Brexit: inovação vem ajudando Portugal a se reajustar à nova realidade da União Europeia

Assinalando a saída formal do Reino Unido da União Europeia a 31 de janeiro de 2020, desde cedo que o Brexit se viu envolto de mediatismo ou mesmo de dúvidas, influenciando a forma como os mercados operam e, acima de tudo, a própria vida dentro e fora do país. De um lado, encontram-se os diferentes setores que viam no Reino Unido uma oportunidade de internacionalização e, do outro, encontram-se as pessoas que precisaram de se adequar à nova conjuntura política e económica. Mas esta adaptação passa pelo quê?

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É inegável que o mundo empresarial se encontra num dos primeiros planos quando este assunto é mencionado, visto que as suas operações necessitaram de se reajustar à mudança. Exemplo disso é o mercado forex, que, dependente de taxas de câmbio, conhecimento sobre agentes económicos e caracterizado pela sua liquidez e dinamismo, se viu influenciado pelo valor da libra esterlina. No entanto, o cenário parece promissor, já que este movimento traz benefícios aos investidores capazes de analisar o impacto das negociações. Além disso, um fator-chave que beneficia este mercado é exatamente o facto de estar aberto 24 horas por dia, nos cinco dias úteis da semana, o que o torna bastante atrativo e prestativo para os investidores.

Já quando a questão são as fronteiras, no caso português a palavra de ordem passa a ser inovação. António Pinto, diretor da Versátil Questão, comentou o seguinte à época em que a saída do Reino Unido do bloco ainda estava sendo implementada: “O Brexit exigirá um ajustamento dos mercados mundiais a esta nova questão, mas não será nada a que os transitários não estejam habituados”. Por outro lado, a empresa Transportes Pascoal também afirmou, no segundo semestre de 2021, que o contexto obrigou a empresa a soluções inovadoras, passando principalmente pelo investimento em tecnologia, seja nos seus serviços de gestão ou nos equipamentos que fornece aos seus motoristas.

Em contrapartida, o setor têxtil português conseguiu dar a volta ao cenário da restante União Europeia. Segundo a Eurostat, este mercado aumentou as suas exportações para o Reino Unido em 7%, o que se refletiu em 292 milhões de euros. Já quando falamos de turismo ainda existe muita imprevisibilidade, visto que em 1 de outubro de 2021 deixou de ser permitido utilizar os cartões de identidade europeus para viajar, passando a ser obrigatória a apresentação do passaporte. Apesar disso, Portugal tem feito valer os seus recursos e matérias-primas, garantindo a sua força no Reino Unido.

No entanto, ainda que o Governo declare que até 2025 as fronteiras tornar-se-ão as mais competentes do mundo, as mesmas ainda levantam algumas perguntas, seja para a exportação ou para o turismo.

A motivação que faltava para a dupla cidadania

Não só a vertente económica se vê fortemente influenciada pelo Brexit, mas também pessoas de diferentes nacionalidades tiveram de se acomodar a este cenário. Entre elas destacam-se os descendentes de sefarditas, ou seja, de judeus originários da Península Ibérica, que procuram afirmar a sua herança portuguesa através da dupla nacionalidade.

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Marcados vastamente pela cultura portuguesa durante o seu crescimento, estes descendentes tiveram a motivação que lhes faltava no momento em que o Brexit foi instaurado, podendo assim auxiliar-se da sua verdadeira identidade. Além disso, também surgem motivações como as viagens, que, fruto do Brexit, se tornaram um pouco mais complexas para a União Europeia.

Efetivamente, esta tendência tem vindo a aumentar e, de acordo com os números do Instituto dos Registos e Notariado, assim como do Ministério da Justiça, já são mais de 56 mil os descendentes de sefarditas com nacionalidade portuguesa. Nesse contexto, o sentido de ajuste tomou outras proporções e são cada vez mais os cidadãos a tentarem esta dupla nacionalidade.

Realmente, a adaptação ao Brexit tem partido de todas as vertentes e, por isso, é percetível um notório esforço para viver esta nova realidade da melhor maneira possível. Também as empresas observam este cenário com os mesmos olhos, garantindo a sua atividade fora da União Europeia através da modernização das suas práticas e tecnologia.

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