Asseco: Soluções tecnológicas de Portugal para o mundo

Especialista no desenvolvimento de software bancário, a Asseco PST (Portuguese Speaking Territories) é hoje uma referência internacional. Para compreender um pouco melhor esta empresa e o trabalho que desenvolve nos oito países onde opera, estivemos à conversa com Daniel Araújo, CEO, que nos confidenciou que “acompanhar a evolução e as novas tendências do mercado” é o grande objetivo para o futuro.

Apresente a Asseco PST, a sua génese e core business.
A Asseco PST (Portuguese Speaking Territories) é uma empresa de tecnologias de informação, especialista no desenvolvimento de software bancário e um referencial na criação de soluções tecnológicas e de conhecimento em todos os mercados onde atua. A sua génese remonta a 1988, na Madeira, decorrente da convicção de um grupo de profissionais na importância decisiva das TIC no setor financeiro, que criaram a então Promosoft. Daí para cá, a empresa cresceu de forma consistente e iniciou a sua internacionalização para vários mercados, designadamente Angola, Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, numa primeira fase. Em 2011, através de um exercício de rebranding e alteração da estrutura acionista passou a designar-se Exictos. Por esta altura, já atuava também em Timor-Leste e Malta, a que se seguiria, em 2014, a Namíbia. Em 2015, a empresa foi adquirida pelo Asseco Group, um dos maiores grupos europeus de tecnologias de informação, originário da Polónia, com presença em mais de 50 países. Em 2018, é efetuado um novo rebranding, assim surgindo a atual Asseco PST, responsável por um volume de negócios de 34 milhões de euros no último exercício. Em termos de core business, a nossa atividade está centrada sobretudo no desenvolvimento de soluções para o setor financeiro, serviços de banking consulting e serviços de IT infrastructure. No conjunto, trabalhamos com mais de 60 bancos nas oito geografias onde operamos.

A integração no Asseco Group, em 2015 e o rebranding, realizado em 2018, foram proveitosos para reforçar a presença da Asseco PST pelos três continentes onde opera?
A integração plena no Grupo Asseco e a assunção da nova marca foram proveitosas a vários níveis e os efeitos positivos tendem a expandir-se daqui para a frente. Em primeiro lugar, no que diz respeito ao alargamento da nossa oferta de produtos e serviços, passamos a dispor não só daquilo que era a nossa oferta ao setor financeiro, mas enriquecemo-la com a oferta do grupo a nível global. Além do setor bancário, o grupo desenvolve também soluções para empresas de energia, telecomunicações, setor público e serviços de saúde. Só na área de investigação e desenvolvimento, onde tem mais de 4.800 especialistas a trabalhar, o grupo investe anualmente cerca de 130 milhões de euros, o que é mais de três vezes a faturação da Asseco PST. Sempre que surgir a oportunidade – e já estamos a desenvolver projetos conjuntos – estaremos em condições de atuar como representantes de uma oferta ampliada que já existe e que deu provas noutras partes do mundo através da Asseco. Por outro lado, com a integração no grupo aumentámos substancialmente o nosso espectro de competências. Já não somos apenas 420 na Asseco PST, mas 24 mil colaboradores a nível global. Isto é, sempre que existirem projetos específicos nos mercados onde atuamos em que seja necessário encontrar especialistas que tenham estado envolvidos em projetos similares noutros mercados ou de outra relevância, conseguimos fazê-lo com facilidade. É uma enorme mais-valia para a Asseco PST e, claro, para os nossos clientes.
Tudo isto acontece com outra vantagem importante: do ponto de vista operacional, e face ao modelo empresarial federativo que vigora no Grupo Asseco, mantemos a máxima autonomia para gerir o dia a dia. Dispomos de uma efetiva liberdade de gestão e, por regra, a casa-mãe não interfere nas decisões locais.

