Promover a cultura portuguesa através da música

Criado com a missão de estimular a prática da percussão tradicional portuguesa como catalisadora da inclusão social, o Tocá Rufar é um projeto que vale a pena conhecer nesta edição da Revista Business Portugal. Para isso, estivemos à conversa com Rui Júnior, diretor do Tocá Rufar, que em conversa nos deu a conhecer melhor o trabalho desenvolvido e de que forma o projeto se diferencia.

 

Apresentam-se como um projeto modelo de formação artística e cultural. Como surgiu a iniciativa de criar o Tocá Rufar?
O Tocá Rufar surgiu em 1996, quando me foi dirigido um convite para a criação de um evento no âmbito da Programação Prioritária Nacional da Expo’98. O instrumento escolhido foi o Bombo, um instrumento de percussão tradicional português e, na altura, foram mobilizados 800 tocadores oriundos das escolas públicas do Seixal, de Lisboa e Loures que, durante dois anos, trabalharam para a construção do espetáculo. Uma vez realizada a performance na Expo’98 e para que o trabalho de valorização do Bombo, iniciado neste processo, não terminasse por ali, o Tocá Rufar extravasou o seu propósito inicial e constituiu-se como associação, a 29 de março de 1999. A partir daí o projeto passou a responder por uma orquestra de percussão, uma companhia de música, e pelo desenvolvimento de aulas de percussão e formação de orquestra de percussão em todo o país atraindo crianças, jovens e adultos e realizando parcerias com diversas instituições públicas e privadas.

Promover a percussão tradicional portuguesa e do instrumento bombo é o objetivo da Tocá Rufar. Qual a vossa principal missão e em que aspetos se diferenciam?
A nossa missão é estimular a prática da percussão tradicional portuguesa como catalisadora da inclusão social, integrando pessoas de todas as idades. A percussão é utilizada como ferramenta para o desenvolvimento social, despertando, através do Método de Ensino do Tocá Rufar, competências sociais e pessoais nos seus tocadores, ao mesmo tempo que gera neles um sentimento de pertença, no seio de uma prática artística. Desde 2019 que o Tocá Rufar é membro da Rede de Associação e Clubes para a Unesco, reflexo da nossa vertente de investigação, que resultou na realização de cinco congressos nacionais e na candidatura, recentemente submetida à DGPC (Direção Geral do Património Cultural) pela nossa associação, da “Construção e Práticas Coletivas dos Bombos em Portugal” à Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade (UNESCO – Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial – CONVENÇÃO 2003). Este projeto congrega mais de 350 grupos de percussão tradicional portuguesa em sete países.

O método utilizado pela Tocá Rufar assenta na criação de novas ideias e novas experiências. De que forma transportam a criatividade e a originalidade para o vosso trabalho?
Na atual cena cultural portuguesa a realização de iniciativas culturais, como a que o Tocá Rufar, propõe são necessariamente de intervenção sociocultural e assumidamente uma oferta de modelos e práticas culturais alternativas a uma indústria de entretenimento que pouco apela para o desenvolvimento pessoal e social das pessoas e grupos. Inscreve-se, por isso, nos modelos de intervenção sociocultural tendentes ao desenvolvimento da sociedade civil, nomeadamente das suas componentes mais frágeis e mais carentes de atenção. Neste âmbito, o Tocá Rufar propõe a capacitação de indivíduos em termos de técnica e maturidade musical, certificando o desenvolvimento das competências de resiliência, pensamento crítico e criativo, comunicação e autorregulação.

Que ações de Team Building desenvolvem e quais as mais-valias das mesmas?
As nossas sessões de Team Building são ações de formação para empresas, associações e outras instituições e estruturam-se na forma de oficinas de percussão tradicional portuguesa com duração de uma a duas horas, desenhadas especificamente para gerar um sentimento de equipa, promover e potenciar o trabalho de grupo. Para tal, utilizamos os instrumentos e o repertório tradicional e a dinâmica organizacional própria de uma orquestra. No ano passado, em 2019, realizámos perto de 50 ações de Team Building e os relatórios de avaliação refletem satisfação acima das expectativas.

Indique quais os projetos que têm para mostrar a dinâmica da Tocá Rufar.
As nossas atividades centrais, para além da reconhecida Orquestra Tocá Rufar, são as ações de formação, seja no âmbito escolar, seja no Curso Livre da Orquestra Tocá Rufar, sempre de forma gratuita. As nossas formações nas escolas, integradas ao ensino formal, fazem parte do currículo da Área de Expressões e ocorrem em escolas da rede pública para alunos do 3º e 4º anos do 1º ciclo nos Municípios do Seixal e da Moita. Já a formação da Orquestra Tocá Rufar é complementar ao ensino formal, e tem como principais atividades a prática instrumental e a realização de espetáculos resultantes deste investimento na formação musical gratuita de crianças, jovens e adultos, e do desenvolvimento de projetos artísticos para apresentação pública em que os intérpretes são os próprios alunos.

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