse”, confessa Carlos Pinheiro. A trabalhar sobretudo na região sul do país, a Mouraplás conta, no entanto, com clientes de revenda um pouco por todo o país. “Contamos com a nossa delegação no Norte, mas também temos clientes de revenda em Espanha e na Madeira, bem como a nossa delegação comercial, em Portimão”. As empresas de reciclagem, de norte a sul do país, também representam uma fatia importante no volume de negócios da Mouraplás, a par com o setor público, assume o entrevistado.

Reciclagem trouxe oportunidade de negócio
O “boom da reciclagem”, como Carlos Pinheiro afirma, ditou a grande aposta da empresa, que inicialmente se dedicava, sobretudo, à comercialização de “embalagens para o comércio. Foi uma coincidência, na altura da fundação da empresa, entrar na moda a reciclagem e a consciencialização para a separação e recolha diária dos lixos. Foi o período em que as pessoas começaram a fazer reciclagem e a colocar o lixo nos respetivos contentores. Nesta altura, o mercado abriu portas e começámos a trabalhar muito nessa área. Acompanhámos a tendência do mercado e soubemos aproveitá-la”, conta o entrevistado, que reconhece: “este artigo continua a ter um peso muito forte na nossa faturação”.

“É um desafio”
Diariamente, somos alertados sobre os efeitos nocivos do plástico e não restam dúvidas de que o plástico é um sério candidato a inimigo número um do ambiente. As previsões são catastróficas e, se nada for feito, prevê-se que em 2050 haja mais plástico nos mares do que peixes. Neste contexto, e no sentido de reverter esta tendência, o Parlamento Europeu aprovou, em março de 2019, a nova lei comunitária que proibirá a venda de produtos de plástico de utilização única em toda a União Europeia a partir de 2021. Quando questionado sobre o impacto que a nova lei trará para o negócio, Carlos Pinheiro não hesitou ao afirmar: “É um desafio”. Consciente dos impactos ambientais da utilização excessiva de plástico, o entrevistado alerta: “Temos que mudar os comportamentos. O grande problema é o excesso. Se reparamos, o Homem tem sempre mais 40% daquilo que realmente necessita e com o plástico acontece exatamente o mesmo. O problema das embalagens está em todo o lado. Há que mudar comportamentos, há que saber utilizá-los, desde a conceção da matéria-prima até ao seu uso final. Não nos podemos esquecer de que o plástico pode ser reutilizado”, alerta. Para o entrevistado, o caminho deverá passar pelo “controlo da indústria na utilização do plástico e não pela sua proibição”. No entanto, esclarece que não será fácil para a indústria encontrar alternativas viáveis às embalagens de plástico e que permitam manter a garantia do produto e segurança alimentar. “Existem questões a que devemos estar atentos e esta é uma delas. Acho bem que se diminua a quantidade de plástico, mas não da forma como estão a tentar fazer. Isto é, cada vez mais, uma questão politizada, que não pode ser vista à escala do ‘não’, mas sim na sua globalidade. Não nos podemos esquecer que as novas alternativas irão significar um aumento do preço dos produtos”, alerta Carlos Pinheiro que reforça ainda que “a fatura ambiental deve conter, em si, o primado do controlo das matérias-primas na elaboração das embalagens. Escolher a matéria-prima, conhecendo a sua proveniência e o seu ciclo de uso, reduzindo a pegada ambiental e o seu impacto sobre o ambiente, terão de ser parametrizadas aos setores industriais na fabricação das embalagens, sejam estas da indústria do papel, plástico ou de outros materiais. Só desta forma podemos promover a preservação ambiental e fomentar a consciencialização para um planeta mais azul”, remata o gestor.

Família Mouraplás
“Esta é uma empresa que surgiu de uma situação de desemprego, mas que, felizmente, hoje dá emprego a cerca de 12 pessoas, sem contar com os revendedores que também fazem parte da família Mouraplás”, afirma o entrevistado. A empresa conta com uma equipa jovem, dinâmica e com grande espírito empreendedor, que vem acompanhando o sucesso e crescimento da empresa. Carlos Pinheiro não tem dúvidas de que o grupo de trabalho é um dos segredos para o sucesso alcançado. “Os recursos humanos são muito importantes, aqui damos muita importância às pessoas”. De facto, Carlos Pinheiro reconhece que “as pessoas, quando aqui chegam, ficam surpreendidas pela forma como tratamos os funcionários”. Aqui, os colaboradores têm total autonomia no exercício das suas funções e a hierarquia é deixada do lado de fora dos portões da empresa. “Cada um é dono de si próprio. Funcionamos como um todo, todos temos importância e todos somos responsáveis pelas nossas tarefas. Não sentimos necessidade de controlar de forma excessiva o trabalho feito, porque sabemos que cada um dos nossos colaboradores assume o trabalho que efetua com a maior dedicação e brio possíveis”. É assim que a família Mouraplás, como Carlos Pinheiro carinhosamente apelidou a equipa, funciona e é assim que este pretende que continue. “Esta é a nossa filosofia. Para nós o mais importante é que as pessoas que aqui trabalham se sintam bem. Preocupamo-nos em dar aos nossos funcionários todas as garantias de segurança e conforto”. Para o entrevistado é primordial que “as pessoas se sintam bem na empresa” e por isso mesmo, existe um manual de acolhimento direcionado a novos funcionários. A atenção e dedicação não se limitam ao corpo de trabalho e a Mouraplás merece ainda destaque pela vertente de responsabilidade social, que, embora menos divulgada, assume ser uma das principais preocupações de Carlos Pinheiro.

Futuro: busca de novas áreas de negócio
As duas décadas de história deixam o sentimento de dever cumprido, mas Carlos Pinheiro tem ainda vários planos em vista para a empresa que gere. O futuro passará pela busca de novas áreas de negócio. “Ler e antecipar-se às tendências do negócio” é a grande missão, do presente e para o futuro da Mouraplás. “Temos que estar atentos às tendências do mercado e saber adaptar-nos e desenvolver produtos que satisfaçam as suas necessidades”, afirma o entrevistado, que não terminou a conversa sem revelar um dos seus desejos para o futuro: “Gostaria de entrar no mercado da geriatria, no entanto, é um assunto que ainda necessita de ser melhor pensado e estruturado”, conclui o fundador da Mouraplás, Carlos Pinheiro.

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