CCECV: progresso da investigação nas Ciências da Visão

Cinco anos após a sua criação, o Centro Clínico e Experimental em Ciências da Visão (CCECV), uma unidade da Faculdade de Ciências da Saúde, constitui uma parte integrante de um processo de mudança da Optometria em Portugal, nomeadamente na região onde está inserida. Francisco Brardo, Diretor do 1º ciclo e Pedro Monteiro, Diretor do 2º ciclo em Optometria e Ciências da Visão, integram um projeto que promove o progresso da investigação na área das Ciências da Visão.

 

O Centro Clínico e Experimental em Ciências da Visão (CCECV) assinala o seu quinto aniversário com um percurso, nas palavras de Francisco Brardo, “francamente positivo” na prevenção e deteção de problemas visuais. O Centro foi criado e desenvolvido como apoio ao ensino, investigação e à comunidade, através de prestação de cuidados primários da visão, e tem sido “um processo crescente”.

Na formação dos alunos nota-se uma evolução significativa, uma vez que adquirem uma formação académica em contexto clínico real, sempre supervisionados pelo corpo clínico afeto ao centro. Como suporte às atividades desenvolvidas, o CCECV, possui um conjunto de valências técnicas e materiais, que lhe permite ser parte integrante do processo de mudança da Optometria em Portugal, nomeadamente na região onde se insere.

Reforço da componente prática clínica e aproximação das vertentes pedagógica e científica

O CCECV surgiu, em 2016, com o objetivo de reforçar a componente da prática clínica e aproximar as vertentes pedagógica e científica, indo ao encontro do novo paradigma do ensino em Portugal. O aluno passou a ser parte mais ativa do processo de aprendizagem e investigação, complementando o padrão formativo anteriormente adotado. A formação dos alunos viu-se reforçada e o know-how adquirido ao longo do curso, é valorizado e reconhecido no contacto com o mundo profissional. “Houve um crescente de conhecimento e de competências clínicas maior do que havia antes do aparecimento da clínica”. Um enriquecimento curricular que foi acompanhado, aquando da sua criação, com a adaptação da estrutura curricular, aos princípios do Diploma Europeu em Optometria. O Centro e a restruturação do curso, constituem-se dois elementos complementares de ensino e “um acréscimo de competências clínicas”, assegura Francisco Brardo, acrescentando que “o aluno experiência uma conceção real do que é o raciocínio clínico ou a decisão que tem de tomar relativamente ao paciente”.

O paradigma do ensino assente na prática clínica sempre esteve enraizado na formação dos alunos, não com esta dimensão, mas o fluxo constante de pacientes, permitiu a abertura do centro, de uma forma mais profissionalizada, como nos explica Pedro Monteiro. Para além da componente da formação para alunos e docentes da universidade, o centro presta serviços de apoio à comunidade, uma simbiose que permite uma formação mais completa ao aluno e ao mesmo tempo a prestação de cuidados primários da visão.

 

 

Ubimedical: articulação com o mundo empresarial

Assumindo-se como uma valência complementar, os Laboratórios de Ciências da Visão do Ubimedical, contribuem para a concretização dos objetivos do curso, assim como dos objetivos institucionais. Contabilizando um total de mais de 1300 rastreios a pacientes diabéticos, os laboratórios constituem-se uma mais-valia para a região e, numa colaboração intrínseca com o Centro de Saúde. Em cooperação com a administração regional de saúde e com os centros de saúde da região, o rastreio à retinopatia diabética constitui “uma vertente que colmata a falha que era significativa na região, para dar a resposta que a população necessitava”.

As duas valências e a sua complementaridade permitem trabalhar nos três grandes eixos da universidade: ensino, produção científica e colocar o know-kow ao serviço da população, com um conjunto de equipamentos muito vasto e um serviço diferenciador.

 

Educação para a saúde visual

Ainda há muito por fazer no futuro da saúde visual, nomeadamente no que diz respeito ao papel do Optometrista e à sua valorização enquanto profissional. O Optometrista é um profissional da visão que está na linha da frente, mas que muitas vezes ocupa um papel secundário. Pela dificuldade ao acesso atempado aos serviços de Oftalmologia nos hospitais, o público procura em primeiro lugar um Optometrista, o que demonstra a sua importância no contexto da prestação de cuidados primários da visão. O papel deste profissional não é claro perante a sociedade em geral, o que demonstra uma “lacuna ao nível da educação para a saúde visual”.

O CCECV tem vindo a evoluir, mas apresenta-se como um “processo lento” em virtude dessas  lacunas de educação para a saúde visual. Para além da maior expressividade do Centro, Francisco Brardo e Pedro Monteiro consideram fundamental e obrigatório criar uma legislação específica para os profissionais de Optometria. O centro e os laboratórios têm contribuído para a mudança do paradigma, mas para além da população, os profissionais ligados ao ramo da óptica têm um papel fundamental nesta transição.

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