Dormir é essencial para uma vida plena

O Centro de Eletroencefalografia e Neurofisiologia Clínica (CENC) foi fundado em 1983, enquanto clínica dedicada aos eletroencefalogramas, mas a partir de 2000, sob a coordenação da Professora Teresa Paiva, dedicou-se ao estudo e tratamento de distúrbios do sono. Com uma equipa médica multidisciplinar e a preocupação constante de que os doentes se sintam em casa, o Centro do Sono tem vindo a desenvolver um trabalho notável na investigação e tratamento de problemas do sono.

“Entre 1992 e 2000, a clínica fazia apenas eletroencefalogramas. Nesta altura, já eu via doentes e comecei a interessar-me particularmente pela área do sono, depois de regressar da Holanda, onde trabalhei com o Professor Lopes da Silva, em Neurociências. Quando regressei a Portugal, e fui para o hospital de Santa Maria, trabalhei nos laboratórios do hospital e foi lá que comecei a interessar-me pelas doenças do sono. Acabei por fundar a primeira consulta de cefaleias em Portugal”, explica a Professora Teresa Paiva, licenciada em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e possuidora da competência de Medicina do Sono, pela Ordem dos Médicos e do título europeu de sonologista.

Em 2000, iniciaram-se os registos do sono, mas as novas instalações do CENC tiveram também em conta outras questões logísticas. “A primeira preocupação é sempre o doente. Cada problema é único e específico e, por isso, cada tratamento é sempre dirigido à pessoa, que carece de muita atenção e cuidado. Depois, tivemos ainda em consideração o ambiente, que fizemos questão que não tivesse qualquer semelhança com um hospital. Aqui, o objetivo é que os doentes se sintam em casa”.

Foi a partir deste momento que a clínica começou a desenvolver duas valências diferentes. “A primeira delas é um centro de sono, com quartos perfeitamente equipados, onde as pessoas podem vir dormir e serem cuidadas e monitorizadas pelo nosso corpo clínico e técnico, que é altamente especializado. A segunda é a investigação científica, que começou a ser desenvolvida depois de começarmos a ter material para trabalhar, nomeadamente registos de sono e pessoal capaz de avançar com a investigação”. Neste momento, o CENC é cada vez mais citado em teses de mestrado – desde 2000 já foram feitas 40 teses no CENC – e está também a orientar teses de doutoramento: “o CENC é, atualmente, uma Entidade de Inovação e Desenvolvimento (EID) e já temos teses de doutoramento a decorrer aqui. Desde que me reformei, noto uma diferença enorme na produção científica e de investigação, bem como na panóplia de tratamentos que se revelam eficazes, atualmente, na resolução, prevenção ou controlo de várias doenças”.

Na área do sono, os conceitos mudaram. “Quando me formei, a questão essencial sobre o sono era descobrir a sua função. Neste momento, já percebemos que o sono tem várias funções e que é essencial à vida humana, no sentido em que influencia todas as outras funções do corpo humano, quer as fisiológicas, quer as emocionais”. A inovação não se cingiu à mudança de conceitos, mas também à parte tecnológica. “No início, os registos do sono eram feitos em papel. Quando acabava uma análise de um paciente, havia centenas de folhas de papel com registo de sono. Bastava os papéis caírem ao chão para se criar um problema grave. Agora, tudo é registado em computador e analisado através de programas informáticos. A meu ver, o próximo passo serão as novas tecnologias e os gadgets, mas isso talvez aconteça dentro de cinco anos”.

O corpo clínico do Centro do Sono é constituído por diversos especialistas, das mais variadas áreas: “todos eles são excelentes especialistas, nas suas áreas de atuação e isso também nos garante um bom tratamento dos doentes, pois podemos fazer um encaminhamento seguro dos mesmos. Temos especialidades de Psicologia, Psiquiatria, Cardiologia, Pneumologia, Medicina Interna, Neurologia, médicos, psicólogos, técnicos de cardiopneumologia, nutricionistas dedicados a diferentes especificidades, nas suas áreas de atuação, para assegurar que qualquer pessoa – os problemas de sono atingem desde crianças a idosos – tenha um tratamento adequado à sua condição”.

 

 

 

 

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