A inovação como cultura e filosofia

A Amgen tem como missão servir os doentes transformando a promessa da ciência e da biotecnologia em terapêuticas capazes de restabelecer a saúde e salvar vidas. Em tudo o que faz aspira alcançar a sua missão, sendo, a cada passo, guiada pelos valores que a definem. Em entrevista à Revista Business Portugal, Tiago Amieiro, diretor-geral da Amgen Portugal, fala deste percurso na vanguarda do desenvolvimento e de como a inovação ditou a expansão da empresa.
A Amgen, estando na vanguarda do desenvolvimento de produtos originais baseados em tecnologia de ADN recombinante e biologia molecular, explora há 30 anos o poder da inovação científica. Como é que todo este percurso começou?
Nos anos 70 foi descoberto o ADN recombinante, o método de amplificação genética que permitiu produzir proteínas em grande quantidade, e iniciou-se a sequenciação genética e proteica. Neste contexto de enorme riqueza científica, tudo começou quando um economista visionário chamado Bill Bowes que, após vinte e cinco anos de experiência na bolsa em S Francisco, teve a ideia de se aventurar por conta própria em Silicone Valley. Bill apercebeu-se desde o início que a biotecnologia seria o futuro e criou com alguns amigos da sua confiança um grupo de companhias Applied Companies. Uma dessas companhias veio a tornar-se a Applied Molecular Genetics – AMGEN. A Amgen foi oficialmente criada em abril de 1980 em Thousand Oaks, Califórnia e George Rathmann foi o primeiro CEO. Foi um presidente com background científico, visão empresarial e elevado carisma. A história da Amgen tornou-se um caso de sucesso, ainda hoje é analisado nas aulas dos cursos de gestão de empresas em todo o mundo.

Tendo sido pioneira no desenvolvimento de medicamentos inovadores, a Amgen introduziu-se paulatinamente a novos desafios. A vossa história avançou lado a lado às necessidades e oportunidades, ou a inovação determina grande parte desta expansão?
A Amgen foi uma das primeiras companhias de Biotecnologia a descobrir, desenvolver e fabricar com sucesso medicamentos com base em proteínas. Dedicámo-nos sempre ao desenvolvimento de terapêuticas em múltiplas áreas, à investigação e desenvolvimento de medicamentos inovadores. Os nossos fármacos são de uso exclusivamente humano e o nosso objetivo foi e será sempre o de responder em primeiro lugar a necessidades médicas não colmatadas com as terapêuticas disponíveis. Respondendo à sua questão, o que referi anteriormente representa simultaneamente uma potencial oportunidade de maior sucesso do ponto de vista económico-financeiro. A indústria farmacêutica é um setor de extraordinárias necessidades de capital, a par com elevado risco de insucesso dos seus projetos de R&D, logo se não existir retorno do enorme investimento necessário para R&D de novos medicamentos, o ciclo de inovação tem que ser interrompido. Pensar que já não existe atualmente lugar para a inovação terapêutica radical ou substancial é completamente errado, pois continuam a existir patologias sem tratamento efetivo e seguro, muitas vezes doenças raras ou ultra-raras, para as quais é urgente a descoberta de novas terapêuticas. A Amgen está muito atenta a esta realidade e continua em investir em novas soluções. Posso assim terminar, dizendo que a nossa história avançou quer por determinação das necessidades e oportunidades, sem dúvida, mas é a inovação que determina também a nossa expansão.

Tendo em conta que a Amgen iniciou as suas atividades em Portugal com a perspetiva de vir a conquistar o primeiro lugar no sector farmacêutico nacional, entre as companhias dedicadas à comercialização de medicamentos obtidos por biotecnologia, como é que observa todo o trajeto que tem vindo a ser traçado?
Ao longo de todos estes anos, tem sido um trajeto muito interessante pois iniciámos a nossa atividade na terapêutica de suporte ao doente oncológico a fazer quimioterapia e ao doente insuficiente renal em hemodiálise. Todavia, há uns anos, evoluímos para a terapêutica de tratamento/curativa na oncologia, com medicamentos para o carcinoma colorectal metastizado e na área das metástases ósseas. Atualmente, através da tecnologia BiTe e de vírus geneticamente modificados, atuamos numa área ainda mais inovadora e promissora que é a da imuno-oncologia. A AMGEN tem nos seus genes a Inovação Terapêutica e a Biotecnologia e este será sempre o nosso caminho principal. Todavia, no próximo ano, e precisamente porque possuímos o Know-how de tantos anos e pioneirismo e a capacidade biotecnológica e de fabrico instaladas, vamos ter também os primeiros Biossimilares produzidos nas nossas fábricas AMGEN. Até 2020 teremos 10 Biossimilares no mercado nacional em áreas terapêuticas diversas.

