Azuribérica: Um exemplo em exportação e investimento tecnológico

A Azuribérica é um caso de sucesso na indústria têxtil. Depois de ter encerrado em 2009, devido à crise económica que assolou o país, foi reaberta em 2011, pela mão do engenheiro e gestor industrial Joaquim Pratas, atualmente administrador da empresa. Apostando na mão-de-obra qualificada que estava no desemprego, e em tecnologia de ponta, a Azuribérica tornou-se, em oito anos, numa empresa merecedora do prémio PME Excelência, com mérito por “Mais Exportação”. A Revista Business Portugal esteve à conversa com o responsável da empresa, sobre o que é atualmente a Azuribérica e como se desenha o futuro.

Azuribérica
“Em 2009, a Azuribérica foi mais uma das empresas que fechou, em resultado da crise que se abateu sobre a indústria têxtil. Muita gente qualificada acabou por ficar no desemprego, porque já não tinha encomendas às quais dar resposta”. Assim se inicia a conversa com Joaquim Pratas, administrador da empresa que, atualmente, exporta mais de metade da produção da sua empresa. “Na época, a empresa trabalhava para um mercado que era médio/baixo e que foi o primeiro a ser atingido quando as encomendas começaram a falhar”.
Em 2011, quando Joaquim Pratas assume a gestão da empresa. A Azuribérica contou com a ajuda de uma empresa de Mangualde, também da área têxtil, que estava altura assoberbada de encomendas e delegou algumas encomendas à empresa de Oliveira do Hospital: “Essa ajuda foi muito importante, porque estávamos a começar do zero. Não tínhamos clientes e, durante os três anos seguintes, trabalhámos com as encomendas da empresa dessa empresa de Mangualde. Porém, passado esse período, já havíamos conseguido clientes nossos e pudemos começar a trabalhar em nome próprio”.

As primeiras encomendas em nome próprio e o mercado da exportação
Uma fábrica com 120 pessoas precisava de rentabilizar as encomendas, de forma a garantir a sobrevivência da empresa e dos postos de trabalho. Assim, a primeira peça a ser fabricada foi o casaco masculino: “É uma peça que é rentável, o que nos permitiu solidificar a nossa capacidade financeira e prepararmo-nos para a internacionalização. Assim aconteceu”.
A Azuribérica especializou-se em casacos e calças clássicas, maioritariamente para serem usados por homens, sobretudo de estilo jovem e casual. Em 2015 já exportava cerca de 80 por cento da sua produção, todavia, foi o ano de 2016 que representou uma viragem para a empresa de Oliveira do Hospital: “Fizemos investimentos elevados em tecnologia de ponta, o que nos permitiu aumentar a nossa capacidade de resposta, quer em termos de quantidade, quer em tempo de resposta. O mercado espanhol coloca-nos uma encomenda aqui numa semana e nós temos capacidade de concluir o trabalho entre duas a três semanas depois”.
Para além de Espanha e outros países europeus, os Estados Unidos da América representam também um país para onde a roupa é exportada: “De facto, a Azuribérica é das poucas empresas têxteis especializadas apenas em roupa masculina, nomeadamente blazers e calças clássicas, porque não são peças fáceis de fazer. Porém, a qualidade em que apostamos já levou a que se fale em Oliveira do Hospital como sendo o local de onde vêm os melhores fatos do mundo”. As grandes marcas, conhecidas mundialmente, como Hugo Boss, Carolina Herrera, Tommy Hilfiger, entre outras, produzem as suas coleções nesta região do país.

Os três pilares do sucesso
Joaquim Pratas assume que o sucesso é composto por vários fatores, que contribuem, cumulativamente, para a qualidade dos produtos que apresenta: “Um deles é a tecnologia de ponta que faço questão de disponibilizar na fábrica. Não há nenhuma máquina de última geração, necessária para fazer o trabalho que aqui desenvolvemos, que eu não tenha. Estou sempre atento às últimas novidades, para garantir que os meus colaboradores têm tudo o que precisam para fazer um bom trabalho”.
Além disso, os recursos humanos são fundamentais: “Os meus colaboradores são a minha jóia da coroa. Muitas destas pessoas estavam desempregadas quando lhes dei a oportunidade de voltar a trabalhar na indústria têxtil e são, por isso, já bastante conhecedoras deste setor. Além disso, tenho excelentes relações com o IEFP, o que permite estar constantemente a desenvolver formações e a atualizar conhecimentos”. O cumprimento de prazos é também muito importante nesta área: “As marcas mandam produzir uma coleção e querem-na dentro do prazo. Aqui, o importante é que consigamos entregar um trabalho com qualidade, da forma mais eficiente possível”.

Uma empresa virada para o futuro
A Azuribérica ainda não produz, de forma expressiva, fatos por medida para homem, mas esse é um mercado onde Joaquim Pratas quer apostar: “Os executivos serão sempre um nicho de mercado no qual nós queremos apostar porque esses homens vão sempre vestir fatos. Neste momento, já temos alguma produção, mas ainda não é representativa. Eu gostaria de equilibrar a produção na ordem dos 65 por cento para produtos casual e 35 por cento para fatos mais clássicos, dirigidos aos executivos”.
A juntar a este propósito, Joaquim Pratas quer também dar início a uma loja online, onde será possível fazer uma compra por medida: “Os jovens compram cada vez mais online. Se eu tiver uma loja aberta na Internet, vendo para todo o mundo. O objetivo é ter capacidade de resposta para pedidos personalizados, de forma rápida e com qualidade”.
De olhos postos no futuro, a Azuribérica é já uma empresa ecológica, na medida em que já produz 30% da energia que consome, sendo que o objetivo final é tornar a empresa autossuficiente na produção de energia: “Todos estes detalhes contam, porque a nossa empresa é claramente investidora, sempre a apostar em novas tecnologias e formação, mas de forma sustentável. O prémio PME Excelência veio reconhecer a nossa solidez financeira e o galardão de “Mais Exportação” confirmou que estamos no bom caminho”.

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