A importância de políticas capazes de valorizar a família

Isabel Paula Santos, Coordenadora

Em entrevista à Revista Business Portugal, Isabel Paula Santos, Coordenadora, salienta o objetivo de sensibilização de todas as autarquias para a importância da implementação de políticas de família globais, integradas e transversais.

 

Que balanço faz dos 12 anos do Observatório das Autarquias Familiarmente Responsáveis?

Ao longo destes 12 anos, o trabalho feito junto das autarquias tem sido muito positivo. O número de autarquias participantes no inquérito anual cresceu de 38 em 2009 (primeira edição) para 141 em 2019, o que representa mais 45 por cento dos municípios portugueses. Também ao nível do número de autarquias distinguidas como mais familiarmente responsáveis, temos assistido a um crescimento progressivo e sustentado (de 13 em 2009 para 76 em 2019). Recebemos também das autarquias um feedback muito positivo: ao abranger 11 áreas de intervenção (distribuídas por vários departamentos municipais) ajudamos os municípios a tomarem consciência do conjunto e da integração das medidas.

Mas temos a noção de que existe ainda muito trabalho a fazer em prol das famílias. As autarquias como órgãos de poder local, dada a proximidade que têm das famílias, têm uma responsabilidade acrescida na prossecução de políticas que contribuam para o seu bem-estar.

 

Que medidas e iniciativas tem vindo a desenvolvidas para contribuir para que todas as autarquias desenvolvam políticas transversais capazes de acolher e valorizar a Família?

O trabalho desenvolvido com os municípios tem sido muito interessante, porque vai muito mais além do inquérito anual e da distinção. Criámos uma plataforma online de partilha das boas práticas, pública e que pode ser consultada por qualquer autarquia mesmo que não se encontre registada no Observatório, porque acreditamos que esta partilha de experiências é fundamental. Apostamos também em ter relações de proximidade com as autarquias de forma a trabalharmos em conjunto na construção de políticas de família transversais e estáveis ao longo do tempo, e que vão de encontro às necessidades específicas das famílias residentes.

 

Como vê a atuação dos municípios neste período de pandemia e de que forma estes podem estar mais próximos das famílias?

Este ano, com os desafios acrescidos que a situação de pandemia trouxe, as autarquias, uma vez que dispõem de meios e conhecimento essenciais, surgem como atores-chave no processo de contenção e combate ao vírus. Mais do que nunca cabe às autarquias proteger e apoiar as populações, especialmente as mais vulneráveis.

Em abril, o Observatório levou a cabo um levantamento das medidas excecionais de apoio às famílias implementadas pelos municípios portugueses cujos resultados podem ser consultados no nosso site. Este levantamento permitiu-nos perceber como as autarquias se readaptaram e reforçaram o apoio às famílias, através da criação de medidas muito diversificadas em resposta a esta situação de crise. Das medidas mais implementadas destacamos o serviço de entrega em casa de bens alimentares, produtos de primeira necessidade e medicamentos, o fornecimento de refeições aos alunos do 1º escalão em regime de take-away, a criação de linhas de apoio social para pessoas em situação de isolamento e sem qualquer suporte familiar (em especial para a população idosa) e a criação de linhas de apoio psicológico.

 

Qual a visão estratégica do OAFR em termos de futuro?

O objetivo principal do Observatório a longo prazo é que todos os municípios portugueses sejam reconhecidos como mais familiarmente responsáveis. Mas para já gostaríamos que todas as autarquias estivessem sensibilizadas para a importância da implementação de políticas de família globais, integradas e transversais. Políticas capazes de valorizar a família e capazes de garantir às famílias o pleno exercício das suas responsabilidades e competências de forma a prevenir e apoiar situações de risco e vulnerabilidade. No fundo contribuir para ter famílias mais fortes e resilientes.

 

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www.observatorioafr.org

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