Fundação Patrono de Santo António: Servir quem já serviu, com amor, alegria e competência

Com 76 anos de existência, foi na freguesia de Sabrosa, em Vila Real, que nasceu a Fundação Patrono de Stº António, uma associação de beneficência, educação, instrução e recreio para crianças, inicialmente apenas do sexo feminino. Mais tarde, já em 1989, uma nova presidência veio trazer novas valências a esta instituição, abrindo as portas também a crianças do sexo masculino e a idosos, num aproveitamento dos apoios que o Estado ia providenciando. E foi numa sala repleta de idosos que a Revista Business Portugal foi acolhida com um sorriso pelo Padre José Óscar Mourão, atual presidente da fundação e por Conceição Lapa, diretora técnica da mesma.

Ambos fizeram questão de salientar o caminho que já foi percorrido até aos dias de hoje. “Esta foi a primeira instituição/fundação do concelho a prestar serviço de apoio domiciliário, e a única na vila com resposta de centro de dia. Acolhemos os idosos durante o dia e prestamos-lhes também apoio domiciliário, logo, a nossa atividade, neste momento, é sobretudo voltada para os idosos”.

São 17 as pessoas que trabalham na Fundação Patrono de Stº António sob a missão “servir quem já serviu, com amor, alegria e competência, fazendo o bem, bem feito”.

O foco é servir os mais idosos, relembrando que também eles já levaram uma longa vida de serviço aos outros. E as atividades propostas aos idosos são muito vastas, numa tentativa de evitar o isolamento e a solidão. “Os idosos desenvolvem muitas atividades, nomeadamente na área da psicomotricidade, atividades de estimulação cognitiva e sensorial. Tentamos que estejam todo o dia ocupados”.

A instituição tem acordo de cooperação para de utentes em centro de dia, e atualmente acolhem 20, que é a capacidade máxima desta resposta. “Muitos deles são da resposta de serviço de apoio domiciliário, mas não tendo retaguarda familiar durante o dia, passam-no aqui connosco. A maioria deles até são das aldeias vizinhas. Eles gostam de passar aqui o dia. Preferem isso a ficarem sozinhos”, afirma o pároco.

O serviço de apoio domiciliário, sendo um dos mais requisitados, abrange variados serviços, designadamente a alimentação, higiene habitacional, tratamento de roupa, higiene pessoal, transporte e acompanhamento dos idosos a consultas médicas; administração de medicação, quando prescrita pelos médicos; aquisição de bens e géneros alimentícios, entre outros.

O espaço físico encontra-se lotado e existe uma lista de espera para o centro de dia, tamanha é a procura.

Apesar de ser uma fundação que ajuda várias pessoas do concelho, continuam a carecer de muito apoio, principalmente para algumas situações inesperadas que vão surgindo. “A autarquia colabora connosco no que pode, tanto em transporte para que os idosos possam sair da rotina, como com alguns subsídios que nos vão atribuindo. Estas casas vivem sempre muito no limite das suas capacidades porque vão surgindo com frequência situações de resolução a curto prazo, como por exemplo a compra de uma carrinha, avaria de uma máquina, necessidade de fazer obras, entre outras. Temos no concelho empresas pequenas, por isso por aí não temos tido muito apoio. Talvez os pequenos empresários, não estejam muito sensibilizados para contribuir para causas sociais”, lamenta Conceição Lapa, diretora técnica da fundação.

Segundo o Padre José Mourão, “a sociedade civil devia ter mais carinho pelas suas instituições. Elas estão presentes há muito anos, a tratar dos familiares e amigos e, um dia, poderemos todos precisar delas”.

Para além de algumas carências materiais, a instituição sente também na ‘pele’ os problemas de saúde que alguns dos idosos têm. “Neste momento, a realidade que temos é de pessoas com mais demências e mesmo que as tentemos estimular, pouco reagem. Tivemos que acabar com a nossa participação no torneio Boccia Sénior – Zona Douro, porque deixamos de ter equipa para participar, são necessárias seis pessoas, relativamente autónomas e neste momento não conseguimos participar em campeonatos. Mas vai-se jogando de vez em quando para estimulação e não com espirito de competição”.

Quanto a ambições para o fututo, os nossos interlocutores não escondem o sonho de criarem uma ERPI – estrutura residencial para idosos, o que implicaria ter outro espaço fisico, elaborar uma candidatura para obter finaciamento, contar com apoio da autarquia e parcerias com outras instituições.

Segundo os dois representantes da instituição, a procura que têm justificaria o investimento. “Uma ERPI está, efetivamente, a fazer falta. As que temos não dão resposta ao concelho. Enquanto instituição, sentimos essa necessidade uma vez que vamos perdendo clientes, porque deixam de ter condições para as respostas que oferecemos. No entanto, ainda não aprofundamos a ideia enquanto projeto, mesmo tendo alguma procura para esta resposta”.

Atualmente, a primordial preocupação é conseguir manter a instituição para o futuro, a nível financeiro, manter a sustentabilidade, o que é complicado. “Temos o apoio do ISS, I.P.,  mais concretamente do Centro Distrital da Segurança Social de Vila Real, o que é muito pouco para as necessidades de hoje em dia. Queremos manter os postos de trabalho e trabalhar, de facto, com qualidade. Cada vez com mais qualidade. Chegar aos clientes com amor e carinho”.

Na Fundação Patrono de Stº António é visível o carinho e apreço que a equipa de profissionais possui pelos mais idosos e tentam concretizar os desejos que ainda lhes restam. “Temos tentado aproveitar a sabedoria deles, no que diz respeito a cultura, histórias, saberes. Eles sentem-se úteis e gostam de partilhar aquilo que trazem da sua vida. Além disso, a maioria é católica e, aqui, também têm momentos de oração em conjunto, rezam o terço todos os dias”.

Pormenores que fazem a diferença no conforto deste grupo sénior.

You may also like...