Manos Lince: Ouro líquido alentejano a conquistar o mundo

Em 1980, Francisco Lince teve o primeiro contacto com a produção de azeite, desde então tornou-se um produtor com distinção internacional e já levou o produto de Alcácer do Sal aos quatro cantos do mundo.

“Começamos em 1995, eu e o meu irmão. Toda a gente conhecia o nosso azeite como sendo azeite dos Manos Lince ainda sem existir a marca”, conta Francisco. Os irmãos já tinham contacto com a produção de azeite desde 1980, ano em que a mãe adquiriu uma cota de uma empresa de azeite. Em 1989 a mãe comprou parte de outra empresa – a do azeite Castelo de Moura – e os irmãos trabalharam lá durante algum tempo, como funcionários.
Inicialmente, conta Francisco Lince, o azeite dos irmãos era apenas “dispensado”, isto é, “não era vendido, não tinha rótulo nem nada, dávamos às pessoas. Passado pouco tempo, com a história de nos chamarem Manos Lince, pensamos em criar, realmente, uma marca”, explica, atribuindo a ideia a um amigo que trabalhava em marketing e que sugeriu que aproveitassem a designação dado muitas pessoas já a conhecerem.
Hoje em dia, apenas Francisco está por trás da produção do Azeite Manos Lince, mas o nome mantém-se, apesar do irmão ter seguido o negócio dos vinhos. “Separamos a empresa e o meu irmão ficou com a parte mais recente – a dos vinhos – e eu continuei com o azeite”, conta Francisco. Desde 2008, a marca está registada e o sucesso tem aumentado. Em Portugal, o Azeite Manos Lince chega a restaurantes, supermercados e grandes distribuidores, mas esta iguaria alcacerence já não faz o deleite exclusivo dos lusitanos.
O Azeite Manos Lince já conseguiu granjear o reconhecimento internacional. “Atualmente, vendo cerca de 150 mil litros de azeite – uma quantidade considerável para a dimensão da empresa. Cerca de 35% da minha cota de mercado é exportação, metade para o Brasil, metade para a Europa: Alemanha, Inglaterra, Bélgica, França, Luxemburgo, Espanha e Itália. Quase tudo. Restauração, com a exceção de Alemanha”, conta Francisco.

Reconhecimento Internacional
Além-fronteiras, o azeite dos Manos Lince já teve o devido reconhecimento e recebeu, em Londres, na categoria Qualidade medalha de Bronze na “London International Olive Oil Competitions”.
Na Manos Lince, o processo de fabrico do azeite é cuidadosamente orientado desde a compra da azeitona até ao produto final, talvez se deva a isso o seu sucesso. “No meu lagar, trabalho eu e uma funcionária que faz a limpeza. Mais ninguém. Faço tudo, até o embalamento”, conta Francisco, acrescentando que por vezes conta com a ajuda da família que também já se vão interessando pela área.
A azeitona utilizada é Cobrançosa, Galega e Cordovil. Azeitonas de elevada qualidade e origem portuguesa que em muito contribuem para a qualidade final do Azeite Manos Lince. Contudo, a receita não está completa sem um processo de fabrico que respeita a essência do azeite.
Francisco explica que “hoje em dia, grande parte dos lagares fazem dupla passagem das massas, retirando o primeiro azeite na primeira passagem”, posteriormente retiram um produto que é tudo menos azeite saudável, é “quase só gordura”.
Os prémios têm importância, mas a opinião dos clientes é o que guia Francisco. “Quero ter um azeite medalhado, mas que as pessoas gostem. No meu azeite é tudo quanto baste. O frutado, o picante e o amargo – tudo equilibrado”.

Futuro nos cosméticos
Apesar de não vender, há mais de uma década que Francisco Lince faz artigos cosméticos com azeite para uso pessoal. Por isso, a ideia de incorporar isso no negócio dos Manos Lince nunca esteve tão próxima.
“Há muita gente que conhece e fartam-se de me dizer: tens que me vender, mas neste momento eu não vendo. Tenho mesmo que pensar em comercializar porque as pessoas que experimentaram dizem que já não conseguem passar sem aquilo”, exclama Francisco Lince.
“Hoje em dia, o azeite já não é apenas um bem alimentar e passou a ser muito importante para a saúde”, explica o cofundador da Manos Lince, acrescentando que, para que o azeite conserve essas propriedades tão importantes, é necessário que seja feito só a frio, como é o caso, e não pode ser “demasiado batido e só assim se obtém um azeite puro e saudável ”.
Quem sabe se não é num futuro que o Azeite Manos Lince salta da mesa e faz a vontade a quem já o experimentou como cosmético?

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