Sabe-se que a biotecnologia está na linha da frente da investigação nos países mais desenvolvidos. Como é que esta área tão abrangente se tem desenvolvido ao longo dos anos?
O desenvolvimento tem sido muito rápido em todos os sectores da tecnologia mas o ritmo da biotecnologia tem sido alucinante. A Amgen por exemplo, produz anticorpos inteiramente humanos, pequenas moléculas, pepticorpos, anticorpos bi-específicos que reconhece as células malignas destruindo-as. Manipulamos a genética de vírus para reconhecerem células do melanoma a as eliminarem ao mesmo tempo que ativam o sistema imunológico. Numa visão mais abrangente, a Amgen tem acompanhado os mais recentes avanços científicos. A estratégia tem sido a de desenvolvermos e produzirmos os nossos próprios fármacos, mas também a de adquirirmos outras companhias com projectos promissores, como foi o caso da aquisição da ONIX, que nos levou ao lançamento de um inibidor do proteassoma de segunda geração, o Carfilzomib, para o tratamento de doentes com Mieloma Múltiplo (doença rara), o qual esperamos que esteja disponível para os doentes portugueses ainda este ano.

A Amgen tem um compromisso ético que é crucial para a relação que se estabelece entre os profissionais de saúde e os doentes. Quais são as áreas de tratamento mais recentes e que pensam que poderá vir a mudar a vida das pessoas?
As áreas de tratamento são as da Nefrologia, Cardiologia, Oncologia, Hemato-oncologia e a Osteoporose. As moléculas que desenvolvemos, já fizeram a diferença na vida de milhões de doentes, e continuamos a querer fazer mais e melhor. Concretamente neste últimos 2 anos, com potencial clínico para alterar a vida dos doentes, podemos dizer que é na área da hemato-oncologia e da cardiologia que trazemos a inovação mais radical ou substancial. Temos investido em Ensaios Clínicos trazendo aos doentes portugueses a possibilidade de serem tratados precocemente com fármacos inovadores. Temos muito orgulho em ter centenas de doentes em Portugal a participar nos nossos ensaios clínicos internacionais nas áreas da Cardiologia, Oncologia, Hemato-oncologia, Nefrologia, Inflamação e Neurociências.

Uma das áreas que acaba por estar fortemente conectada à biotecnologia é a farmacologia. Quais os benefícios que se podem retirar da junção destes dois campos?
O objetivo é o de conseguir melhores resultados clínicos para os doentes, prolongar a sua vida, aumentar o tempo livre de progressão de doença e melhorar a qualidade de vida com fármacos com mecanismos de ação inovadores que os tornem mais eficazes e cada vez mais seguros.

O medicamento certo à hora certa pode fazer toda a diferença, mas que outros avanços para a saúde humana se podem alcançar quando a biotecnologia é aplicada à medicina?
Tratar o doente certo, no tempo certo com o medicamento mais efetivo e seguro para a sua patologia é a ambição de qualquer profissional de saúde e está na base de todo o investimento realizado em Investigação e Desenvolvimento da Industria Farmacêutica. Isso não é diferente para os medicamentos de biotecnologia ou químicos e o risco associado ao fracasso dos passos de investigação é elevado em ambas as situações. A mais valia relaciona-se muitas vezes com a maior especificidade potencial dos medicamentos de biotecnologia e/ou do seu potencial para fazerem com que seja o próprio organismo do doente a reagir contra a doença, como é o caso da imuno-oncologia.

Durante o século XX a física era considerada a mais poderosa das ciências, no final desse século atribuíram esse caráter à biologia. Sente que o caminho que outrora separava a ficção da realidade científica é cada vez mais ténue? Quais as perspetivas que a Amgen reserva para o futuro?
Na Amgen, costumamos dizer que a inovação está no nosso coração em tudo o que fazemos. Temos um pipeline muito interessante em termos de inovação e não menos promissora uma bateria de biossimilares. Estamos cientes da necessidade de contribuir para a sustentabilidade dos sistemas de saúde e para a nossa própria sustentabilidade em termos de manter a produção de moléculas inovadoras. A Amgen ao longo destes anos tem criado parcerias muito fortes com os profissionais de saúde, com as Sociedades Científicas e seus grupos de trabalho. Temos contribuído para a formação de médicos, farmacêuticos e enfermeiros através de programas educativos com acreditação pelas sociedades e ordens profissionais. Apoiamos a participação dos nossos investigadores nacionais em Ensaios Clínicos Internacionais Multicêntricos, mas também apoiamo-los em investigação científica com projetos da sua iniciativa. Neste ultimo caso, atribuímos em Junho de 2017 uma Bolsa de Investigação em Mieloma Múltiplo no valor de 15.000 Euros a um grupo de investigação do norte de Portugal, em parceira com a Sociedade Portuguesa de Hematologia e a APCL. Temos principalmente algo na nossa mente e no nosso coração que é a nossa Missão de Servir os Doentes.

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