Loja O Farol: Arte e(m) cerâmica

Localizada na Rua de Camões, número 33, nas Caldas da Rainha, a loja O Farol apresenta uma ampla gama de peças de cerâmica. A Revista Business Portugal esteve à conversa com Pedro Brás, ceramista de profissão e paixão, para conhecer o espaço contemplado com as suas autênticas obras de arte.

Natural das Caldas da Rainha, cidade onde a cerâmica e o Bordalo de Pinheiro são o ex-líbris, Pedro Brás conta com uma vasta experiência na cerâmica artística e tradicional. Com um longo percurso profissional, o nosso entrevistado, começou desde cedo a trabalhar e passou por diversas empresas. Nesses locais, deixou sempre o seu cunho pessoal marcado pela exigência e rigor no trabalho. Admite que está “sempre disponível para aprender com quem sabe mais do que eu e, ao mesmo tempo, estar com pessoas que têm um nível cultural acima do meu”. É desta forma que absorve a sabedoria que os demais lhe têm para transmitir.
A pensar sempre em novos projetos, passou o conhecimento que tinha para outras pessoas através da formação, em vários pontos do país, na área de pintura cerâmica. Quando regressou às Caldas da Rainha, iniciou funções numa empresa e, ao mesmo tempo, associou-se ao teatro. “Tinha de pedir dispensa no trabalho para me dedicar ao teatro e foi aí que decidi iniciar o meu negócio”, acrescentando ainda que “como não conseguia viver apenas com o teatro, tinha de ter outra atividade”. Atualmente, o teatro continua a fazer parte da vida do ceramista e a estreia da primeira peça, intitulada “Mitu, o palhaço mais versátil do mundo”, está marcada para dia 27 de março, nas Caldas da Rainha. Quando acompanhava o pai ao hospital, nas consultas de quimioterapia, fascinou-se pela “área da saúde e pela mente humana”. Sem mãos a medir, começou a trabalhar no hospital, em simultâneo com a cerâmica e o teatro, local onde permaneceu durante oito anos.

Peças singulares e com características distintivas
O artista, conta-nos que não cria duas peças iguais, apesar de, por vezes, terem o mesmo molde. Porém, todas têm a sua singularidade. As flores são as peças que mais gosta de elaborar, explicando-nos que coloca a sua impressão digital em todas elas. “É a minha marca”. Para além disso, constrói outro tipo de objetos em cerâmica, desde andorinhas, faróis e a galos fadistas – nome dado pelo artesão, para não os cingir aos galos de Barcelos. Em loja tem outros objetos que são de diferentes artesãos, objetos que se dividem em peças utilitárias e decorativas.

Farol, um elemento da sorte
Com um enorme conhecimento pela cerâmica, Pedro Brás, pôs em prática aquilo que não se fazia e daí surge a primeira peça, um farol que foi apresentado à Marinha Portuguesa. Posteriormente, deu início às réplicas dos faróis de Portugal que simboliza algo importante. “A palavra farol tem um significado especial para mim pelo verdadeiro sentido que ela tem, porque significa luz e é por isso mesmo que já trabalho em cerâmica há 40 anos”, assinala.

“A inspiração surge de uma observação constante”
Com um portefólio de peças de excelência, o interlocutor assegura que a maior inspiração que possui é “olhar para a natureza”. Acrescenta, ainda, que todas as vivências que foi adquirindo ao longo dos vários estádios da vida, como teatro e o trabalho no hospital, o ajudaram a fomentar as potencialidades artísticas. O artesão não hesita em afirmar que nunca descurou a parte criativa e que a cerâmica fez sempre parte do seu percurso. Enfatiza que tudo o que sabe até hoje se deve ao fator observação, “ver, fazer e depois aplicar”. Para rematar, defende que a teoria é importante, mas que a prática, que inclui a experiência de vida, tornam um artista mais completo em todas as valências.

Projetos para o ano de 2020
Com um projeto já consolidado, Pedro Brás, vai manter a qualidade e o bom gosto que o caracterizam. Certo dos seus objetivos, conta-nos que uma das próximas ambições será investir em galos de cerâmica com o azulejo português. “Vou escolher vários padrões mais clássicos e transpô-los para os galos. Quero dar ao turista a possibilidade de levar uma lembrança tradicional portuguesa”, explica-nos. Conclui a entrevista a afirmar que sente sempre que pode evoluir. Após quatro anos de existência, a loja O Farol, é uma aposta ganha e afirma que o sucesso advém do amor que o ceramista atribui a cada peça que constrói.

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