In Cycles: Uma marca portuguesa de bicicletas, emerge no mercado europeu

A In Cycles soube pedalar contra a crise, a concorrência e o tempo. Da competição ao lifestyle, passando pelas elétricas e todo-o-terreno, a empresa produz bicicletas para todos os gostos, tamanhos e fins.

As bicicletas são uma tendência na mobilidade urbana, com uma representação significativa nas grandes cidades europeias. Portugal é o segundo maior exportador de bicicletas da Europa. Mas afinal o que torna as bicicletas portuguesas tão apetecíveis? A resposta é simples: qualidade. “A nossa preocupação é trazer para a produção de bicicletas tecnologia, inovação e qualidade na montagem”, aponta João Maia, administrador da In Cycles.
O calendário marcava o ano de 2009 quando a empresa nasceu em Águeda – considerada a ‘capital das duas rodas’-, onde chegaram a existir perto de 70 empresas de bicicletas. Poucas conseguiram pedalar contra a crise e a concorrência asiática, que colocava no mercado produtos a preços muito difíceis de bater. João Maia está ligado ao ciclismo praticamente desde que iniciou a sua vida profissional: “desde 1960 que a minha família esteve sempre e diretamente ligada ao negócio das duas rodas, portanto tinha o conhecimento e experiência profissional suficiente para criar o meu próprio negócio”, referiu. A In Cycle é hoje especializada na montagem e comercialização de bicicletas e trabalha com algumas marcas de referência mundial.
Desde cedo que a estratégia da empresa foi a internacionalização. De toda a produção, 90 porcento é destinada para exportação, com enfoque no mercado europeu. “Temos de ter a capacidade de nos adaptar às necessidades do mercado”, sublinhou João Maia. O sucesso da In Cycles parte dessa visão, tornando-se numa empresa com foco no cliente, nas suas necessidades e analisando regularmente aquilo que o mercado vai ditando. Essencial ao crescimento tem sido a eficiência com que conseguem responder a uma encomenda: “hoje ninguém quer ter muito stock, com risco de ter prejuízo. É por essa razão que temos de ter a capacidade para dar resposta a grandes encomendas, com prazos apertados e exigentes. Temos orgulho em dizer que conseguimos dar essa resposta em poucos dias, enquanto na China o mesmo processo demora no mínimo dois meses”, explicou.

Cycles-Eleven, uma marca de qualidade
Lançada no mercado, a In Cycles foi, desde a sua génese, recolhendo experiência para que, em 2011, criasse a sua própria marca – a Cycles-Eleven. “Decidimos a determinada altura criar a nossa marca. Tínhamos muita procura pela relação de preço/qualidade e decidimos juntar a isso o valor acrescentado que podemos dar à bicicleta no design e na qualidade da montagem e materiais utilizados”, elucidou João Maia.
Assim se tornaram uma das primeiras marcas portuguesas com uma gama alargada. São bicicletas para todo o tipo de utilizador, com diversas características e um design irreverente. “Temos uma equipa de desenvolvimento muito atenta e profissional. Fazemos o desenho das nossas bicicletas e atentamos muito no design, na funcionalidade e na inovação”. Entre o grande leque de escolha entre os velocípedes da Eleven, destaca-se a gama alta, com bicicletas de carbono equipadas com componentes de altíssima qualidade.
O facto de a In Cycles trabalhar com marcas de referência no mercado do ciclismo deu estrutura e conhecimento suficiente para criar modelos tão bons como os das grandes marcas mundiais, embora a um preço mais baixo. Hoje o mercado é presenteado com as bicicletas da marca Cycle-Eleven e, Portugal, ganha, assim, um prestigiado estandarte de qualidade.
“Com a nossa marca estamos a trabalhar na nossa autonomia. Desta forma não estamos dependentes de terceiros para o sucesso do negócio. Hoje os grandes grupos e as grandes marcas mudam de fornecedor de um momento para o outro e temos de ter uma posição de precaução”, frisou João Maia.

Serviço personalizado
A personalização é um dos fatores diferenciadores da In Cycles. “Garantimos todo o processo de produção, feito à medida de cada cliente. Reunimos condições únicas em Portugal que acabam por agradar ao cliente, e temos alguns trabalhos que mais ninguém faz, como por exemplo a pintura e personalização dos quadros”.
O processo de desenvolvimento é feito em grande parte pelo cliente, no entanto, a In Cycles tem uma equipa de desenvolvimento capaz de criar qualquer tipo de bicicleta, personalizável no mais pequeno detalhe: “montamos uma grande variedade de modelos, desde as bicicletas de turismo até às de competição”.

Aposta nas E-bikes
O mundo é uma constante metamorfose, num tempo acelerado, em que as novas tendências correm e se propagam sobre rodas. Já não é necessário, contudo, ter pedalada para seguir os caminhos dos novos tempos. A questão da mobilidade é uma das grandes preocupações contemporâneas, aliada a uma crescente consciencialização coletiva relativamente à pegada ambiental. Tenta-se pôr um travão nos engarrafamentos rodoviários e dar luz verde a soluções inovadoras, onde a energia elétrica é propulsora de rumos mais sustentáveis.
As bicicletas elétricas, ou E-Bikes, “são uma tendência em grande crescimento nos centros urbanos”. Conscientes desta realidade, a In Cycles adaptou-se: “temos já uma nova unidade fabril que desenvolvemos em apenas dois meses. Está focada nesta área e este ano vai produzir 70.000 bicicletas. Tem três linhas de montagem e uma produção diária de até 600 bicicletas elétricas”, referiu João Maia.
Com a presença das E-Bikes todos ganham uma nova vida, uma existência elétrica. São mais do que um passatempo. São sinais claros, sem fumos ou gases poluentes, do tempo a passar, numa viagem com luz verde para os avanços tecnológicos. E mais verde para o planeta.

Em parceria com a Abimota para dar voz ao setor
A Associação Nacional das Indústrias de Duas Rodas (Abimota) representa um parceiro fundamental para as empresas que atuam no mercado dos velocípedes. João Maia destaca: “Devemos muito à Abimota, que tem feito um grande trabalho no setor. É também devido às intervenções de algumas empresas e instituições que este sector tem, atualmente, um futuro muito risonho. Felizmente vive-se um momento bom no mercado internacional e a nossa bandeira já é um símbolo de qualidade, este é um trabalho que não pode ser feito apenas por uma empresa. Hoje as grandes marcas olham o mercado português como potenciais parceiros”.
O mercado das bicicletas tem crescido em Portugal e têm sido várias as intervenções legislativas para que os centros urbanos sejam cada vez mais verdes, com a utilização de velocípedes. Ainda assim, para o João Maia estas medidas são ainda “muito pouco”, mas as iniciativas poderão significar um novo olhar de Portugal em relação à bicicleta — já que, lá fora, os mercados têm os olhos postos nas bicicletas portuguesas. Na In Cycles a produção em massa continua, agora atentos a novos clientes.

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