AngoRacional: Uma história de luta e de sucesso

Joana Guerras

Joana Guerras define-se como gestora comercial, porém é muito mais do que isso. É empresária de sucesso em diversas áreas de negócio e é uma ajuda preciosa para quem imigra, situação que lhe é familiar. Em entrevista, abriu-nos as portas do seu escritório e da sua vida.

Nos anos 90, a mãe de Joana Guerras foi sócia de uma empresa com uma senhora portuguesa, o que a levou a mudar-se para Portugal (embora não de forma permanente) e a influenciar a filha a fazer o mesmo. Corria o ano de 1994 quando a nossa interlocutora veio de Angola para terras lusas. Por aqui ficou e os seus filhos já cá nasceram.

A angolana descreve a experiência como “uma espécie de intercâmbio muito positivo”, com o qual “não teve qualquer tipo de problemas”. Passou por experiências de descriminação, “mas sempre soube dar respostas à altura”, muito devido à sua personalidade terra-a-terra. Apesar disso, afirma ter sido muito bem-recebida no nosso país e orientada da melhor forma.

Quando começamos a nossa entrevista, ainda antes de iniciarmos a gravação que daria origem a este texto, Joana Guerras falava-nos das diversas pessoas que tinha auxiliado, nomeadamente imigrantes (vindos de todas as origens) ou portugueses emigrantes retornados. Essa ajuda que lhes prestou divergiu entre providenciar emprego na sua própria empresa, ou até dar-lhes uma cama em sua casa, para que não passem a noite ao relento (ou gastem as parcas poupanças que tiverem em hotéis). “O que faz a imigração correr bem ou não é quem nos recebe no país de destino. Uma vez que somos emigrantes, sabemos o quão difícil é conseguir emprego. Custa-nos ver outras pessoas a passarem dificuldades, por isso temos esse chamamento para ajudar, principalmente sendo portugueses, o país que os está a acolher”, contou-nos.

AngoRacional

A empresária dedicava-se, desde 2001, ao mercado da importação e exportação dos mais diversos tipos de bens (alimentos, roupa, entre outros), principalmente entre Portugal e Angola, países com que estava mais familiarizada. Até certo ponto, não haveria limites aos produtos que poderia transportar entre um país e outro. Entretanto, o mercado da importação/exportação sofreu um decréscimo de rendimento. Assim, debruçou-se na área da construção civil, em 2014, atendendo que é um mercado “que já esteve um pouco perdido, mas que de repente voltou a dar bons sinais”, expõe. Já tinha experiência na área, a trabalhar por conta de outrem.

A AngoRacional dedica-se à construção, reparação, transformação e restauro de todo o tipo de edifícios residenciais e não residenciais, executados por conta própria ou em regime de empreitada ou subempreitada. Inclui também a ampliação e reabilitação, “uma área que tem vindo a crescer bastante”. “Nós temos os nossos próprios serviços, todavia também servimos de ponte de fornecimento de produtos para várias entidades, porque o nosso maior foco é o pladur, revestimentos e tetos falsos”, revela-nos Joana Guerras.

Se esse é o foco da empresa em Portugal, a AngoRacional Angola, da qual a nossa entrevistada também é administradora, iniciou labuta vocacionada para as energias renováveis e casas modulares. Mais tarde, decidiram trazer para terras lusas esse projeto, o qual, desde então, tem prosperado.

Seja qual for o setor a que se dedica, Joana Guerras admite ter mais trabalho do que aquele a que consegue dar resposta. O seu principal objetivo é “crescer e ajudar a crescer, valorizando o país em que me encontro”, ao mesmo tempo que providencia emprego a quem dele precisa (a empresa tem 38 colaboradores).

“Hoje, não sou rica”, confessa-nos Joana Guerras, “mas luto pelo que quero o melhor que posso e sei, rodeando-me de boas pessoas e boas energias”. Ambiciosa, reitera: “Não quero parar por aqui, a minha luta é constante. Eu vou bater às portas que tiver que bater, e as portas abrir-se-ão para mim, não tenho a mais pequena dúvida”.

 

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