A prática faz o soldador

Em atividade desde setembro, a Escola Profissional de Soldadura de Gaia aplica técnicas de ensino de componente essencialmente prática que são uma mais-valia no mundo do trabalho.
A EPS de Gaia foi criada por Joaquim Almeida, soldador profissional desde os 21 anos, que trabalha no ramo da metalomecânica desde os 14. Já percorreu em trabalho vários países como Espanha, Itália, França, Angola e antiga União Soviética. Em 2010, com outro sócio coordenou uma escola de formação de soldadura em Estarreja, mas em 2017 decidiu deixar este projecto e abrir a sua própria escola em Gaia.
Joaquim Almeida está habilitado com um certificado CAP para dar formação na área da soldadura e, por isso, é o principal responsável pelo ensino dos formandos que passam por esta escola. Transmitir os conhecimentos a quem ainda está a aprender é um dos principais motivos que levaram o soldador profissional a enveredar pela área do ensino.
Na EPS de Gaia, a oferta formativa divide-se em três cursos, cada um orientado para uma técnica de soldadura diferente: TIG (Tungsten Inert Gas), Elétrodo Revestido e Mig/Mag (Metal Inert Gas e Metal Active Gas, respectivamente) em que no processo Mag, Joaquim Almeida foi o primeiro formador em Portugal a iniciar a formação no procedimento 6GR, sendo a certificação do mesmo o expoente máximo na certificação Mig/Mag.
Os formandos que procuram especializar-se na soldadura podem contar com o apoio da escola para aconselhamento acerca da técnica mais procurada no mercado de trabalho a cada momento. Joaquim Almeida explica que, para quem está de fora, a escolha pode ser difícil e, por isso, prontifica-se a esclarecer as dúvidas de todos os que visitem a escola.
“No processo TIG, por exemplo, a margem de erro é mínima e, por isso, é um trabalho muito meticuloso que exige que o profissional roce o perfecionismo”, explica o soldador profissional, acrescentando que, apesar disso, “este é um dos processos de soldadura mais disseminados”.
Na EPS de Gaia, em seis semanas, um leigo na matéria é capaz de aprender a soldar e estar apto a passar no exame do instituto Bureu Veritas – Rinave. A certificação concedida por este instituto é reconhecida internacionalmente, na América pelo certificado AWS (American Welding Society) e na Europa pela norma EN ISO, equivalente a uma certificação mundial.
Mas se em seis semanas é possível aprender a soldar, Joaquim Almeida garante que este período não é suficiente para ninguém se tornar soldador profissional. Tal só acontece com a prática, “no contacto assíduo, diário e direto com o trabalho”, explica. A formação oferecida é, contudo, “umas das que melhor preparação garante nível nacional”, acrescenta. Prova viva disso são os alunos que vêm de todo o país e também do estrangeiro.
Além dos formandos que pretendem aprender a arte de soldar a título pessoal, a EPS de Gaia também é procurada por empresas que pretendem certificar os próprios colaboradores. É o caso da Sumol + Compal que confia a Joaquim Almeida a tarefa de preparar trabalhadores para o exame que lhes garante a certificação.
Por esta escola profissional gaiense já passaram dezenas de soldadores. Joaquim Almeida afirma ter “muito orgulho nos alunos” e acrescenta que fica muito contente quando estes lhe comunicam a grande facilidade com que encontraram lugar no mercado profissional. “É um prazer muito grande conseguir transmitir o legado aos mais novos, aos que querem aprender a soldar”, acrescenta.
Contudo, Joaquim Almeida lamenta que a maior parte dos seus ex-alunos se vejam obrigados a emigrar. O soldador profissional afirma que o mercado nacional não está preparado para absorver soldadores certificados porque não conseguem corresponder às expectativas de remuneração. “As empresas nacionais, regra geral, pagam muito pouco, mas um soldador profissional que vá para o mercado externo e se empenhe, ao fim de dois meses já conseguiu recuperar o investimento que fez na formação que aqui tirou”, conclui Joaquim Almeida.