Casa Fernandes: Pôr amor e paixão no que se faz

A Revista Business Portugal esteve à conversa com João Marques, formado em Educação Física e, por acaso do destino, hoje gerente da Casa Fernandes. João é um jovem apaixonado pelo que faz e põe uma boa dose de amor no trabalho que desenvolve no negócio, que já vai para a quarta geração da família.

Foi pela mão de Augusto Fernandes que surge a empresa, nos anos 30. A Casa Fernandes começou por ser uma casa agrícola, detentora de duas fábricas de resina, tendo sido uma das maiores empregadoras do concelho de Oleiros e uma grande dinamizadora da agriculta. Nos anos 80/ 90, e já sob a direção de Alfredo Fernandes, genro de Augusto Fernandes, a empresa perde o fulgor, devido aos incêndios que ocorreram na altura e à concorrência chinesa que surgiu no mercado, e fecha a fábrica de resina. Já mais tarde, a história da Casa Fernandes vê continuidade com o sogro de João Marques, tendo hoje na base do negócio três polos: olivicultura, imobiliário e floresta, havendo, segundo João, “uma grande aposta no azeite, que acreditamos que nos vai diferenciar daquilo que há no mercado”.

“O nosso azeite é puro”
A Casa Fernandes tem um lagar próprio, onde aposta na produção pelo método tradicional: “temos um mestre lagareiro que faz a decantação do azeite, que vai posteriormente para as cubas de inox, sendo depois analisado, enchido e comercializado. Acreditamos que a azeitona deve ser apanhada no seu estado de maturidade máxima. Isso, aliado ao facto de manter o decanto tradicional, faz com que o sabor do azeite se mantenha, diferenciando-o daqueles que existem no mercado”.
Todas as azeitonas usadas são de oliveira galega, que se dá muito bem com o clima da região, criando todas as condições para que o azeite produzido seja reconhecido e até premiado, como já é em alguns casos, pelo mundo fora. Tem havido uma grande aposta e dedicação no negócio, que se tem traduzido num crescimento de 30 por cento. Neste momento, o azeite da Casa Fernandes está presente em muitas lojas tradicionais em Lisboa e outras regiões, em restaurantes e grandes grupos hoteleiros, como o Grupo IMB, na Covilhã, a Casa das Enguias, Manteigaria Silva, Hotel no Convento da Sertã ou o Villa Itália, em Cascais, nomeadamente com o Chefe Luís Sousa, considerado um dos melhores jovens chefes de cozinha.
João Marques não esconde o orgulho que sente em ver o crescimento da empresa: “fico muito contente com isto, porque chegamos aos grandes centros urbanos e apresentamos um produto do interior, com grande qualidade”. O objetivo da Casa Fernandes é crescer ainda mais, aumentando a produção e levando o bom nome da marca para os quatro cantos do mundo: “queremos mostrar aquilo que temos, não só em Portugal, mas também lá fora. Daqui a três/quatro anos, queremos internacionalizar”. Após os incêndios de 2017, que também afetaram a Casa Fernandes, já foram plantados cerca de 15 hectares na quinta Delvira e mais 15 hectares espalhados por outros sítios, sendo objetivo passar de 100 toneladas de azeitona para cerca de 350. Apesar dos percalços que foram aparecendo, o balanço até aqui e perspetivas de futuro são positivos: “ganhei uma enorme paixão por esta casa e pela história e tradição familiar. Queremos corresponder às necessidades do mercado e, se nos derem a possibilidade de continuar a crescer e a confiança que nos têm dado até agora, isso irá acontecer”.

Alfredo: um azeite especial
Apesar do azeite mais comercializado ser o D’elvira Azeites, um azeite virgem com 0,5 de acidez, a joia da coroa é o Alfredo: uma edição especial, em homenagem a um dos impulsionadores desta casa, Alfredo Fernandes. Caracteriza-se por ser fresco, suave, doce e proveniente de uma azeitona bastante madura que, tal como o vinho, estagiou cerca de um mês numa barrica de inox, sem que ninguém lhe tocasse. A garrafa e caixa têm um design especial, desenvolvido por Susana Lopes, da Com Alma – Criative Studio, sendo que a caixa chegou mesmo a ganhar um prémio nacional.

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