Ensino e cooperação em português

A Revista Business Portugal rumou até Lisboa, até à AULP – Associação das Universidades de Língua Portuguesa e entrevistou o Professor Doutor Orlando da Mata, presidente da AULP, no sentido de saber quais os desígnios que traça para esta imprescindível e notória associação.

A Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP) é hoje a mais prestigiada organização associativa de universidades do espaço lusófono, com mais de 140 membros. De que forma a AULP promove a cooperação e troca de informação entre Universidades e Institutos Superiores dos oito países de língua oficial portuguesa e Macau?
A AULP é uma associação unida pela lusofonia, mas também representativa da diversidade geográfica, da multidimensionalidade dos valores culturais, da pluralidade e validade dos diferentes saberes e culturas científicas reunidas numa só associação. Desenvolvemos um trabalho que não dispensa a revitalização da rede das universidades de língua portuguesa, tendo em conta as diferentes culturas lusófonas; a expansão do papel da língua portuguesa no que toca à disseminação do conhecimento científico, procurando impulsionar a investigação no Ensino Superior; e a promoção da mobilidade de estudantes e professores no campo da educação e da investigação científica.

A língua portuguesa une hoje milhões de pessoas espalhadas por quatro continentes. Torna-se imperativo reconhecer a importância e força desta comunidade, bem como do seu contributo em setores como a investigação?
Ao longo das diferentes latitudes – compreendidas através da partilha da língua portuguesa – a AULP reconhece os desafios para o desenvolvimento económico e humano, e simultaneamente promove um ensino superior de qualidade, a capacitação técnica das universidades e o desenvolvimento de protocolos de cooperação bilaterais e multilaterais. Com o intuito de atenuar essas diferenças (geográficas, culturais, científicas e até mesmo económicas) a AULP promove encontros anuais itinerantes entre os seus próprios membros e representantes políticos, nos quais se promove a distribuição geográfica e a recolha de contribuições das várias latitudes. Através do Programa Mobilidade AULP contribuímos para a internacionalização e enriquecimento do debate científico entre os membros da comunidade. O Programa de Mobilidade AULP é o primeiro programa internacional académico dedicado ao intercâmbio entre Instituições de Ensino Superior de países de Língua Oficial Portuguesa e Macau (RAEM, China).

É reitor da Universidade Mandume Ya Ndemufayo e assume desde 2017 os desígnios da associação. Quais considera serem os principais desafios que se colocam no futuro à AULP?
Estabelecemos objetivos prioritários e de concretização das nossas atividades; um trabalho empenhado e cumulativo que tem abraçado o desafio da mobilidade de estudantes, contribuindo para a internacionalização. Os esforços da AULP passam por ultrapassar constrangimentos, incentivando ações conjuntas, a mobilidade de estudantes e a partilha de informações de forma a promover a importância da Língua Portuguesa na investigação científica. Enfrentando os desafios atuais para a paz e desenvolvimento sustentável, como líderes do Ensino Superior num mundo em mudança, e líderes de associações e organizações não governamentais, devemos apoiar determinados padrões éticos e de responsabilidade social para os direitos humanos, ambientais e de educação para todos, bem como a promoção da cooperação, capacitação de recursos humanos e novas formas de liderança democrática. Para superar os desafios da globalização e desigualdades geográficas, a AULP compromete-se a contribuir com conhecimento científico e a desenhar estratégias de cooperação, administração e capacitação académica das culturas lusófonas num mundo em mudança.

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