Laranja Cacial: A simbiose perfeita entre doçura e acidez

Produzem a laranja, colhem-na e transportam-na. Quando chega ao armazém – equipado com a mais alta tecnologia – é lavada, encerada, calibrada e embalada. Foram os primeiros produtores a distribuir para as grandes cadeias de distribuição, não descurando nunca a qualidade dos citrinos que produzem. Falamos da Cacial. Na Cooperativa Agrícola de Citricultores do Algarve, o principal objetivo é o contínuo crescimento e o fortalecimento dos seus parceiros produtores. José Oliveira, presidente do conselho de administração e Horácio Ferreira, diretor geral, deram-nos a conhecer a empresa.

Caraterizem-nos a Cacial – Cooperativa Agrícola de Citricultores do Algarve.
A Cacial foi fundada em 1964 e opera há mais de 50 anos. Surgiu com uma necessidade dos produtores agrícolas, a de criarem uma estrutura que pudesse comercializar as laranjas do Algarve. Assim, juntaram-se e formaram a Cacial. Atualmente, considerando todos os associados e pomares próprios, estamos a falar de uma área de cerca de 1.200 hectares em toda a região do Algarve. A Cacial opera, anualmente, mais de 30 milhões de quilos de citrinos.

A Cacial faz a gestão e o equilíbrio de todos os produtores que trabalham convosco?
Sim. Neste momento temos 40 associados, mas trabalhamos com cerca de uma centena de produtores parceiros. No início da atividade, a cooperativa teve mais de duas centenas de associados, mas a reorganização e o cumprimento das regras do código cooperativo levou-nos à realidade dos dias de hoje. A Cacial faz, naturalmente, a gestão da produção e comercialização de todos os produtores que com ela trabalham.

Qual é a função da Cooperativa Agrícola de Citricultores do Algarve?
A Cooperativa Agrícola de Citricultores do Algarve é fundamental para que, com a associação de pequenos produtores, estes possam ter mais expressão no setor dos citrinos. Nós temos um departamento técnico e um departamento de campo. O departamento técnico faz todo o apoio necessário aos produtores – na produção, certificações, adubação – mediante a análise individual a cada um, determinando as intervenções necessárias. O departamento de campo procede à apanha e ao transporte da fruta, considerando vários fatores que determinam quando se deve fazê-lo, por exemplo, o grau de maturação da mesma.

Como caraterizam a evolução da Cooperativa ao longo dos anos?
O crescimento da Cacial aconteceu de forma contínua ao longo da sua atividade. Nos últimos dez anos crescemos muito. Tivemos anos consecutivos a crescer cerca de 30 por cento por ano, tanto ao nível das instalações, como da modernização de todos os equipamentos. Tivemos sempre a perspetiva de investir continuamente, mesmo na altura da crise. Investimento, esse, que se reflete não só na qualidade do produto, como também na possibilidade de fornecer os clientes. Nós fomos o primeiro operador a fornecer à grande distribuição. Só nesta central em Faro, temos cerca de 100 pessoas a trabalharem connosco.

Em Portugal, a Cacial fornece apenas para cadeias de grande distribuição?
Em Portugal fornecemos praticamente para as grandes cadeias de distribuição. Foi uma opção que tomamos, porque, para além de serem bastante exigentes ao nível da qualidade do produto, do ponto de vista económico são mais seguras. Ao seguirmos esta via, fomos “obrigados” a melhorar, porque os patamares de qualidade foram sempre superiores ao restante mercado, o que nos obrigou a uma melhoria permanente. Foi sempre um grande desafio para nós. Hoje, a grande distribuição representa cerca de 70 por cento do mercado de frescos – frutas e legumes – em Portugal e os restantes 30 por cento são ocupados pelo mercado tradicional.

Focando na internacionalização, a Cacial já está presente em vários países, nomeadamente da Europa e da América do Norte…
Sim. Estamos em Espanha, França, Alemanha, Suíça, Holanda, Dinamarca, para a Itália também enviamos algum produto. Já exportamos para o Canadá e para a Costa Rica; também para Cabo Verde e para Angola, mas por outros parceiros. Note-se que é preciso ter uma determinada escala para sermos capazes de ter uma resposta eficaz e para que tenhamos a capacidade de resolução caso haja algum problema.

A consciencialização das pessoas relativamente à parte ambiental é cada vez maior. Esse fator traduz-se na produção da laranja?
Há standards aos quais temos que cumprir, impostos pelo mercado. Contudo, daqui a uns anos será possível que se reverta essa posição, perante os problemas ambientais que se colocam, como por exemplo, a utilização de produtos fitossanitários. Caso se consiga mostrar que uma laranja que tem um pequeno defeito na casca, é igual (ao nível de qualidade) a uma que está fisicamente bonita, os consumidores perceberão e esperamos que o mercado passe a aceitar a chamada “fruta feia”. Para que não haja desperdício, nós fornecemos muito produto ao Banco Alimentar, anualmente cerca de duas centenas de toneladas – uma solução para combater o desperdício e tentar ajudar quem necessita.

A produção biológica é o caminho a seguir?
Há condições para caminhar por aí, porque o mercado evolui nesse sentido e é natural que a recetividade de “fruta feia” seja percecionada de forma positiva pelo consumidor. O biológico é o caminho, mas é extremamente difícil transformar toda a produção. Uma das soluções será produzir, de forma orgânica, um produto que seja feito de uma forma mais sustentada, onde se apliquem os produtos fitossanitários mais apropriados, diminuindo consequências nefastas para o meio ambiente. Contudo, é um caminho difícil, e serão necessárias medidas globais a nível regional.

A laranja é o segundo produto frutícola mais produzido em Portugal. Considera que a cooperativa é um meio de unificação para irem mais longe?
A organização da produção é que é importante, algo que faz falta no Algarve, e que seria uma mais-valia em todos os sentidos. Os produtores e operadores dos citrinos são pessoas que vingaram à custa de muito trabalho e compreende-se o facto de quererem continuar a trabalhar de forma individualizada. Para nós, o caminho não é esse, temos que trabalhar em conjunto. Por exemplo, a exportação para clientes de dimensão significativa só pode ser feita em iniciativas conjuntas. O mercado permite a operação de todos, mas se trabalharmos em conjunto teremos maiores benefícios para o bem comum – valorização da laranja do Algarve e posicionamento pela excelência. Assim todas as iniciativas que caminham nesse sentido são importantes, desde associações como a AlgarOrange até à Mostra Silves Capital da Laranja.

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