Givachoice: A Alta-costura num atelier em grande escala

Conceição Barbosa, Ana Almeida e Ricardo Almeida

O barulho típico das máquinas de costura recebe-nos. As cores e as texturas, desde logo, encantam quem aqui chega. Os tecidos e as linhas são, desde o primeiro momento, uma mostra do que aqui vamos encontrar. Os botões, as lantejoulas, os pelos e o brilho que ressalta demonstram o que aqui se cria, a alta-costura mundial. E todos os cantos e recantos são uma montra do que aqui se faz. Convidamos o leitor a percorrer connosco a Givachoice, a empresa portuguesa que é procurada por todos os costureiros, marcas e estilistas de renome internacional.

Conceição Barbosa, Ana Almeida e Ricardo Almeida são os mentores de um projeto que carrega consigo a experiência, o know-how e o conhecimento de mais de quatro décadas. “É na crise que se conhecem os empreendedores e aqueles que sabem melhor fazer, porque fazer em alturas sem dificuldades, todos sabemos e fazemos bem”. É com esta afirmação que Conceição Barbosa, diretora de produção, nos remete ao ano de 2011, mais propriamente ao dia 28 de novembro, data em que a Givachoice foi criada. “Numa altura de crise profunda, decidimos avançar com o nosso projeto, pois sabíamos que a ‘bagagem’ que carregávamos connosco seria sinónimo de sucesso”. E assim foi. A 2 de abril a empresa sedeada em Seroa, Paços de Ferreira, começou a laborar com 50 funcionários. Hoje acolhe 200.

A alta-costura mora aqui

A Givachoice tem, desde a sua fundação, o intuito de desenvolver peças únicas de alta-costura com um elevado conjunto de critérios de qualidade, um setor altamente especializado e em exponencial crescimento em Portugal. “As grandes marcas procuram Portugal por diversas razões, nomeadamente a segurança que o país transmite em tempos tão atribulados como os de hoje, o preço, que é bastante competitivo, mas acima de tudo a qualidade, um marco e uma característica que Portugal implementou desde sempre nos seus trabalhos nas mais diversas áreas, como o têxtil e o calçado”, evidencia Ana Almeida, Diretora Geral, acrescentando que o que o “Made in Portugal” é já uma referência no mercado externo. Ricardo Almeida, Diretor financeiro, confidencia à Revista Business Portugal que o crescimento da Givachoice foi exponencial desde o primeiro minuto, fruto da necessidade de responder às exigências de um mercado já por si exigente. O crescimento abrupto registado nos primeiros anos de atividade foi o espelho de um investimento nos seus clientes e em recursos humanos qualificados. “Este ano estamos a prever crescer cerca de 30 por cento”.

Além do edifício-sede e principal foco do trabalho realizado pela Givachoice, contam ainda com uma filial, onde é confecionada a maior parte da sua produção com vestuário de criança. Além disso, e de modo a conseguir responder ao volume de encomendas que recebem, a Givachoice recorre à subcontratação, utilizando parceiros estratégicos. “Estamos num segmento de mercado de luxo, de mão de obra altamente qualificada”, sublinha Conceição Barbosa, complementando que “somos um atelier de alta-costura gigante”. E se é de alta-costura que falamos! “Chegamos a criar coleções tão exclusivas que têm apenas uma peça. Criamos uma única peça para cada tamanho e está completa. Algumas são tão exclusivas que saem daqui personalizadas”, elucida-nos Ana Almeida. “Não temos uma produção massificada e é sempre altamente qualificada. Desenvolvemos e produzimos artigos de luxo para senhora e criança”, realça Conceição Barbosa. “Este nosso posicionamento permite-nos estar num patamar de excelência a nível internacional”, acrescenta.

A Givachoice pelo mundo 100 por cento da produção da empresa de Paços de Ferreira é destinada ao mercado externo. A nível europeu, podemos encontrar as peças que aqui são produzidas em Inglaterra, França, Espanha, Itália (a referência do têxtil por excelência) e ainda nos Estados Unidos da América, uma das mais recentes apostas da Givachoice e que está em franca expansão.

