Liderar o mercado nacional com um software hoteleiro 100% português

A Host Hotel Systems (HHS), fundada em 1994 sobe a denominação Bilógica, com sede em Torres Vedras, surge no mercado para marcar a diferença. Pelas palavras de João Paulo Rodrigues, diretor de marketing, a empresa está direcionada para o desenvolvimento de software dedicado à hotelaria e restauração e conta com um crescimento exponencial no mercado.
Há 23 anos, dois amigos recém-licenciados, um na área de gestão e outro na área da engenhearia eletrotécnica, decidiram arriscar abrir uma empresa ligada às novas tecnologias, com foco nos sistemas de apoio à gestão. Na altura, juntou-se a eles Delfina Lourenço, que albergava uma vasta experiência internacional ligada à hotelaria e os desafiou a especializarem-se exclusivamente no mercado hoteleiro, visto não haverem muitas soluções disponíveis. Depois de fazerem um exaustivo estudo do parque hoteleiro nacional, decidiram então percorrer este caminho especializado nesse segmento de mercado exclusivo.
A empresa teve um arranque atribulado porque, apesar de estar preparada para o desenvolvimento de software, atraiçoaram os seus ideais e, em vez de desenvolverem o seu próprio sistema, resolveram encurtar o tempo de entrada no mercado optando por representações internacionais de sistemas. Foi um erro, porque tinham todos os dados do seu lado, só não tiveram paciência para perseguir a ideia original, como refere João Rodrigues.
Tudo começou então com representações de marcas, uma vez que sentiram uma boa abertura de outros países, acabando por as trazer para Portugal. Assim, em 1995, adquiriram a representação de uma empresa americana, especializada no mercado hoteleiro, a Hotel Information Systems (HIS). A HIS era uma multinacional líder na altura e que oferecia acesso a todo um know-how único em termos de contactos com grandes cadeias internacionais. Este foi o lado positivo, no entanto, mesmo tendo feito um levantamento exaustivo do mercado nacional, não relacionaram que o mesmo era incompatível com a representação destes sistemas devido à ‘pesada’, cara e inflexível tecnologia envolvida. Esta inflexibilidade, latente na adaptação aos requisitos específicos do mercado, rapidamente fez com que a própria HIS ficasse ultrapassada por novos concorrentes que iam surgindo. A Host, nessa altura, aprendeu a lição com custos humanos e financeiros, refere João Rodrigues.
Entretanto, a sucursal europeia da HIS foi alvo de um MBO que deu origem à Host Internacional, sediada em Innsbruck na Áustria. “Estávamos, salvo erro, em 1996/1997 e a nova companhia propunha-se trabalhar exatamente em cima das falhas da HIS com nova tecnologia, novas ideias (já muito próximas das ideias originais dos sócios da Host) e com isso iniciou-se um novo processo de abordagem ao mercado português com perspetivas renovadas”.
Não deixando de parte a ideia original de desenvolverem o seu próprio software, a HHS começa a ganhar os primeiros clientes e a seguir um rumo certo. Nesse ano junta-se à empresa Pedro Vieira, atualmente diretor de desenvolvimento, e iniciam um processo de programação de interfaces (ligações) com outros sistemas. Mais tarde, aproveitando uma crise interna da Host Internacional, fizeram uma viagem relâmpago a Innsbruck e decidiram apresentar serviços de desenvolvimento de software para a própria Host, concretizando com isto a tal ideia original.
“Anos depois, a Host Internacional abre falência, mas, nessa altura já mais 75 por cento do desenvolvimento era feito em Portugal e, como o nosso mercado não dependia da Host Internacional, essa falência não nos afetou e assumimos assim o controlo total da marca onde até herdamos alguns dos clientes da própria Host Internacional”.
A partir de 2007, já com o desenvolvimento 100 por cento nacional, a HHS apostou forte no desenvolvimento, aproveitando também para reforçar a equipa através da contratação de programadores internos.
Equipa especializada, cliente satisfeito
Com um crescimento bem sustentado, a Host Hotel Systems atualmente conta com uma vasta equipa de programadores altamente especializados e relacionados com a hotelaria. “Alguns deles veem de cursos de gestão hoteleira ou cursos ligados à área e que juntam todo o conhecimento tecnológico. Outros são ex-diretores de hotéis, chefes de receção ou pessoas com muita experiência em hotelaria. Todos os colaboradores têm de vir, de alguma forma, da hotelaria e isso é um fator diferenciador”, revela João Rodrigues.
Grupos como Altis, Turim, SANA, DHM, Heritage, Olissippo, Lágrimas, Alexandre Almeida, Hotéis Fénix, Hotéis Dom Pedro são alguns dos grandes clientes da empresa que mostram confiança em adquirir os serviços e soluções da Host.
No que diz respeito a locais distantes como as ilhas (Madeira e Açores), Espanha, Alemanha e Brasil, a HHS tem parceiros fortes que trabalham a marca. “Temos de garantir que nestes países/locais existem parceiros fortes. Aí é que está o core business. Eles têm de ser fortes implementadores, porque são eles os conhecedores da realidade local. Temos de os formar e investir lá”, sublinha o diretor de marketing.
Software português
Ao longo dos tempos, e sempre atentos às inovações que o próprio mercado pede, a Host Hotel Systems desenvolveu a atual versão do software denominada 10i. “i de internet, mais num conceito cloud, moderno e 100 por cento nacional”. Um fator que o diretor de marketing revela ser uma prova de que aquilo que é nacional também é bom.
João Rodrigues considera que o facto de terem um produto que é 100 por cento nacional, com rápido ajuste às inúmeras exigências da Autoridade Tributária e dos próprios clientes, fez com que isso se tornasse num fator diferenciador para adquirirem o estatuto de PME Excelência. Prémio este que visa salientar as empresas mais dinâmicas e com maior solidez financeira em Portugal.
Uma evolução simples mas progressiva
Considerada simples, a evolução da empresa tem sido evidente na media em que adquiriram o produto na versão 4 e depois passou para a versão 6, já com algum código feito em Portugal. Assim, começaram a trabalhar no código fonte e “houve um mix entre o desenvolvimento austríaco (original) e depois o nosso desenvolvimento”. Com isto, passaram para a versão 9 já com praticamente todo o código feito pela Host, em que ainda têm clientes a utilizá-la, pese embora descontinuada.
Todo este processo é caracterizado pelo conhecimento, pelo know-how e pela experiência no ramo da hotelaria.
A excelência do serviço está em permanência na linha da frente em que os recursos humanos são o ativo mais valioso da empresa e onde a Host tem investido bastante, sendo neste momento a empresa que mais técnicos tem a trabalhar só para o setor da hotelaria. Para tal existem também alguns pilares que não podem faltar de destacar, são eles a integração, a inovação, a flexibilidade (de manuseamento do software) e, acima de tudo, a proximidade com o cliente.
Estas características fazem com que a Host seja capaz de detetar “pequenos pormenores que fazem a diferença. Ajustamos o software à medida de cada cliente, ou seja, conseguimos oferecer aquilo que a maior parte das marcas por vezes tem dificuldade em oferecer e a hotelaria quer-se facilitada e integrada”, assinala João Rodrigues.
Para concluir e não esquecendo as perspetivas futuras, a Host Hotel Systems tem como principal objetivo consolidar o mercado nacional, apostando na qualidade de serviço e assistência técnica e também focar-se ainda mais na internacionalização, sempre com uma seleção rigorosa dos mercados em busca de parceiros fortes e com um contínuo crescimento muito bem sustentado.