Fatores de risco e consciencialização do CEC

Dr. César Martins, Assistente Hospitalar Graduado de Dermatologia do Serviço de Dermatologia do Hospital Distrital de Santarém

O Cancro Espinocular Cutâneo em Portugal, nas palavras de quatro especialistas.

 

A prevenção, o diagnóstico e o tratamento são questões que se colocam a todas as patologias. No que diz respeito ao Carcinoma Espinocelular Cutâneo (CEC), que fatores de risco potenciam mais o surgimento da doença?

O carcinoma espino-celular (CEC) é um tumor maligno com alta prevalência. O CEC aparece sobretudo em pessoas com mais de 50 anos do sexo masculino. Surge habitualmente nas orelhas, face, lábios e boca, e pode rapidamente dar origem a grandes tumores. Se não for tratado no seu início, pode metastizar (isto é, afetar órgãos para além da pele). Quando o tratamento é realizado precocemente a probabilidade de cura é, porém, de 95 por cento. São consideradas de risco as pessoas com pele e cabelo claro, com sardas, e com história de exposição ao sol (ultravioletas), frequentemente relacionada com a profissão – agricultura, pesca ou construção civil. Os solários são outra fonte importante de ultravioletas, sendo responsáveis por um risco adicional e não controlado. Os antecedentes familiares e pessoais também são relevantes, na medida em que os hábitos de exposição solar na família condicionam muitas vezes o comportamento do individuo. Por outro lado, quem já teve um CEC tem maior probabilidade de ter outro. No geral, uma pele que sempre queima e nunca bronzeia é considerada uma pele de risco. Numa altura em que tanto se fala de imunidade, interessa aqui também frisar que um sistema imune enfraquecido (como após transplantes, na leucemia e no linfoma, durante alguns tratamentos imunossupressores ou na presença de uma imunodeficiência como o HIV) é outro fator de risco importante para a agressividade do CEC. A existência de lesões pré-cancerosas – queratose e queilite actínicas – assume especial importância. As queratoses são lesões múltiplas, em áreas expostas ao sol e as queilites aparecem como gretas ou fissuras dos lábios, por vezes recobertas de crostas. Neste caso, o tabagismo é fator de risco concomitante. Confere também risco a exposição crónica ao alcatrão, tratamentos prévios de radioterapia e cicatrizes antigas. Especial atenção merece a infeção pelo HPV (vírus do papiloma humano), pela sua alta prevalência na população. Na consulta de Dermatologia, o diagnóstico do CEC é feito pelo exame clínico, com o auxílio da dermatoscopia digital (aparelho que aumenta e capta características próprias da lesão) e da realização de biópsia.  A biópsia permite a confirmação histológica do tumor e a obtenção de informação adicional para determinar a agressividade, decidindo o procedimento terapêutico mais adequado.

 

Sendo o CEC muito pouco conhecido do grande público, que medidas ou ações acha que deviam ser tomadas no sentido da consciencialização desta patologia?

A conscientização sobre esta patologia já existe, de forma implícita, na medida em que as pessoas sabem que devem ter cuidado com o sol. O difícil de obter é a mudança do seu comportamento. A pele é um órgão de fácil acesso, tornando o rastreio fácil. Aos olhos de um Dermatologista, a maioria dos CECs é facilmente diagnosticada. Assim, o objetivo de qualquer ação é captar a atenção dos indivíduos em risco, de modo a que sejam observados precocemente. Estas ações têm sido desenvolvidas com regularidade, incidindo tanto na população em geral como em grupos de risco, como os trabalhadores rurais, os pescadores ou os operários da construção civil. Várias equipas, englobando Dermatologistas, têm feito um esforço para rastrear os principais tumores de pele e orientar os doentes para serviços hospitalares diferenciados. Os indivíduos de risco são sensibilizados para uma mudança de comportamento em relação ao sol e as lesões pré-cancerosas são de imediato tratadas. A palavra de ordem é a prevenção.

 

 

Em 2018, foi estimado que o CCNM tenha causado 65.000 mortes globalmente.

 

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