Junta de Freguesia da Eja: Um paraíso plantado entre rios

Com apenas 21 anos, Isabel Guedes foi eleita presidente da Junta de Freguesia de EJA. Hoje, com 23, a presidente rege-se por premissas de trabalho e dedicação direcionadas a uma freguesia pautada por paisagens naturais indescritíveis e um crescendo de dinâmicas sociais e culturais. Em conversa com a Revista Business Portugal, a “filha da terra” contou-nos os motivos da candidatura, os objetivos e projetos futuros para a freguesia do concelho de Penafiel.

O que a motivou ao cargo de presidente de Junta da Freguesia de EJA?
A minha motivação deve-se ao facto de o meu pai ter sido presidente de junta durante 12 anos. Cresci a ouvir política e sobre todos os assuntos ligados à freguesia. O meu pai não queria que assumisse este cargo, pretendia que eu estudasse e que depois pensasse nesta possibilidade.
Em 2013, foi criado um movimento independente e, em 2017, fui eleita através desse movimento – o MIME – Movimento Independente Mais EJA. Falei com várias pessoas para avaliarem a possibilidade de eu me candidatar, consequentemente reuni-as e dei a notícia em casa que iria avançar com a candidatura. Naquela altura tinha terminado a licenciatura em Psicologia, optei por continuar, integrando-me no mestrado em Neuropsicologia e Psicologia de Saúde. Dei prioridade aos estudos e consegui conciliar. Na contagem dos votos, das últimas autárquicas, o meu pai era ainda presidente da junta, quando comunicou os resultados da minha candidatura. Ganhei com maioria absoluta. O bichinho está cá dentro. Adoro isto. Tem corrido muito bem, mas dá muito trabalho, até por ser uma freguesia pequena e com recursos limitados. Temos de fazer uma gestão ao milímetro e já temos obras planeadas para os próximos dois anos.

De que forma caracteriza a sua Freguesia?
A Freguesia de EJA tem várias lacunas, nomeadamente nas artérias, ou seja, ainda temos ruas em terra batida. Uma das principais medidas é acabar com essas lacunas. Nestes dois anos, beneficiamos de duas artérias, uma na zona de Entre-os-Rios e outra em EJA. Temos mais alguns problemas que queremos ver solucionados e ainda a questão da população idosa. Não temos respostas para eles, pois não temos nenhum centro de dia, apenas nas freguesias vizinhas.

É objetivo criar um centro de dia?
Criar um centro de dia seria complicado. É possível criar algo de menor dimensão, como é o caso de um centro de convívio. Podem estar acompanhados por alguém, com atividades. Estamos a trabalhar nesse sentido para colmatar essa falha.
Uma vez que não temos respostas, temos criado algumas atividades dedicadas aos mais idosos. No Natal, por exemplo, temos o almoço para os seniores, de forma gratuita, onde se pretende recriar a ceia de natal.

E dispõem de outras atividades a pensar em toda a população?
Fazemos o dia da criança, ou seja, tentamos comemorar os dias mais especiais. Nesta época natalícia e conjuntamente com o convívio para os seniores, realizamos também a festa de Natal para as crianças. Juntamos avós e netos. Como não temos alunos a frequentar a escola primária, estamos a explorar a antiga escola, instalações cedidas pela câmara municipal e, com a ajuda de voluntários, temos tentando melhorar as condições do espaço, nomeadamente da cantina e das salas de aulas.

Que desenvolvimentos estão a ser feitos no que diz respeito ao turismo?
Em Entre-os-Rios temos tentado criar algumas estruturas para atrair mais visitantes, pois é uma zona turística. O setor privado tem investido ali, por ser uma zona bastante atrativa. Foi realizado, durante três anos consecutivos, o campeonato europeu de motonáutica. O turismo é uma aposta, principalmente na zona ribeirinha. Vamos entrar na época da lampreia, uma iguaria muito procurada. O Festival da Lampreia, realizado durante um fim-de-semana, conta com a participação de quatro restaurantes e é um espaço onde as pessoas podem degustar a lampreia por apenas dez euros. Relativamente ao turismo religioso, temos na quinta e na sexta-feira santa as celebrações religiosas das “Endoenças”, celebrações que se fazem há mais de 300 anos, a particularidade é que temos 50 mil tigelinhas a iluminar as margens do rio Douro e do rio Tâmega.

“Filha da terra”, nasceu e cresceu aqui. De que modo é que essa proximidade facilita o trabalho que tem feito na freguesia?
O contacto com a população e o facto das pessoas já me conhecerem é uma mais-valia. Como estou na Junta existe uma maior empatia com a população e tento chegar a todas as gerações. Apesar de não haver as respostas necessárias na freguesia, tentamos chegar a todas as pessoas através de várias atividades que disponibilizamos, como é o caso dos cursos de formação profissional, essencialmente para desempregados, cursos ministrados na sede da Junta de Freguesia, desde o início do mandato.

Que conselhos daria a novos presidentes de juntas de freguesia para enfrentarem desafios como a Isabel o fez até à data?
Encontrei desafios logo no início, em plena campanha. Devemos ter persistência, não desistir no primeiro obstáculo e acreditar naquilo que queremos e, acima de tudo, não tentarmos ser o que não somos. Neste caso, acreditei que iria correr bem.
Atualmente, o que pretendemos é que Freguesia de EJA possa acolher todos aqueles que a quiserem visitar de uma forma assídua, para verem a nossa gastronomia, cultura, paisagens e identidade histórica que nos singulariza bastante.

You may also like...