Dia Mundial do Cancro do Pulmão

Dra. Maria Teresa Almodovar

Dra. Maria Teresa Almodovar Presidente do Grupo de Estudos de Cancro Pulmão (GECP)

A incidência do Cancro do Pulmão, uma doença rara até ao início do século XX, tem vindo a aumentar rapidamente nos últimos 100 anos. Atualmente, o Cancro do Pulmão é uma das doenças oncológicas mais diagnosticadas em todo o mundo e a principal causa de morte por cancro a nível mundial, com uma sobrevivência de 15 a 18%aos cinco anos.

Os dados do Registo Oncológico Nacional de 2018 referem 4.424 novos casos de Cancro da Traqueia e Brônquios em Portugal. Já a Organização Mundial de Saúde estima que em 2020, em Portugal, foram diagnosticados 5.284 novos casos de Cancro do Pulmão, representando a terceira neoplasia mais frequente no País, embora a primeira em termos de mortalidade.

A elevada letalidade do Cancro Do Pulmão é devida ao seu diagnóstico tardio e à má resposta ao tratamento nos casos de doença avançada. Cerca de 70 a 80% dos casos de Cancro do Pulmão são diagnosticados em estadio localmente avançado ou metastizado, situação em que não há terapêutica curativa. Mesmo com os avanços de diagnóstico nesta área, as pessoas com Cancro do Pulmão continuam a chegar aos centros de diagnóstico e terapêutica dos Hospitais em fase avançada da doença que não permite terapêutica curativa.

O diagnóstico tardio do Cancro do Pulmão está relacionado, fundamentalmente, com o facto de os sintomas serem de aparecimento tardio e poderem-se confundir com os sintomas de bronquite ou uma infeção respiratória arrastada, com tosse com ou sem expetoração, falta de ar, farfalheira ou com cansaço, dores ósseas, dores de cabeça.Embora a idade média de aparecimento de Cancro do Pulmão se situe nos 72 anos, esta não é apenas uma doença de idosos. Há um elevado número de mortos abaixo dos 65 anos. Aliás, este é o cancro com maior número de anos de vida perdidos. Embora o tabaco seja a causa mais importante de Cancro de Pulmão, a diminuição de hábitos tabágicos na população nos últimos anos tem diminuído o número de cancro derivado do tabaco. A percentagem de pessoas que não fumaram, mas que têm Cancro do Pulmão tem vindo a aumentar, rondando atualmente os 20%. Já o número de mulheres com Cancro do Pulmão tem vindo a aumentar devido ao aumento de mulheres fumadoras e também a alterações genéticas causadoras de cancro.

Idade mais baixa, sexo feminino e o facto de não ser fumador, que eram considerados anteriormente indicadores de muito baixa probabilidade de ter cancro do pulmão, já não podem ser considerados como tal.

É importante que todos estejamos atentos à possibilidade do diagnóstico de Cancro do Pulmão, médicos e população em geral. O aparecimento de tosse sem causa aparente ou com duração de mais de uma semana, cansaço inexplicável e cefaleias são sintomas que devem levar à consulta do médico assistente com suspeita de Cancro de Pulmão.

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