As excelentes relações bilaterais entre Portugal e a Polónia, reforçadas, em 2003, quando integrou a União Europeia e pela absorção do grupo polaco Asseco, fomentaram os negócios da Asseco PST entre os dois países e nos PALOP?
Os laços comerciais entre empresas portuguesas e polacas têm vindo a crescer, com reflexos diretos nas relações económicas entre os dois países. De grande desconhecida, a Polónia passou a fazer parte da lista de clientes, fornecedores ou parceiros de um número significativo de empresas e grupos económicos nacionais. A integração polaca na UE foi, neste sentido, um elemento facilitador desta aproximação mútua. Em 2018, as trocas comerciais entre os dois países ultrapassaram 1,8 mil milhões de euros. No que diz respeito à Asseco PST, a nossa ligação à Polónia e ao grupo polaco, que é líder de soluções de TI na Europa Central e Oriental, tem tido vários aspetos positivos. Deixo alguns exemplos. Apesar de continuarmos focados nos países de expressão portuguesa, abriram-se novos horizontes à empresa em mercados do leste europeu, onde estamos a estudar a possibilidade de entrar. Temos atualmente alguns projetos concretos em cima da mesa que dificilmente teriam espaço para progredir se não fosse a abertura de novos espaços geográficos que o Grupo Asseco nos deu. Por outro lado, mesmo na área financeira, que é o nosso core, temos especialistas do grupo sediados na Europa Central que já trabalharam em projetos comuns nalguns dos mercados em que a Asseco PST está presente, quer em Portugal quer nos PALOP. Em paralelo, mantemos a ambição de ter uma presença mais forte no continente africano, incluindo em novas áreas de negócio fora do setor financeiro, sendo este um compromisso que temos no seio do grupo Asseco e onde contamos com o seu apoio, conhecimento e expertise.

Descreva a interação e relação entre a Asseco PST e a Agência de Investimento e Comércio da Polónia.
Mantemos uma afinidade próxima com a Agência de Investimento e Comércio da Polónia (PAIH). A agência inaugurou, em abril deste ano, o seu escritório em Portugal, sediado em Lisboa, e eu tive o prazer de ser um dos oradores convidados para a sessão inaugural, juntamente com dois membros do Governo português e o responsável de relações institucionais do Grupo Jerónimo Martins, além do vice-presidente da PAIH. A agência quer afirmar-se como um ponto de contacto e apoio na internacionalização dos negócios das empresas de ambos os países, com o objetivo de minimizar eventuais riscos ligados ao investimento em novos mercados. Esta era uma missão desenvolvida anteriormente ao nível da embaixada, mas de forma mais burocrática. O Governo polaco decidiu criar estes escritórios em vários pontos estratégicos no estrangeiro e Lisboa foi uma das contempladas. Vemos a decisão como muito positiva, enquanto entidade facilitadora de novos negócios e interface entre partes que se conhecem mal.

A dinâmica da Asseco PST tem sido reconhecida pelas entidades oficiais, nos oito países onde estão presentes, através da atribuição de prémios. Esta proatividade e reconhecimento têm reflexos no aumento de volume de negócios?
A Asseco PST tem crescido ano após ano de forma sólida e consistente. Fechamos o exercício de 2018 com uma faturação de 34 milhões de euros e um EBITDA de 8,2 milhões de euros. O objetivo para este ano é aumentar as receitas para 36 milhões e atingir um EBITDA de 10 milhões de euros. Por outro lado, somos, quase desde a origem, uma empresa tradicionalmente exportadora. Mais de 80 por cento da nossa faturação anual vem de fora de Portugal e esta tendência irá manter-se. Mas, para além dos números, gostamos de nos desafiar a nós próprios. O setor financeiro atravessa mudanças profundas, com uma expansão acelerada de tudo o que é digital e a introdução de soluções tecnológicas com um índice elevado de inovação. A Asseco PST tem conseguido criar ofertas vencedoras nesta área, entrando num conjunto de clientes onde não estávamos. Este ritmo e esta proatividade são para manter. A par da dinâmica ao nível do produto, sempre mantivemos uma grande preocupação com o desenvolvimento do capital humano nas várias geografias onde estamos. O ano passado, criamos a Asseco Academy em Angola, uma academia de formação de alta qualidade em tecnologias de informação, com o objetivo de certificar novos profissionais com competências acrescidas na área financeira. Nos três cursos já concluídos, o número de candidatos excedeu sempre o número de vagas disponíveis. Este ano, abrimos a academia em Moçambique, tendo o primeiro grupo de formandos recebido os respetivos certificados há poucas semanas. Estamos preparados para expandir o conceito da academia para outros mercados, porque acreditamos que a formação é um fator crítico para o sucesso empresarial. A verdade é que ninguém consegue ter bons resultados e ser bem sucedido numa ótica de longo prazo sem ter colaboradores motivados e com a formação adequada.

