Loulé aposta na sustentabilidade ambiental

Vítor Aleixo, Presidente

Olhando para as várias características da região, Loulé é um bom município para viver, trabalhar e investir, como nos confidencia Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé. Em entrevista à Revista Business Portugal, o autarca apresenta os projetos atuais e futuros do município neste contexto da ação climática.

A região do Algarve é sobejamente conhecida pelos grandes números de turistas que recebe – consequência das características deste território e, desse ponto de vista, o concelho de Loulé é o ponto central nesta região. É o maior concelho, quer em população quer em área, com um total de 13 quilómetros de costa, com dinâmicas económicas e sociais diferentes, que concentra o “maior número de empresas”, gerando uma atividade económica “pujante”.

 

Projetos no âmbito da sustentabilidade ambiental e eficiência energética

Peça de teatro CLIMAT 100

Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, apresenta-nos as várias estratégias que o município tem vindo a trabalhar “de uma forma sistemática e sustentada” desde há quatro anos na área da ação climática. Tudo começou com o objetivo de se desenvolver uma Estratégia Local de Adaptação às Alterações Climáticas, à qual se juntaram 25 municípios. O concelho de Loulé foi o primeiro, dos demais, a concluir essa estratégia, que tem como eixos principais as políticas de salvaguarda ambiental. Numa primeira fase, no momento conceptual, houve um “levantamento exaustivo de estudos de planos, um trabalho de caracterização do histórico de cheias no concelho, incêndios de grande escala, períodos de seca e inundações” nos últimos 15 anos. Numa fase posterior, foram estabelecidas metas e objetivos, no que diz respeito às medidas para a ação climática. Neste sentido, e relativamente à mobilidade, foi criado um plano para a mobilidade com evidências em vários locais deste território e existem já “vários projetos concretos em estudo”. Atualmente, como nos refere Vítor Aleixo, Loulé dispõe de “cerca de 50 quilómetros de ciclovias, um número apreciável, e cerca de 30 postos de carregamento para veículos elétricos”. O concelho vai ter um dos primeiros hubs no país para carregamento de veículos elétricos, que vai ficar localizado em Vilamoura.

Foi também criada na Escola Básica Prof. Sebastião Teixeira, em Salir, uma comunidade energética em meio escolar, com a instalação de uma central fotovoltaica de 4 kw e dinamização de um conjunto de ações de formação e sensibilização, contribuindo para fomentar junto dos alunos, professores, funcionários, pais e comunidade em geral uma cultura de eficiência energética e gestão sustentável dos recursos.

Dentro das estratégias para as alterações climáticas, no que diz respeito à eficiência energética, Loulé “tem dado passos importantes”. Foram equipados vários edifícios públicos com painéis fotovoltaicos “num ritmo crescente”. Foram ainda criados incentivos para as IPSS do concelho de Loulé “para mudarem a base de alimentação energética e poderem equipar-se com painéis fotovoltaicos”. O recurso a energias limpas é estimulado pela Câmara de Loulé que, a cada IPSS do município, possibilita uma verba de cerca de 30 mil euros, através de um programa específico para essas instituições, com a finalidade de que as mesmas adotem essa fonte de energia limpa e renovável. A capacidade instalada de produção de energia com recurso ao sol tem o valor de um megawatt, mas o objetivo é chegar aos dois megawatts instalados, “muito significativo quando comparamos com o que acontece nos restantes municípios”. No ponto de vista de Vítor Aleixo, o concelho de Loulé está “perfeitamente alinhado com os objetivos da política nacional, que é chegar ao ano 2050 com emissões zero”.

 

Consciencialização do valor do ambiente 

É importante a criação de novos projetos ambientais, mas fazer chegar a mensagem aos mais jovens é essencial: “Temos campanhas muito regulares, muito bem estruturadas para a educação das pessoas em geral, mas particularmente para os jovens”. Assim, no concelho de Loulé, existe um programa nas escolas para promover a mobilidade suave no qual o município disponibiliza bicicletas e promove formação para professores para estimular o uso da bicicleta nas deslocações. A todas estas iniciativas, acrescentam-se a produção de peças de teatro, a publicação de livros sobre ação climática adaptados à realidade do território, filmes publicitários e concursos sobre a temática da salvaguarda ambiental. Outro relevante objetivo é estimular o uso dos transportes públicos urbanos, que no concelho de Loulé “são gratuitos”. Loulé adota uma estratégia comunicacional pedagógica e educativa, e prova disso são os dois centros de educação ambiental de que dispõe, “a funcionar em pleno, com jovens técnicos muito bem preparados, que organizam visitas ao para observar aves, ribeiras e identificar espécies botânicas únicas”.

Vítor Aleixo demonstra ainda a preocupação com a gestão da água no município e, nesse sentido, constituiu um gabinete da eficiência hídrica. É fundamental usar esse recurso com “critérios e padrões de gestão e eficiência cada vez mais exigentes” e procurar novas fontes de água. Recentemente, foi apresentado o plano regional para a eficiência hídrica com metas estabelecidas e objetivos calendarizados. “Em Loulé, estamos centrados no combate às perdas na rede de distribuição de água, que, em alguns casos, estão obsoletas”. Mas neste âmbito Loulé apresentará em breve novos projetos, associados sempre ao mote da campanha já lançada “Aqui cuidamos da Água”.

 

O município e o futuro

O município está a trabalhar numa estratégia local de habitação, que se articula com a nova estratégia do governo: “Muitos cidadãos nunca tiveram uma habitação condigna e, por isso, começamos a trabalhar de uma forma sistemática neste problema”. Loulé foi o sétimo município do país que assinou um acordo com o IHRU, um investimento de cerca de 44 milhões de euros para encontrar até 2026, 320 soluções de habitação.

Território do Aspirante Geoparque Algarvensis a Geoparque Mundial da UNESCO

Sobre o futuro, “há outro projeto que muito nos honra, que inclui a valorização do património geológico, associado a uma estratégia global integrada de desenvolvimento do território de forma sustentável” do qual fazem parte os municípios de Loulé, Silves e Albufeira, que se encontram a trabalhar vigorosamente na candidatura a aspirante Geoparque Algarvensis a Geoparque Mundial da UNESCO. Um Geoparque é um lugar identitário, inspirador, transformador e de pertença, que convida a visitar, fixar e investir, de forma consciente e em harmonia com os valores ambientais e culturais dos territórios.

 

Projeto do Parque Urbano e Agrícola de Loulé

Sobre o momento que vivemos, o fim do ano vai ser diferente e complicado, mas “temos sido particularmente atentos e focados em encontrar respostas para, juntamente com as autoridades de saúde pública, reduzir as condições de propagação do vírus e acorrer às consequências sociais e económicas da pandemia”.

 

 

 

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