É uma marca portuguesa com certeza

Em 2014 era registada a marca Daily Day, quando já havia um background bem mais vasto. Fruto de uma cultura familiar ligada ao têxtil, a marca que estava virada para mercados externos, viu o jogo virar em 2020. Em entrevista à Revista Business Portugal, Filipe Prata, diretor-geral da Daily Day, falou-nos da empresa que produziu das primeiras máscaras sociais a serem certificadas pelo CITEVE.

 

Recuando até 1934, vemos o início do percurso da família Prata no sector têxtil. O avô do nosso entrevistado, Manuel Prata, decidiu tirar o curso de Alfaiate, no Porto, tendo praticado a profissão toda a vida. Pai de cinco rapazes e cinco raparigas, passou o legado e, especialmente os rapazes, foram treinados na alfaiataria. Alguns desses criaram indústria, incluindo Emanuel Prata, o pai do nosso entrevistado, que criou a sua primeira empresa em 1981: a Prata & Borges, hoje conhecida como Daily Day Studios.

Apesar da terceira geração da família ter seguido áreas distintas, os irmãos Filipe Prata, Ana Prata e Mário Prata, acabaram por se aproximar do negócio da família há cerca de dez anos e, desde então, o negócio tornou-se praticamente a 100 por cento exportador.

Sendo objetivo criar uma marca própria, em 2014, a marca Daily Day nasce para o mundo, marcando presença on-line, mas também física. Neste momento, a fábrica está sediada em Paços de Ferreira, havendo mais dois espaços no Grande Porto: uma loja no CC Bombarda, no Porto, e um centro de operações para a loja on-line, que também comporta loja, no Parque Urbano de Ermesinde.

Como nos explica Filipe Prata, pode-se dividir o core business da empresa em duas fases: no pré e pós-Covid. “Antes da Covid, o private label ocupava cerca de 80 por cento do negócio, essencialmente para a Europa, EUA e Japão. Com a chegada da Covid, o private label praticamente desapareceu e tivemos de pensar no que fazer. Quando saíram as regras para as máscaras sociais, começámos, de imediato, a trabalhar incansavelmente e acabámos por estar no primeiro anúncio de máscaras certificadas. Sendo a única empresa industrial de vestuário e estruturada para vender no imediato no on-line, conseguimos dar uma resposta muito rápida, apesar de alguns percalços sentidos, causados pelo excesso de tráfego no site.”

Desta feita, a Daily Day começou a produzir novos produtos e a virar-se para o mercado nacional para dar a volta à crise que estava a bater à porta, mas também para dar resposta a uma necessidade eminente do momento. Com o empenho de toda a equipa, a Daily Day conseguiu assegurar respostas rápidas e isso, segundo o nosso entrevistado, também se deveu à cultura da empresa. “A nossa equipa tem algumas características que acabam por ser benéficas nas adversidades. Fazem parte da Daily Day pessoas das mais diversas áreas, o que nos alarga os horizontes e nos faz reagir sem vícios… isso fez-nos entender, imediatamente, que tínhamos que ser nós a criar uma solução. A partir do momento que vimos qual iria ser o percurso de 2020, conseguimos implementar o nosso plano num curtíssimo espaço de tempo.”

E se há coisa fundamental numa indústria tão exigente como a do têxtil, é a “agilidade e rapidez de reação à adversidade”, como nos explica Filipe Prata, que sublinha ainda a importância de “ter a competência necessária para lidar com multiculturalidade. Nós temos de levar Portugal até povos completamente diferentes, ao mesmo tempo que temos de compreender o que é que cada uma dessas culturas tem para negociar connosco. Temos de estar muito disponíveis para compreender outras culturas e compreender as propostas, de forma a conseguir dar respostas. Aliado a isto, temos de ter a velha resiliência… devemos entender a realidade que nos é imposta e trabalhar com ela”.

 

Proteção, conforto, sustentabilidade

Desde a primeira hora que o foco se virou para as máscaras, o objetivo da Daily Day era desenvolver um produto adequado: tinha de ser seguro, confortável e sustentável. Hoje, a Daily Day já produziu dois milhões de máscaras para Portugal e continua na primeira linha de inovação de produto e de venda de máscaras reutilizáveis.

“No arranque, sabíamos que íamos ter muitas propostas em poliéster, mas nós não estávamos minimamente entusiasmados com essa ideia. Quando encontrámos uma matéria-prima adequada – um algodão de altíssima qualidade –, começámos a aventura com as máscaras nível 3, que foram muito bem aceites pelos clientes.”

Posteriormente, também com base no algodão, a empresa começou a trabalhar nas máscaras nível 2. “Continuámos a usar o algodão topo de gama, dos melhores do mundo, mas tivemos de utilizar algum poliéster. No interior da máscara há um TNT feito em Portugal, desenvolvido em específico para esta máscara, mas como nos propomos a continuar a trabalhar e evoluir, já temos em laboratório máscaras nível 2 também elas 100 por cento algodão”, adianta-nos Filipe Prata.

E estando nós a desenvolver hábitos de proteção respiratória, o nosso entrevistado acredita que mesmo quando ultrapassada a problemática Covid, vão continuar a haver pessoas a utilizar máscaras, a fim de se protegerem de patologias respiratórias. Usando o exemplo dos óculos de sol, ainda atira: “Uma proteção do sol, passou a moda. Ora, o que é também isto das máscaras enquanto moda? A pensar nisto, introduzimos um novo produto, que acaba por ser uma evolução das máscaras: a gola nível 2. Inspirámos o desenho desta coleção nas golas para andar de mota ou de ski, incluindo proteção certificada”.