Os 30 anos de experiência, as mutações dos mercados, a implementação de sucursais em novos países e os cerca de 400 colaboradores representam o culminar dos vossos objetivos para 2019?
Para 2019 traçámos dois objetivos muito claros: apostar na diversificação de produtos e de mercados. No caso dos produtos, refiro-me a uma aposta nas áreas de canais, portais, processos, BPM e data & analitics, entre outras. Queremos igualmente avançar com novas linhas de serviços, nomeadamente relacionados com operações de sistemas, outsourcing e segurança. Relativamente aos mercados, já mencionei antes a aposta nos países do leste europeu, pelas oportunidades que a integração no Grupo Asseco nos proporciona hoje, e a presença mais alargada no continente africano. Tudo isto sem descaracterizar a nossa vocação lusófona. É verdade que a experiência de 30 anos nos permitiu acumular um capital de conhecimento que nos faz ser ainda mais ambiciosos a cada ano que passa. O ano de 2018 já nos permitiu atingir vários marcos históricos: desde a mudança de identidade corporativa ao lançamento da Asseco Academy, passando pelo prémio na categoria de “eficiência empresarial” atribuído pelo unicórnio “OutSystems” e pelo investimento num novo escritório em Lisboa, com 2.200 metros quadrados, muito funcional, moderno e tecnologicamente avançado. No caso do investimento em novas infraestruturas foi, aliás, o terceiro realizado num espaço de 18 meses, depois da criação de um centro de desenvolvimento no Funchal e da inauguração de um novo escritório na Cidade Financeira, nos arredores de Luanda, com cerca de 750 metros quadrados. Mas todas estas conquistas fazem parte dos alicerces com que queremos cimentar o nosso crescimento futuro. Para além da diversificação que ambicionamos, estamos atentos a oportunidades de crescimento por aquisição. Não descartamos a possibilidade da entrada da Asseco PST no capital de outras empresas. Refiro-me a empresas com ofertas de serviços que possam complementar a nossa carteira atual de produtos e soluções.

Confidencie os objetivos que gostaria de concretizar nos próximos anos da Asseco PST.
O objetivo essencial será sempre o de acompanhar a evolução e as novas tendências do mercado, particularmente na área financeira. Queremos obviamente chegar a mais clientes, mas sempre com a preocupação de fornecer soluções de última geração. A banca digital é disruptiva, os avanços tecnológicos têm permitido automatizar um conjunto importante de tarefas, e a nós compete-nos desenvolver software que responda às necessidades crescentes de eficiência, rapidez e segurança das operações. Desde a conversão dos dados em informação relevante à gestão da relação com o cliente num único ponto, passando pelos canais eletrónicos, novas apps e inteligência artificial, há um imenso mundo com grande margem de evolução. Em termos de performance da Asseco PST, ambicionamos reforçar o estatuto de empresa de referência nos mercados onde já atuamos, apostando num crescimento continuado e consistente, que transmita confiança tanto aos nossos clientes como à nossa vasta equipa espalhada pelas várias geografias. Isto é, queremos ser um parceiro privilegiado de quem escolhe as nossas soluções tecnológicas e também uma das melhores empresas para se trabalhar.

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