A formação como aposta primordial

Num segmento que é cada vez mais tecnológico e em constante evolução, a formação revela-se primordial para o sucesso de todos. A mão de obra qualificada nesta área assume uma importância tal que é Conceição Barbosa, Ana Almeida e Ricardo Almeida  Diretora de produção, responsável de produção e diretor financeiro

impossível descurá-la. Por isso, a Givachoice tem diversas parcerias com algumas escolas de formação profissional, nomeadamente a Modatex e a Árvore, a escola de artes de referência da área metropolitana do Porto. Uma outra estratégia que se tem revelado uma boa aposta passa por uma equipa multidisciplinar no que à idade e experiência diz respeito. “Aqui incentivamos à troca de conhecimentos, pelo que a nossa equipa, além de multidisciplinar, conta com elementos de diversas idades e os mais novos ensinam os mais velhos e vice-versa. Porque há sempre algo de novo, ou de velho, para aprender”, graceja Conceição Barbosa. “E notámos que essa é uma das grandes mais-valias da Givachoice”, reforça. Com um investimento constante em nova maquinaria e cada vez mais tecnológica, a formação profissional contínua e constante é uma premissa que esta equipa não dispensa. “Temos formações constantes e gostámos de realçar que temos técnicas de costura e não costureiras, pois todas têm formação que lhes confere esse estatuto”, diz, com orgulho, a diretora de produção. “Muitas pessoas são formadas aqui”, revela Ana Almeida. E este é o reflexo do que acontece no espaço da Givachoice, que é, em simultâneo, uma escola. “A formação em contexto de trabalho é fundamental e sentimos que é aqui que se aprende, efetivamente, a trabalhar e se absorve o que é necessário para trabalhar no mundo do têxtil”.

Investimento tecnológico

“A tecnologia será uma componente muito importante dentro do processo produtivo da Givachoice, em todas as fases, começando no corte até ao acabamento da peça”, refere Ricardo Almeida. “Tudo no que a tecnologia puder ajudar para que a técnica de costura vá mais além é o tipo de investimento em que estamos a apostar”, complementa. A mais recente aquisição trata-se de uma máquina de corte ‘folha a folha’, com capacidade de evolução para corte de tecidos com estampados posicionais, riscas e xadrez de forma contínua e automática. A máquina integra um sistema de câmaras de alta resolução que possuem a capacidade de reconhecer formas ou padrões existentes no tecido. Esta nova máquina, que chegará, conta com uma tecnologia diferente das demais, pioneira em Portugal, e por consequente será alocado um técnico italiano que estará encarregue de proporcionar formação a funcionários e a outros profissionais da área externos à Givachoice. Ricardo Almeida revela o objetivo do investimento , “numa procura contínua de melhoria da qualidade, baixando o custo de produção”.

Um futuro verde

Cientes de que o mundo da indústria têxtil não é referenciado por uma ‘pegada verde’, Conceição Barbosa revela que a Givachoice tem o projeto, a médio prazo, de se tornar uma empresa 100 por cento  amiga do ambiente. “Já começámos a implementar algumas medidas nesse sentido, nomeadamente a separação de resíduos, pois nesta indústria há muito despercídio para além do tecido, sejam plásticos, papel, entre outros. Está em estudo um projeto que reutilize os desperdicios texteis que existe do decorrer da nossa atividade”. Em cima da mesa está também o projeto de que todas as viaturas da empresa sejam elétricas, “pois com vários polos de produção estamos em deslocações constantes e tornar toda a nossa frota elétrica é uma mais-valia para todos, principalmente para o ambiente”, diz Ricardo Almeida.

Nesse sentido, já existem algumas viaturas elétricas e há ainda um projeto para o auto-consome através de painéis fotovoltaicos para a produção de energia elétrica. “Contamos instalar este sistema no decorrer do próximo anos”, completa o nosso interlocutor. Questionada sobre o futuro, a diretora geral confidencia à Revista Business Portugal que, finalmente, a Givachoice vai lançar, já em 2018, uma marca própria. “Era um projeto e uma ambição que cultivávamos há muito tempo e que, finalmente, conseguimos reunir as condições necessárias para avançar com o projeto”. O nome da marca? Esse continuará no segredo dos Deuses por mais algum tempo.

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