A utilização das máscaras veio levantar outras questões, como: onde as devemos colocar quando não estamos a precisar delas? Assim, a Daily Day desenvolveu acessórios para tornar a utilização das máscaras mais adequada. “Começámos a fazer porta-máscaras em malha, com uma proposta minimalista. Depois, em parceria com duas empresas da indústria de moldes, criámos uns porta-máscaras em plástico reciclável. E com a nossa própria experiência, percebemos que também fazia sentido criar as fitas, que são iguais às fitas que se usam nos óculos. Fomos desenvolvendo estes produtos à volta das máscaras, de forma a facilitar a sua utilização e não utilização.”

 

A prevenção é um ato de amor 

O mês de outubro foi o mês de Prevenção do Cancro da Mama e, por sua vez, o mês de novembro foi o mês de Prevenção do Cancro da Próstata.

Desde o início da pandemia, o rastreio e prevenção de doenças não-Covid acabaram por ficar um bocado em suspenso, como tal, de forma a alertar a população e também pelo sentido de responsabilidade social, a Daily Day associou-se à Liga Portuguesa Contra o Cancro – Núcleo Regional do Norte numa dupla campanha de Apoio no Rastreio do Cancro da Mama e Cancro da Próstata.

Ainda vai a tempo de ajudar! Até ao dia 31 de dezembro, por cada máscara vendida – em duas cores específicas: rosa velho e azul claro –, será feito um donativo no valor de 50 cêntimos.

 

Universo Daily Day

O universo Daily Day vai muito para além das máscaras e acessórios pandémicos, a Daily Day veste pessoas e veste casas! Assumindo-se como uma marca para o dia a dia, a proposta da Daily Day é ter produtos para o consumidor usar no quotidiano, sendo eles de qualidade, duradouros, feitos em Portugal e com um preço acessível, mas justo. “Apesar de sermos industriais de vestuário, estamos a desenvolver parcerias com distintas indústrias portuguesas, como a da cerâmica ou a dos moldes, de forma a trazer novos produtos”, conta-nos Filipe Prata.

Para além dos produtos enumerados anteriormente, no vestuário, a Daily Day disponibiliza a secção de senhora e homem, sendo que “nas lojas físicas temos uma coleção bem maior do que na loja on-line, por entendermos que determinadas peças têm, definitivamente, de ser experimentadas antes de compradas. Por isso, na loja on-line acabamos por ter produtos mais versáteis”, explica.

Ainda no vestuário, e tendo em conta que o mundo deu uma volta de 180 graus, a marca vai lançar em breve uma coleção homewear. Como nos explica o nosso entrevistado, “com a chegada do teletrabalho que, quiçá, nalguns casos veio mesmo para ficar, é necessário criar vestuário adequado para se estar confortavelmente em casa que, ao mesmo tempo, dê para ir fazer umas compras ou para ir passear os nossos animais de estimação”.

Por outro lado, por consequência de passarmos mais tempo nos nossos lares, a nossa relação com as casas também mudou, então, de forma a acompanhar a tendência, a Daily Day desenvolveu ainda uma secção para a casa. “Temos desde loiças, talheres, acessórios como porta-guardanapos, entre outros. Estamos agora a chegar a produtos em madeira de alta qualidade… vamos ter um leque de produtos para a casa, sempre na ótica da utilização.”

Claro que o primeiro produto a ser desenvolvido na coleção da casa foi da indústria têxtil: aventais, que vão agora chegar também às crianças! “Vamos desenvolver um kit “mini chefe”, para que os mais miúdos se divirtam.”

 

A Portugal, aos portugueses: obrigado!

A Daily Day passou a ser mais conhecida pelos portugueses pelas máscaras, ao mesmo tempo que a marca passou a conhecer melhor o mercado nacional quando os mercados externos se fecharam, tornando-se os portugueses fundamentais para manter o negócio neste momento atípico. Por isso, Filipe Prata expressa a sua gratidão.

“Nós não estávamos de costas voltadas para Portugal, até porque o nosso princípio era exportar para trazer dinheiro para o país, mas estando os mercados de exportação praticamente encerrados, conseguimos ter abertura para a marca em Portugal. Conseguimos manter a empresa com saúde com o cliente português, por isso sentimo-nos agradecidos aos portugueses e à cultura portuguesa. Por tudo isto, daqui para a frente vamos lá para fora com ainda mais Portugal às costas. Sempre que vou fazer negócios no estrangeiro, sinto-me um embaixador de Portugal e daqui em diante vou ainda mais português”, afirma, orgulhoso, Filipe Prata.

E se a Daily Day quer voltar a ir lá para fora e a levar produtos da indústria portuguesa para o mundo, porque foi desenhada para, precisamente, ser uma marca portuguesa virada lá para fora, Filipe Prata não esconde o entusiasmo com o mercado nacional. “Estou ansioso e animado para ver o desenrolar dos próximos anos em Portugal.”

Em jeito de remate, Filipe Prata diz que o futuro passa por aventuras por terras não conhecidas e não dominadas, mas isso não é algo que assuste. “O que há de mais assustador que a presente realidade? O que é que nos resta? Acreditar que vamos continuar a ter força até ao infinito. Esta é uma guerra que vamos ter de vencer e quando o empenho é mesmo muito grande, a sorte tende a existir.”

 

_______

www.daily-day.pt

You may also like...