Ecorritel: O ambiente em primeiro lugar

Lídia Barbosa trabalha na área da gestão dos resíduos há mais de 20 anos. Hoje, dona de uma empresa de gestão de resíduos, a Ecorritel, fala dos desafios que enfrenta todos os dias neste negócio e de que forma os ultrapassa.

Tudo começou com uma necessidade de lutar contra uma situação de desemprego por parte de Lídia Barbosa e do seu marido. Rapidamente, o casal percebeu que o levantamento do lixo e o seu tratamento poderia ser uma oportunidade de negócio com algum sucesso. “Eu e o meu marido, todos os dias, após o fecho das lojas no Porto, andávamos à frente dos lixeiros a recolher todo o papel para vender. Comecei num pequeno espaço, fui aumentando e fui para o Bonfim, onde tinha espaço para aumentar o negócio e abranger a parte da sucata e dos metais”.
Após muitos anos com a Ecorritel num armazém no Bonfim, Lídia viu-se obrigada a mudar para a zona industrial de Ermesinde, onde está desde abril de 2019. A empresária explica que para ter este negócio são necessárias muitas burocracias e ter um espaço totalmente adequado ao tipo de recolhas e de serviços que disponibiliza ao público. “Em primeiro lugar, é necessário ter uma licença do Ministério do Ambiente, a dizer que somos autorizados a trabalhar nesta atividade com materiais perigosos, depois somos alvo de vistorias e uma série de burocracias que temos de tratar para que possamos ter a porta aberta”.
A área da gestão de resíduos é cada vez mais falada na sociedade, mas existem dificuldades que acabam por condicionar o trabalho de todos aqueles que têm negócios na área. “Hoje em dia exigem-nos coisas que acabam por não nos deixar fazer o nosso trabalho da forma como queremos e como gostávamos de fazer”, afirma Lídia Barbosa. “Os procedimentos a que nós estamos obrigados acabam por nos restringir e acabam por afastar os nossos clientes, porque as pessoas que cá vêm acabam por ser prejudicadas também”.
A legislação, a que as empresas de gestão de resíduos estão sujeitas, é, para Lídia Barbosa, um dos grandes problemas que poderia ser melhorado. “Existe legislação a mais. Existe burocracia que não serve para nada, só mesmo para complicar. Todos os processos são muito lentos e nós, que somos pequenos, somos sempre os mais prejudicados”.
Bruno Pinto, filho de Lídia, é da opinião de que a legislação é necessária, mas que a lentidão acaba por tornar tudo mais difícil. “As leis são necessárias. Nós trabalhamos com materiais perigosos e estamos numa área que precisa de ser monitorizada, mas se agilizassem todos os processos e não fosse tudo tão lento e se não atrasassem tudo o que é burocracia, para nós, os mais pequenos, era tudo mais fácil”.
Existem associações desta área que já tentam criar linhas de comunicação entre as entidades que regulam estes negócios e as próprias empresas. Lígia Barbosa e Bruno Pinto são associados de uma – a APOGER – e dizem que este tipo de iniciativa os ajudam a conseguir chegar até onde não conseguiram de outra forma.
Para o futuro, Lídia Barbosa diz que a Ecorritel passa pelo filho Bruno. “Ele é o futuro da empresa. Já está cá desde novo e acho que ganhou gosto por este negócio. Eu sei que ele tem sempre atenção aos erros que fui cometendo para que o caminho seja feito com muita ponderação”.
Bruno orgulha-se de dar continuidade ao negócio dos pais e de conseguir manter-se ativo nesta área. “É sempre um desafio continuar o trabalho que a minha mãe começou, mas vou fazê-lo com todo o orgulho e sempre atento a tudo o que já foi feito para não cometer os mesmos erros”.

You may also like...